sexta-feira, 26 de maio de 2017

UM TRUMP “CLINTONIANO”!


Martinho Júnior | Luanda 

1- A reconversão do republicano Donald Trump ao “estado profundo”, ou seja uma rendição-prostração à aristocracia financeira mundial e ao “diktat” dos termos da globalização neoliberal conforme à hegemonia unipolar, está confirmada agora com a sua primeira visita de estado ao exterior, que começou por um dos estados menos democráticos e mais implicados no caos e no terrorismo internacional: a Arábia Saudita!

De certo modo é a vingança do clã Clinton, a um desamparado Trump que investiu tudo na fugacidade “protecionista” da época eleitoral, quando a corrida é uma corrida de fundo que não permite nem ingénuos, nem alienados, muito menos gente sem escrúpulos cuja “missão” é afinal tornarem-se “sargentos às ordens” dos falcões do costume!

Um Trump “clintoniano” é pior que os próprios do clã Clinton, pior mesmo que a “muito rodada Killary”; explico: a sua proverbial inexperiência, meio buçal, meio alienada, serve como uma maquiavélica luva ao “diktat” dos falcões!

Os falcões não podiam esperar melhor, pois nenhum Clinton atingiu esta craveira à sombra de um tão esclarecedor “the americans first”: a assinatura dum acordo para venda de armas à Arábia Saudita no valor de 110.000 milhões de dólares, armas essas que, por via dos múltiplos sistemas de“transvases” de que as monarquias arábicas sunitas e wahabitas são “useiras e vezeiras” em conformidade com os “costumes da CIA”, (que servem de paradigma aos serviços de inteligência dos Estados Unidos e de todos os vassalos da NATO), irão parar em parte às mãos dos que se propõem disseminar mais caos e terrorismo, mais “revoluções coloridas” e “primaveras árabes” em cima do já existente e onde quer que seja.

O périplo de Trump não podia ser senão “exemplar”: de seguida vai a Israel, para depois ir até à Cidade do Vaticano, à avassalada Bélgica (sede da NATO e da União Europeia) e à “doce” Itália,“matriz” das “redes stay behind” tão úteis aos 1% no seu contínuo afã de dominar o mundo!

Enquanto investido na pele de mais um falcão, há que render visita a todos eles, aos falcões de Israel e aos da NATO (Bélgica e Itália), com um “mea culpa” no Vaticano próprio dum confessionário cínico e hipócrita até à medula, quiçá para rebuscar a doutrina e a ideologia do “Le Cercle” dos tempos da “Guerra Fria” (na tentativa de a reconverter) em nome da “civilização judaico-cristã ocidental”, provavelmente para que a Igreja Católica Apostólica Romana seja menos“franciscana” e venha a abençoar todo o caos e terrorismo que vem pela frente.

2- … E o caos e terrorismo já não se distende só pela Europa do Leste, pelos Balcãs, pelo Cáucaso, pelo sul da Ásia, por alguns focos na Oceânia e por África (continuo a afirmar que se está em plena IIIª ou IVª Guerra Mundial, como o queiram): agora com um Trump “clintoniano” toda a América Latina está a mercê dos falcões e dos seus agentes facilmente recrutados em qualquer oligarquia de feição, a latino-americana incluída!

A oligarquia de feição na Venezuela Bolivariana, aninhada na coligação MUD, funcional desde 2008, uma coligação que mais parece um ninho de gatos, está na vanguarda das opções dum Trump “clintoniano” para a América Latina, verificável até no papel do “Ministério colonial” que é a servil Organização dos Estados Americanos, OEA!

De há 50 dias que as acções violentas nas ruas das principais cidades da Venezuela ocorrem, multiplicando as “praças Maidan” na persistente tentativa de introduzir o fascismo engendrado pelas políticas neoconservadoras e neoliberais, já reconhecidas em tantos lugares e recentemente reeditadas em França, em função do engodo duma eleição representativa à mercê dos interesses dos falcões!

Por outro lado, enquanto em Pequim se celebra o início do “Belt and Road” que se distende antes de mais pelo maior continente da Terra, o continente euro-asiático, como o único programa geoestratégico global que se levará a cabo por via duma “globalização inclusiva” durante o século XXI, o “falcão à força” (?) insiste no enquistamento da resistência da hegemonia unipolar na Europa, no Médio Oriente e na América latina, onde agora tenta lutar contra o tempo e subverter os progressos alcançados desde os finais do século passado, em prol da independência, da soberania, do aprofundamento da democracia, da integração, da solidariedade e da inclusão entre os povos, as nações e os estados latino-americanos!

Resistir na Venezuela Bolivariana e em todos os países da América Latina aspirantes à independência, à soberania, ao aprofundamento da democracia, ao progresso e à possibilidade de lutar contra o subdesenvolvimento crónico que advém do passado.

Resistir está inerente à lógica com sentido de vida que é a única opção para uma humanidade ávida de paz e por isso é necessário ganhar-se a consciência do que efectivamente é preciso em benefício de todos os povos da Terra, algo que nada tem a ver com os interesses dos falcões que, sentindo perder terreno, só se importam em semear caos, terrorismo, tensões, divisões, conflitos e guerras, ou não fosse para isso que existem as mais de 800 bases dos Estados Unidos espalhadas pelo planeta!

A Venezuela Bolivariana dá o exemplo da resistência vital que é necessário levar a cabo e por isso só existe para com ela uma opção: pela vida do próprio planeta, pela paz, pelo aprofundamento da democracia, pela Constituinte, nem mais um palmo de espaço sócio-político dominador e enganador ao MUD, ou de chão para uso e abuso dos falcões, sabendo que o Comando Sul do Pentágono não está satisfeito com as bases que até agora espalhou até ao cone sul do continente americano!... 

Ilustrações: Um Trump “clintoniano”; Um Trump “parceiro” da Casa Saud, em nome dum remoto “the americans first”; O símbolo sempre presente do Departamento da Defesa em socorro dos falcões; O símbolo do South Command, o dispositivo do Pentágono permanentemente implicado contra o progresso da América Latina; A CELAC, uma das organizações progressistas latino-americanas empenhadas contra a hegemonia unipolar, em nome da paz, da integração, da solidariedade e da dignidade.

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