Falha de comunicação levou mais de onze horas a resolver nos incêndios de 2016, cinco das quais para reconfigurar rede.O primeiro-ministro quer explicações urgentes sobre o que correu mal nas comunicações na noite de sábado em Pedrógão Grande, mas as falhas não são novas. No Sardoal, em agosto de 2016, foram necessárias mais de onze horas para a rede nacional de emergência e segurança (SIRESP) – que liga forças de segurança, bombeiros e proteção civil – estar totalmente operacional.
Num relatório do próprio SIRESP enviado à comissão municipal de defesa da floresta do concelho do Sardoal, a que o Correio da Manhã teve acesso, pode concluir-se que as comunicações falharam durante mais de 11 horas durante os grandes incêndios que afetaram o Sardoal em agosto de 2016. A falha foi detetada às 18h21 de dia 23. Às 22 horas, a Proteção Civil pediu uma ligação de Estação Móvel para reestabelecer as comunicações do SIRESP.
O pedido é feito ao Centro de Operação e Gestão que, por sua vez, a solicita à PSP. As ligações fixas do SIRESP tinham sido afetadas pois um dos cabos ardeu. Tal como terá acontecido no incêndio de Pedrógão Grande, em que vários cabos de ligação do SIRESP ficaram queimados.
Em agosto de 2016, a dita estação móvel só chegou às 04h45 de dia 24 ao Sardoal. E o problema não acaba aqui: as autoridades perceberam que era necessário reconfigurar o sistema, processo que durou cinco horas e só terminou às 11h06 de dia 24, impedindo várias comunicações por rádio. No documento, o SIRESP faz recomendações, admite que houve “saturação de rede” e pede contenção no número de utilizadores. O secretário de Estado da Administração Interna admitiu no domingo que o SIRESP falhou momentaneamente.
Mas o SIRESP não é um sistema qualquer, é a alternativa de comunicações quando tudo o resto falha, por isso custou 270 milhões de euros até 2014 e foi alvo de renegociação ainda em 2015. O CM questionou o Ministério da Administração Interna, mas não obteve resposta em tempo útil.
“Temos 30 corpos em 400 metros. Algo aconteceu ali”
O primeiro-ministro exigiu esta terça-feira saber por que razão não foi cortada a EN236, a estrada da morte que levou 47 vidas, na noite de 17 de junho. O despacho do governante, enviado à GNR, Instituto Português do Mar e da Atmosfera e à Proteção Civil já foi respondido pela Guarda, garantiu ontem António Costa, em entrevista à TVI, lendo essa mesma resposta. “Não houve nenhuma instrução para o encerramento da via porque a ameaça nesse local surgiu de forma repentina e inusitada.”
Costa foi mais longe e desabafou: “Temos 30 corpos encontrados em 400 metros.” “Isso mostra que algo especial aconteceu ali”, acrescentou o governante, lembrando que, por alguma razão, “as pessoas se teriam sentido seguras a ir por ali”. O primeiro-ministro assegurou ainda que mantém “toda” a confiança na ministra da Administração Interna. A resposta oficial da GNR ao CM é mais cautelosa: “As forças da Guarda no terreno estão concentradas na proteção e socorro das populações. Oportunamente e como é habitual, todos os procedimentos adotados serão devidamente avaliados.” Várias testemunhas relataram ao CM que foi a GNR a encaminhar condutores para a EN236
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Idem BPS
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