Enquanto dormia...
... a Coreia do Norte diz ter lançado com sucesso o seu primeiro míssil balístico intercontinental aumentando ainda mais a tensão com os EUA. A defesa americana confirma apenas que se tratou da um projétil de médio alcance. Mas Trump já reagiu (no Twitter, claro) perguntando "Nada melhor para fazer?".
A provocação norte-coreana surge, segundo o Finantial Times, em resposta à agenda de Trump para a cimeira do G20. O New York Times avança que Trump vai dizer à China que se não tiverem apoio, os EUA tratarão sozinhos da Coreia do Norte. A CNN diz que o presidente americano já ligou aos presidentes chinês e japonês a dar conta da sua estratégia.
Por cá, o relatório da primeira comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos (que será apresentado às 10h00) tem conclusões... políticas. Segundo a TSF, o PS acusa o Banco de Portugal e o governo de Passos de terem capitalizado a CGD "pelos mínimos" obrigando depois à injecção de capital decidida pelo executivo socialista. E conclui que não houve pressões políticas na concessão de créditos.
As regras da ADSE vão voltar a mudar. O Público avança que os novos beneficiários terão um período de carência de 90 dias.
Medina Carreira, a voz incómoda do regime que recusava o rótulo de pessimista, morreu ontem à noite aos 85 anos. Foi subsecretário de Estado do Orçamento de Pinheiro de Azevedo, ministro das Finanças de Mário Soares, apoiante de Cavaco Silva e tornou-se depois um comentador muito duro e crítico nas análises. Mas era também o homem que tinha pena de não ter netos para levar às cavalitas. O amigo que Costa herdou do pai. Ficam algumas das frases da sua vida.
Outra informação importante
As suspeitas do assalto em Tancos seguem a pista das missões no Médio Oriente dos militares com ligações aos paióis, o que adensa a hipótese de terrorismo. O Pedro Raínho revela os detalhes da investigação e os pormenores do assalto: foi tudo preparado ao milímetro, havia uma lista de armas a roubar, usaram uma carrinha de mercadorias e as armas foram carregadas às costas durante 500 metros.
Tancos pôs os militares contra o governo. Na página de Facebook da Associação de Oficiais das Forças Armadas multiplicaram-se as críticas públicas (algo raro quando falamos de Forças Armadas) à gestão política do assalto aos paióis e foram denunciados os cortes estruturais e a redução de efetivos. Mais: foi marcado um protesto muito pouco habitual: um grupo de oficiais vai depor espadas em frente à Presidência da República, uma manifestação que Loureiro dos Santos diz que só acontece “em situações extremamente graves”.
Nos jornais de hoje, o DN avança que a segurança dos depósitos de armas militares será reforçada e vai regressar ao que se fazia nos anos 80, com mais rondas e militares com armas municiadas. Porque, explica o JN, os militares de serviço aos paióis têm armas sem munições. O CM diz que as embaixadas de todo o mundo estão a pedir esclarecimentos urgentes a Lisboa.
O roubo de armas dominou também o debate político. Ao ponto de António Costa ter de justificar o seu período de férias em comunicado e de Marcelo o ter de apoiar. Antes o Presidente tinha ouvido Assunção Cristas tomar a liderança da oposição sobre este caso e pedir a demissão de dois ministros, o da Defesa e da Administração Interna. Constança Urbano de Sousa que se viu mesmo obrigada a desmentir uma notícia do El Mundo segundo a a qual teria informado as autoridades espanholas de que se tratou de um roubo ligado ao "crime organizado"e não ao terrorismo.
Santos Silva, que está a substituir António Costa à frente do executivo, garantiu entretanto que Portugal está a tentar reaver as armas roubadas. Claro que o MNE não explicou como tal será possível.
No meio de tanta informação, entre as polémicas e os factos, eis o que já se sabe e o que ainda falta ainda saber.
Os juizes também estão em tensão máxima com o governo. Numa carta aberta a António Costa, acusam a ministra da Justiça de estar "completamente manietada pelas Finanças", e explicam porque desistiram de negociar e insistem em greve.
Manuel Pinho foi constituído arguido no caso EDP. Mas diz que vai pedir a nulidade da decisão por não ter sido informado dos indícios que o Ministério Público tem contra si. O CM diz que a justiça está a analisar as suas contas bancárias.
As chamas continuam a consumir o país: um fogo entre Abrantes e Tomar fez ontem dez feridos, dois deles graves. Entretanto já chegaram os números da tragédia de Pedrógão: 47 mil hectares ardidos, 497 milhões de prejuízos e um rasto de destruição que pode conferir nestes quatro gráficos.
Na atualidade económica, duas notas: os espanhóis da Gas Natural querem uma fusão com a EDP; e a União das Misericórdias diz agora que está aberta a entrar no Montepio, desde que este se torne um um banco de economia social.
Os nossos especiais
Vem aí um Robocalypse Now no trabalho? Os robôs e as máquinas vão mesmo fazer desaparecer milhões de empregos? O Nuno André Martins ouviu especialistas, cruzou relatórios e acabou nas conclusões de um estudo com dados de 28 indústrias de 19 países, Portugal incluído. Que dizem que ainda não é altura para temer esta revolução. Mas que é preciso estar atento.
O Nuno entrevistou também os autores desse estudo. David Autor, um dos melhores economistas de trabalho do mundo e professor no MIT, e Anna Salomons, economista da Universidade de Utrecht. Eles dizem que "os robôs não nos roubaram empregos, mas que quem tem menos qualificações está cada vez pior".
A nossa opinião
Rui Ramos escreve sobre Pedrógão Grande e Tancos: "O Estado, numa evolução que culminou com o actual governo e a sua maioria, existe sobretudo para distribuir rendimentos a potenciais votantes, mais do que para proteger vidas ou garantir serviços".
José Manuel Fernandes também já tinha deixado a sua opinião sobre os mesmos temas em vídeo: deu-lhe o título de "governar por focus group".
Paulo Trigo Pereira escreve também sobre estes casos e a cultura organizacional do Estado: "Não se trata apenas de mais despesa, trata-se de melhor, mais prioritária e mais célere despesa. Nada disto se resolve por si com a demissão de ministros e pode mesmo ser agravado no curto prazo".
Laurinda Alves escreve sobre Lisboa: "Em plena campanha, Fernando Medina diz que precisa de todos, mas não explica como nos vai ajudar a todos a viver numa cidade melhor. Ou se vai continuar a empurrar os lisboetas para fora de Lisboa".
José Milhazes escreve também sobre incêndios e o roubo de armas: "Porque é que o incêndio de Pedrogão Grande não levou a demissões e o desvio de armas de Tancos já levou ao afastamento de cinco oficiais? Será que os militares são mais culpados do que os civis?".
Paulo Sande escreve sobre a prevenção de tragédias em "8,9 na escala de Richter": "Há coisas verdadeiramente inevitáveis. Mas o rigor na prevenção, o realismo na planificação e a persistência na acção são cruciais para minorar as consequências das tragédias, até as mais inevitáveis".
Notícias surpreendentes
"Despacito"... presumo que saiba do que estou a falar. Aquela canção que anda há um ano na boca de toda a gente e cujo refrão nos põe irritantemente a trautear... Isso. Pois a Marta Leite Ferreira pegou no telefone e do lado de lá atendeu diretamente o seu autor, Luís Fonsi. Durante 18 minutos o porto-riquenho que tem dois concertos em Portugal contou-lhe como compôs o tema que já bateu todos os recordes. Aconteceu tudo em apenas quatro horas. Tem também em vídeo o resumo da conversa.
Um livro da Comunidade Céptica Portuguesa descontrói aquilo que considera serem os mitos da homeopatia. Um dos avisos: "Não se deixe enganar" com detox milagrosos para os pés.
Já agora, duas histórias de 'gossip' social: uma sobre as escolhas de roupa de Shakira; e outra sobre os nomes dos gémeos de Beyoncé, que são marca registada (pois, o mundo dos famosos é assim).
Para o fim quero deixá-lo com um sorriso. Porque as autárquicas são só em outubro, mas não faltam já tesourinhos de campanha pelo país. Ora espreite e veja se consegue manter-se sério.
Já sabe, vá passando pelo Observador para ter toda a informação do dia e também histórias com que possa sorrir.
Boa terça-feira, feliz e produtiva
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