Jornal de Angola | editorial
Hoje sucede o ponto mais alto da 29.ª Cimeira Ordinária de Cúpula da União Africana, em Adis Abeba, Etiópia, com a reunião dos Chefes de Estado e de Governo da mais importante organização continental, que decorre sob um sugestivo tema, "Aproveitando o Dividendo Demográfico através de Investimentos na Juventude".
Na verdade, tratam-se de dois factores com grande potencial de influenciar ou mesmo determinar o futuro do continente. Numa altura em que numerosas regiões do mundo debatem-se com um acelerado envelhecimento da sua população, afectando particularmente aquela economicamente activa, África pode dar-se ao luxo do seu dividendo demográfico maioritariamente jovem. É bom saber que as lideranças continentais não perdem de vista aquele importante activo, o dividendo demográfico, razão pela qual se propõem a investir na juventude.
O nosso país, que acaba de eleger a magistrada da Procuradoria-Geral da República, Manuela Teresa, para a Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, está representado por uma numerosa delegação, chefiada pelo ministro da Defesa Nacional, João Lourenço, em representação do Presidente da República, José Eduardo dos Santos. Atendendo ao momento por que passa o continente, caracterizado pelo empenho incessante na busca da paz, estabilidade, democratização e progresso económico, não há dúvidas de que a mensagem do representante do Chefe de Estado vai incidir sobre aqueles grandes temas. A experiência de Angola, no seu modesto papel e empenho para que a paz e a estabilidade se efectivem em toda a África, vão seguramente fazer parte da intervenção do ministro da Defesa Nacional. É bom saber que as lideranças continentais não perdem de vista aquele importante activo, o dividendo demográfico, razão pela qual se propõem a investir na juventude.
O continente vive, hoje, desafios múltiplos para materializar numerosos compromissos e tornar efectivo o funcionamento da organização e algumas apostas passam inevitavelmente pela necessidade do devido financiamento, a começar pela quotização. Mas há outros desafios que constam igualmente da agenda dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana, a criação nalguns locais e a consolidação da Zona de Livre Comércio. O orçamento da União Africana constitui ainda um desafio na medida em que, infelizmente, nem todos os Estados participam como devem e em tempo útil, o que compromete metas e realizações a que a organização continental se propõe. É verdade que existem dezenas de problemas mais imediatos com os quais numerosos Estados membros da União Africana se deparam, nomeadamente a pacificação e estabilização, razão pela qual uma participação efectiva nos compromissos da organização continental acabam sempre por sofrer alguns abalos. Numa altura em que o lema desta importante cimeira tem como foco principal, o factor dividendo demográfico e os investimentos na juventude, vale prestar-se a devida atenção a estas variáveis. E porque, acreditamos nós, o futuro do continente passa invariavelmente pelo devido acompanhamento e investimento da expressiva população jovem, a concepção de planos, decisão política e outras opções devem ser ponderadas agora.
Há uma evolução significativa nos esforços para a busca da paz e, independentemente de alguns sinais de instabilidade nalgumas regiões e países africanos, mudaram-se muitos paradigmas. A busca da paz com os resultados que conhecemos mostra que, cada vez mais, os procedimentos e modalidades encontrados pelos Estados africanos, pelas organizações continentais e sub-regionais ganham alguma consistência. O diálogo e a concertação, acompanhadas da devida reinserção e reabilitação política, passaram a ser referências importantes na busca de solução para os casos de instabilidade política e militar.
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