terça-feira, 4 de julho de 2017

Tancos não é terror, mas é pressão/ Adeus a Medina Carreira/ Um míssil da Coreia

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Enquanto Dormia
 
David Dinis, Director
 
A Coreia do Norte lançou um novo míssil, o primeiro intercontinental, capaz pela primeira vez de atingir a América. E Trump foi para o Twitter dizer isto: "Será que este tipo não tem nada melhor para fazer?"
Foi detido mais um aliado de Michel Temer. O ex-ministro Geddel Vieira Lima é suspeito de tentar obstruir a Justiça brasileira.
O negociador do Brexit tem uma opinião sobre a UE: "Tem de ser totalmente desmantelada". A frase foi dita numa conferência em 2010, mas só esta noite foi revelada pelo The Independent. Os trabalhistas apressaram-se a pedir a sua demissão.
Por cá, tivemos a notícia da morte de Medina CarreiraOs tributos chegaram de todos os quadrantes políticos. Mas nenhum lhe faz tanta justiça como este texto que escreveu o Vítor Costa, ontem à noite: "Muito crítico da classe política em geral, era sempre cáustico em relação ao modo de vida dos portugueses. “É legítimo que uma sociedade diga: 'quero ser pobre, não estou para me chatear, gosto de pontes, de praia, de sol e de sardinha assada'. O que não é inteligente é dizer que, depois disto, queremos viver como os suecos ou como os alemães”. Que descanse em paz. 

Notícias do dia

Começando por Tancos. Não sai Azeredo Lopes, nem sai Constança Urbano de Sousa. Ontem à noite, o primeiro-ministro-em-funções segurou os dois ministros mais contestados do momento. Santos Silva disse-o à noite, na RTP2, aparentemente, em nome de António Costa (que ontem fez um comunicado justificando porque está de férias). Tudo isto já depois de Marcelo ter confirmado que é com o MNE que tem falado sobre o roubo, de Assunção Cristas ter exigido a demissão dos dois ministros - e depois do anúncio de um protesto de militares contra a forma como o caso está a ser gerido.
A verdade é que o Verão está a ser quente para António Costa. Com críticas da direita à esquerda. Vejam o que diz o João Miguel Tavares ("a vaca deixou de voar"), Paulo Rangel (" já só se vê um Governo intermitente"), chegando a Francisco Louçã, que deixa um aviso: "É tempo de o governo acordar". O que o jornal i conta é que, também no PS, já se fala de remodelação.
Relativamente ao roubo, as pistas apontam agora para crime organizado (e não para terrorismo). E também para um problema sério de segurança: os militares de serviço aos paióis de Tancos andavam sem munições, diz hoje o JN. Agora, depois do roubo,o método de vigilância voltou aos anos 80, anota o DN.

(A propósito, vale a pena ler o que diz o deputado do PS Ascenso Simões sobre tudo isto: "O Parlamento vai discutir as armas roubadas em Tancos. Mas não discute a casa em que vive, a insegurança em que se encontra")
No plano político, vem um outro aviso do Bloco"Vamos ter um outono mais animado do que seria necessário", diz à TSF o líder parlamentar Pedro Filipe Soares, explicando que a esquerda está muito longe de um acordo no Orçamento. Já no sábado o tínhamos dito aqui: a tragédia de Pedrógão congelou as negociações.
Pelo meio há problemas que permanecemo protesto dos enfermeiros vai alargar-sea greve dos farmacêuticos está marcadaos juízes pedem a intervenção de Costa (vendo a ministra "manietada"). Isto enquanto o país faz as contas aos prejuízos de Pedrógão e vai sustendo a respiração com cada incêndio (os de ontem fizeram nove feridos). Hoje, aliás, está tudo de prevenção.
E outros que aparecem: segundo o Ecodemitiu-se o presidente do Banco de Fomento.
O Governo vai tentando... governar. Na ADSE, eis as propostas em cima da mesa e a notícia que sai das alterações em curso: os novos beneficiários da ADSE terão período de carência de 90 dias, conta a Raquel Martins. Na Cultura, anunciam-se mudanças no 
Fora da esfera do Governo, há críticas no Montepio ao último aumento de capitalconta a Cristina Ferreira.
E também um relatório do inquérito à CGDque aponta culpas à crise (e também a Passos, visto que vem do PS). 
No caso EDP, anote o que aconteceu com Manuel Pinho: o ex-governante não foi interrogado, como nenhum arguido foi até agora; o juiz não autorizou o mais recente pedido de buscas; mas esperam-se mais arguidos para os próximos dias.

A agenda de hoje
  • O Presidente da República visita Castanheira de Pera, na companhia do ministro-Adjunto, Eduardo Cabrita;
  • A Comissão de Defesa vota a chamada do ministro da Defesa e do Chefe do Estado Maior do Exército, para explicarem o roubo de material de guerra de dois paoilins em Tancos;
  • A ministra da Justiça reúne-se com o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público.
  • Começa 34.º Festival de Almada.

Saber mais

Como Macron promete virar França do avesso num ano. O Presidente francês reuniu a Assembleia Nacional e o Senado em Congresso em Versalhes, algo inédito em início de mandato, para anunciar os seus planos de transformação do país, que considera uma exigência dos franceses que nele votaram. Num ano, promete completar a reforma das instituições, incluindo reduzir em um terço o número de deputados e introduzir alguma proporcionalidade nas eleições legislativas. E prometeu avaliar tudo daqui a um ano. Clara Barata, explicas o plano?
Como é que as notícias falsas se tornam virais? Uma notícia falsa tem as mesmas hipóteses que uma verdadeira de ser um sucesso nas redes sociais - e nós espantamo-nos com isso. Mas ninguém está livre de se perder no mesmo erro. Boa notícia: um artigo publicado na revista Nature Human Behaviour explica-nos porquê. E a Andrea Cunha Freitas explica-nos como o evitar.
O grande sedutor volta a mostrar as mulheres que vale a pena pintar. Modigliani trocou Florença e Veneza por Paris, porque era lá que tinha de estar se queria ser artista. E foi, apesar do álcool e das drogas. Mais do que um filme, a sua vida dá uma ópera — e a sua obra, muitas exposições. À Tate Modern, em Londres, chega em Novembro mais uma retrospectiva, que ainda impressiona a Lucinda Canela.
Hoje quem cozinha é o chef. É mais do que pedir uma pizza. É sentar-se com os amigos e não se preocupar com nada. A experiência de chamar um chef ao domicílio está a crescer em Portugal. Bárbara, é tão bom como parece?

Acho que nunca lhe falei disto:

Aqui, num cantinho do PÚBLICO, a Rita Pimenta convida autores, ilustradores, tradutores (e às vezes os filhos deles) para nos emprestarem a voz. São livros para escutar (e ver), mas que não substituem a leitura em papel. Diz-nos a Rita que nas versões mais antigas só gravava as vozes. Nas mais recentes, já se filmaram as leituras - mas as ilustrações estiveram sempre por lá. Deixo-lhe o caminho traçado até eles, para ouvir agora, na viagem até ao trabalho. Ou mais logo, quando chegar a casa e se juntar aos seus.
Letra Pequena, o blogue que a Rita acarinha, agradece sempre aos leitores por estarem aí desse lado. Eu também tenho gosto em fazê-lo: tenha um bom dia, se possível de sorriso nos lábios. E volte sempre - nós mantemo-lo actualizado.
Até já!

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