terça-feira, 4 de julho de 2017

FOI O RAIO DA EDP | Há uma outra pista para o início do incêndio em Pedrógão Grande


Na última semana surgiu um novo elemento sobre o ponto de ignição. Afinal, o raio causador do incêndio não caiu em cima de uma árvore. Terá atingido primeiro os cabos de média tensão que passam na zona de Escalos Fundeiros e só depois foi conduzido para um castanheiro, onde o fogo começou. O IPMA, por sua vez, diz que não caíram raios naquela zona na altura do início do incêndio

Em Escalos Fundeiros, ponto zero do incêndio, a investigação à origem do fogo está praticamente terminada. A Polícia Judiciária garante que falta apenas meia dúzia de diligências para consolidar o que já é dado como certo: “começou com uma trovoada seca, havendo 100% de certeza de que não houve mão criminosa”. Porém, na última semana foi somado um novo elemento ao ponto de ignição. Afinal, o relâmpago causador do incêndio não terá caído diretamente em cima de um castanheiro. A descarga atmosférica terá atingido primeiro os cabos de média tensão que passam no local, com 15 mil volts. Daí, o raio terá sido conduzido para a árvore.

No ponto de impacto do raio, a linha ficou parcialmente descarnada, tendo ido para análise laboratorial para que se obtenha um resultado mais definitivo. A sequência de eventos determina que no relatório final da PJ o incêndio de Pedrógão venha a ser classificado como tendo origem em “causa acidental de origem natural ligada a trovoada seca”.

Nas primeiras fotos do incêndio, tiradas por Daniel Saúde, que passava o fim de semana na quinta que tem naquela localidade de Pedrógão Grande, é possível ver os cabos elétricos junto às chamas que ainda começavam. Foi ele quem ligou para ao 112 às 14h38, quando viu fumo a surgir no horizonte, acionando os primeiros bombeiros da corporação de Pedrógão Grande.

O raio que iniciou o incêndio não foi visível. Nem o trovão ressoou no vale, como é costume em dias de trovoada, secas ou molhadas, o que levou os populares de Escalos Fundeiros a desconfiar da tese inicial da Polícia Judiciária, que ouviu Daniel na quarta-feira.

A adensar mais o mistério sobre o ponto zero do incêndio surgiu na sexta-feira o relatório do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), pedido por António Costa, no qual se conclui que não houve descargas elétricas atmosféricas na zona de Escalos Fundeiros às 14h43, hora registada como o início do fogo. Nessa zona, os primeiros raios apenas se registaram a partir das 17h37.

Hugo Franco | Raquel Moleiro | Expresso | Foto Rui Duarte Silva

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