Solução para tornar a via mais navegável avança este mês. Há 20 anos que não são retiradas areias acumuladas. Inertes vão reforçar margens e proteger a costa
O desassoreamento da ria de Aveiro, há muito reclamado na região, já tem dinheiro para sair do papel. O investimento de 23,4 milhões de euros terá apoio comunitário. A candidatura foi aprovada na última semana e garante uma comparticipação de 75% (17,6 milhões). Os restantes seis milhões serão custeados pela Polis Ria de Aveiro, sociedade que se extingue no final das obras. O Ministério do Ambiente explica que a primeira empreitada, no canal de Mira, será lançada ainda este mês. A segunda avança em outubro.
Serão extraídos 955 mil metros cúbicos de areia da ria. É uma notícia há muito esperada pela população, municípios e clubes náuticos da região, críticos com o facto dos inertes impedirem a navegação. "O acumular dos sedimentos ao longo dos últimos 20 anos em que não houve intervenções fez com que um conjunto de canais interiores da ria perdessem a navegabilidade. Estes inertes são também nefastos para a riqueza ambiental da ria", que vê a vegetação autóctone ser substituída por infestantes. "Por tudo isto, esta intervenção é muito importante", afirmou o ministro do Ambiente, Matos Fernandes.
O governante adiantou que os inertes terão dois destinos: "o reforço das margens da ria de Aveiro, prevenindo cheias, e o reforço do cordão dunar no litoral" entre a Costa Nova (Ílhavo) e o Areão ( entre Vagos e Mira). Essa condição "foi essencial" para a aprovação da candidatura no Programa Operacional da Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos (POSEUR), que avançará com 17,6 milhões de fundos de coesão.
Duas empreitadas até 2019
A intervenção localiza-se nos canais de Ovar até ao Carregal, de Ovar até Pardilhó, da Murtosa até ao Chegado, de Mira, de Ílhavo, nos canais do Lago do Paraíso e nos canais centrais. Abrange os município de Ovar, Estarreja, Murtosa, Albergaria, Aveiro, Ílhavo e Vagos.
A primeira obra de desassoreamento será no canal de Mira, prevendo-se o depósito dos sedimentos no mar e nas margens do canal. Custará 4,8 milhões de euros. A empreitada será lançada este mês, a adjudicação ocorrerá no último trimestre deste ano, ficando concluída no final de 2018. A segunda empreitada, para os restantes canais, representa um investimento de 17 milhões. Será lançada em outubro, adjudicada no primeiro trimestre de 2018 e concluída no final de 2019.
"A obra no canal de Mira avança primeiro, porque o licenciamento e o projeto estão concluídos", explicou o ministro. A intervenção prevê, ainda, o balizamento e a sinalização dos canais de navegação da ria de Aveiro.
Proteção do litoral: Quatro intervenções na Região Centro
A intervenção na ria de Aveiro, recorda o ministro João Matos Fernandes, é uma das quatro grandes intervenções que estão ou vão ser feitas na Região Centro. "Esta da ria de Aveiro é a maior de todas, estamos a falar de um investimento da ordem dos 23 milhões de euros. Mas também no rio Mondego, em frente a Coimbra e a jusante: são 19 milhões de euros, mas neste caso a Câmara é também dona de uma das empreitadas. Mas também na Barrinha de Esmoriz, em Ovar, que já está muito avançada, que são cerca de 3,4 milhões de euros. E na Barrinha de Mira, que serão 600 mil euros. A obra vai iniciar-se assim que acabar a época balnear", revela o ministro. Todas elas, frisa, têm a ver com o desassoreamento e com a adaptação às alterações climáticas, nomeadamente na proteção do litoral, "o que estamos a retirar da Barrinha de Esmoriz e da Barrinha de Mira e, essencialmente, agora da ria da Aveiro, é quase tudo para depositar nas praias para reforçar o cordão litoral numa das zonas onde a erosão do país é mais evidente".
Fonte: JN
Foto: DR
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