Através deste simples gesto – o abraço – conseguimos sentir a proximidade do outro e identificá-lo como um semelhante. No fundo, é reconhecer sem falar, que somos todos iguais e que estamos juntos no caminho, em sintonia e comunicação.
As crianças parecem sabê-lo melhor que ninguém: quando se magoam procuram de imediato o abraço reconfortante da mãe ou do pai que, de forma instantânea, parece curar o mais feio arranhão. Outra situação espontânea que faz surgir o abraço é quando alguém que nos é querido está em sofrimento.
Aliás está provado cientificamente que, mesmo quando não há ninguém por perto para nos abraçar ou para abraçarmos, podemos obter algum conforto abraçando uma almofada, um animal de estimação, um peluche ou mesmo uma árvore.
A tendência não é recente: a psicoterapeuta norte-americana, conhecida sobretudo pela sua abordagem de terapia familiar, Virginia Satir, já defendia em meados do século passado, que “precisamos de quatro abraços por dia para sobreviver, de oito por dia para nos manter e de 12 abraços para crescer.”
Investigações mais recentes da Universidade da Carolina do Norte parecem comprová-lo ao demonstrarem que, mesmo sendo breve – e bastam apenas 20 segundos – um abraço dado pelo parceiro ou por um amigo pode ajudar não só a reduzir os níveis de cortisol, que contribuem para o stress, mas também a reduzir a pressão arterial.
Miguel Bento, terapeuta na área da bioenergética, confirma: “Nós somos seres sociais que precisam do reconhecimento, ainda que silencioso, de outro ser humano, para que a nossa própria vida faça sentido. Precisamos de entrar em conexão com o outro, do toque, e não o andamos a fazer”. E, acrescenta, “na minha opinião, há hoje uma falsa sensação de proximidade muitas vezes promovida pelas redes sociais e esquecemo-nos de estar realmente com os outros”.
Pela sua experiência diz que por vezes abraçar chega a ser doloroso, porque obriga as pessoas a estarem também com elas próprias. No entanto, é fundamental pois faz-nos crescer. “Já trabalhei com crianças em diversos ATL de Lisboa e posso garantir que aquelas que têm menos meios financeiros para brincar com consolas ou estar ao computador, pelo que convivem mais uns com os outros, são muito mais evoluídas a nível físico e emocional”.
Exemplos do mundo
Em 2004, um australiano conhecido pelo pseudónimo “Hugo lloris” atreveu-se a segurar um cartaz que dizia “Free Hugs” (abraços gratuitos), numa praça pública. Teve de esperar que alguém aceitasse a sua oferta, mas, com o desenrolar do tempo, acabou por criar a “Free Hugs Campaign”. Desde aí, um pouco por todo o mundo, inclusive em Portugal, há grupos que no Natal, por exemplo, junto a centros comerciais, abraçam quem passa, demonstrando que provavelmente esta manifestação de afeto fará os outros mais felizes do que qualquer presente. Agora que o sabemos, é só praticar.
Até porque motivos não faltam: o abraço liberta ocitocina no sangue, hormona responsável pelo fortalecimento de laços entre as pessoas. Também reduz o stresse e a pressão arterial e não há nada melhor para diminuir a ansiedade. Um abraço pode mudar a vida a qualquer pessoa ao quebrar o esquema mental de um dia menos agradável, devolvendo ao outro a sensação de felicidade. E, sobretudo, faz-nos sentir bem.
Como os nossos corpos estão cheios determinações nervosas, ao tocarmos noutro corpo estamos a permitir a satisfação de um desejo subconsciente que é o do toque.
‘Free Hugs’ em Portugal
Desde 2012 que o Happiness Club de Leiria tem levado a cabo o “Leiria Happiness Day“. Esta iniciativa tem lugar todos os anos, a 22 de maio, dia da cidade, e tem convocado milhares de pessoas. Com uma equipa de 70 voluntários (em média), este evento já gerou em apenas dois dias cerca de 9.450 abraços grátis, alguns smiles gigantes em Leiria, concursos de gargalhadas muitas outras atividades divertidas.
Lisboa também tem – esta segunda-feira, 22 de maio, e desde as 10h00, no Areeiro– uma iniciativa a decorrer neste âmbito. Mais do que celebrar a data, a Junta de Freguesia pretende combater a exclusãoe oisolamento social. O apresentador da SIC, João Paulo Sousa, é o padrinho da iniciativa e irá passar pelas avenidas de Roma, João XXI, Guerra Junqueiro e Praça de Londres.
Fonte: Delas.pt
Idem Portal do Budismo
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