Ignorante
enriquecido
(Como?
Ninguém o sabia
Nem
tratava de o saber.
Pois
basta dinheiro ter.
Pouco
importa como havido…)
Não
poucas vezes dizia
A
um homem muito instruído.
Pobre,
porém, como Job:
-
«Eu cá nunca vi um só
De
vocês, meu sabichão.
Que
sem tretas.
Pelas
letras
Conseguisse
farto pão.
Embora
sábio, você
Anda
a pé
Com
a bolsa oca.
Fazendo
cruzes na boca.
Eu
serei grande ignorante.
Nem
o nego: não obstante-
Rodo
num belo carrinho:
O
bom vinho
E
os guisados.
Ainda
os mais delicados.
Nunca
me falam na mesa:
Tenho
as casas mobiladas
Com
todo o luxo e grandeza.
Meus
criados e criadas
Passam
melhor que você
Nas
suas águas-furtadas.
Por
tudo isto se vê
Que
a enfadonha maçada
Desse
estudar
A
matar
Vale
pouco ou vale nada.
O
caso e aproveitar
As
boas ocasiões;
Tudo
o mais são maranhões.
Decorridos
poucos anos.
Sobrevêm
perdas, mil danos
Ou
não sei lá o que fosse.
E
acabou-se
Do
dito Creso a riqueza
Entra-lhe
em casa a pobreza
E
da Casa o faz sair.
E
subir.
Mau
grado seu, quatro andares
Para
esconder seus pesares
Nunca
triste água-furtada.
Qual
a que fora habitada
Pelo
sábio pobretão;
A
quem a fortuna então.
Cansada
de o perseguir.
Deixara
enfim conseguir.
Depois
de tantos azares.
Mostrar
o mérito seu:
E
por isso ele desceu,
Não
subiu, os quatro andares
Ao
seu benfeitor antigo
Recebia
como amigo
E,
sem jamais se gabar.
Com
gratidão o tratava:
Mas
este continuava.
Como
dantes, a teimar
Que
a enfadonha maçada
De
estudar
Vale
pouco ou vale nada.
Que
sim ou não reconheça
Um
parvo a incapacidade
Da
sua triste cabeça.
Que
vai nisso à humanidade?
Trata
sempre de estudar.
E
deixa os parvos falar.
H.
O’NEILL. (SÉC. XIX
Fabulário
| A Terra e a Grei
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