sábado, 19 de agosto de 2017

Doze princípios básicos do Budismo

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1 – A auto-salvação é uma tarefa urgente para qualquer homem. Se um homem cai ferido por uma flecha envenenada, ele não atrasará a sua extracção para pedir detalhes a respeito de quem a atirou ou do comprimento e fabrico da flecha. Haverá tempo para um entendimento crescente do ensinamento. Por enquanto, comecemos encarando a vida como ela é, aprendendo sempre pela experiência directa e pessoal.
2 – O primeiro facto da existência é a lei da mudança ou impermanencia. Tudo o que existe, de uma mancha a uma montanha, de um pensamento a um império, passa pelo mesmo ciclo de existência; a saber: nascimento, crescimento, decadência e morte. só a vida é continua, ainda que buscando auto-expressão em novas formas. “A vida é uma ponte, não construas casas sobre ela”. A vida é um processo de fluxo e aquele que apega-se a qualquer forma, por mais esplêndida que seja, irá sofrer por estar resistindo ao fluxo.
3 – A lei da mudança aplica-se igualmente a “alma”. Não existe nenhum principio nos indivíduos que seja imortal e imutável. somente “Aquilo que não tem nome”, a Realidade Última, está alem da mudança e todas as formas de vida, o homem inclusive, são manifestações dessa Realidade. Ninguém é nunca o dono da vida que flui em si, assim como a lâmpada eléctrica não é dona da corrente que a faz brilhar.
4 – O Universo é a expressão da lei. todos os efeitos tem causas e a alma ou o carácter do homem é a soma total dos seus pensamentos e acções anteriores. O Karma, que significa acção e reacção, governa toda a existência e o homem é o único criador de suas circunstâncias: A sua reacção a elas, cria a sua condição futura e o seu destino final. Através do pensamento e da acção correctos, ele pode gradualmente purificar a sua natureza interior e assim, através da auto-realização, atingir em tempo a libertação.
5 – A vida é una e indivisível, ainda que as suas formas que sempre mudam sejam inumeráveis e perecíveis. Na realidade não há morte, embora todas as formas devam morrer. Do entendimento da unidade da vida brota a compaixão, um sentimento de identidade com a vida em outras formas, a compaixão é descrita como a “lei das Leis – eterna harmonia”, e aquele que quebra essa harmonia sofrerá proporcionalmente a sua acção e retardará a sua iluminação.
6 – Sendo a vida Una, os interesses da parte serão os interesses do todo. Em sua ignorância, o homem pensa poder batalhar com sucesso pelos seus próprios interesses e essa energia de egoísmo, voltada para a direcção errada, produz o sofrimento. A parte do seu sofrimento, ele aprende a reduzir e finalmente a eliminar a sua causa. Buda ensinou as quatro Nobres Verdade: a) A Omnipresença do sofrimento; b) A sua causa, o desejo voltando para a direcção errada; c) A sua cura, a remoção da causa; d) o Nobre Óctuplo Caminho de auto-desenvolvimento, que conduz ao fim do sofrimento.
7 – O Caminho Óctuplo consiste em: Visão Correcta ou compreensão preliminar, Objectivos ou Motivos Correctos, Palavras Correctas, Acções Correctas, Vida Correcta, Esforço Correcto, Concentração ou Desenvolvimento Mental Correcto e, finalmente, “Samandhi” (Meditação) Correcto, que conduz a Iluminação completa. Assim como o Budismo é um Caminho de vida e não meramente uma teoria da vida, o percorrr desse Caminho é essencial para a auto-libertação “Cessar de fazer o mal, aprender a fazer o bem, purificar a sua própria mente: esse é o ensinamento dos Budas”.
8 – A Realidade é indescritível e um deus com atributos não é a Realidade final. Mas o Buda, um ser humano, tornou-se o Totalmente Iluminado, e o propósito da vida é o atingido da Iluminação. Esse estado de Consciência, o Nirvana, a extinção das limitações do ego, é atingível na terra. Todos os homens e todas as outras formas de vida contem a potencialidade da Iluminação e o processo consiste, portanto, em tornar-se naquilo que é: “Olha para dentro: tu és Buda”.
9 – Entre a Iluminação potencial e a verdadeira fica o “Caminho do Meio, o Caminho Óctuplo” do desejo à paz, um processo de auto-desenvolvimento entre os “opostos”, evitando os extremos. Buda percorreu esse caminho até o fim e a única fé requerida no Budismo é a crença razoável de que houve um Guia que fez esse Caminho e que vale a pena que nós o façamos. O Caminho deve ser feito pelo homem inteiro e não apenas pelo que há de melhor nele. Coração e mente devem ser igualmente desenvolvidos. Buda foi o Todo Compassivo, ao mesmo tempo que foi o Iluminado.
10 – O Budismo insiste grandemente na necessidade da concentração e da meditação interiores, que conduzem em tempo ao desenvolvimento das faculdades espirituais interiores. A vida interior é tão importante quanto o corre-corre quotidiano e períodos de quietude para a actividade interior são essenciais para uma vida equilibrada. O Budista deve estar atento e consciente de si em todas as horas, guardando-se do apego mental e emocional ao “espectáculo que passa”. Esta vigilante e crescente atitude em relação às circunstancias, que ele sabe serem a sua própria criação, ajuda-o a manter sua reacção a elas sempre sob controlo.
11 – Buda disse: “Trabalha para a tua própria salvação, com diligência”. O Budismo não conhece qualquer autoridade, salvo a intuição do indivíduo e essa autoridade é apenas para esse indivíduo sozinho. Cada homem sofre as consequências dos seus próprios actos e com isso aprende, enquanto ajuda o seu semelhante, a alcançar a mesma libertação. Não se reza ao Buda ou a qualquer deus para impedir que efeito se produza a partir de determinadas causas. Os monges Budistas são mestres e exemplos, e de nenhuma maneira intermediários entre a Realidade e o indivíduo. A máxima tolerância é praticada em relação à todas as religiões e filosofias, pois nenhum homem tem o direito de interferir na caminhada do seu vizinho para a Meta.
12 – O budismo não é nem pessimista nem “escapista”, nem nega a existência de Deus e da alma, embora ele empreste um significado especial a esses termos. Ele é, pelo contrário, um sistema de pensamento, uma religião, uma ciência espiritual e um caminho de vida, que é razoável, pratico e abrange todas as coisas. Por mais de dois milénios satisfez as necessidades espirituais de cerca de um terço da humanidade. Atrai o Ocidente porque não tem dogmas, satisfaz igualmente a razão e o coração, insiste na auto-confiança aliada à tolerância para com outros pontos de vista, abrange ciência, religião, filosofia, psicologia, ética e arte, e insiste no homem sozinho como único criador da sua vida presente e determinante para o seu destino.

Fonte: PB

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