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Joana Petiz 13 DE AGOSTO DE 2017 00:00 |
Autocarros turísticos atacados, pneus rasgados, alvos pintados nas paredes, palavras de ordem em cartazes: "Não vos queremos aqui", gritam milhares nas ruas. Os europeus estão doidos. A turismofobia vai ganhando adeptos com a cegueira habitual de quem todos os meses dá o peito a novas causas só para manter vivo o protesto. Não pode haver outra explicação, quando assistimos a tantas vozes defensoras da liberdade, dos direitos e da democracia a querer impedir que pessoas iguais a elas viajem para onde querem, a mostrar verdadeiro incómodo com o resultado da democratização do turismo. Queixam-se do exagero de turistas que chegam - e que nem sequer gastam muito dinheiro. Lamentam a descaracterização dos bairros históricos - os mesmos que apodreciam perante a indiferença de todos os que lá não moravam - como consequência de quem faz deles cenário para turista ver ou às mãos dos estrangeiros que os compram e reabilitam. Pouco faltará para ouvirmos falar com saudosismo dos tempos em que viajar era coisa acessível só a alguns - nunca o dirão assim, mas parece ser o que secretamente anseiam sobretudo aqueles que antes não faziam parte desse grupo de eleitos. Claro que esta vontade de ver o tempo voltar para trás só existe num sentido: o das chegadas. Ai de quem se lembre de nos vedar a artística Barcelona, a histórica Roma (ambas com cerca de oito milhões de visitantes por ano) ou a romântica Veneza (onde chegam cerca de 20 milhões). Mas é isso mesmo que pretendem os que vivem nessas cidades - e não se incomodam nada em radicalizar os protestos, como temos visto.
E nós por cá juntamo-nos à turba gritando na rua contra os sucessivos recordes sem nos darmos ao trabalho de realmente conhecer os números. Lisboa entretém menos de cinco milhões de estrangeiros; o país inteiro talvez chegue a receber neste ano 27 milhões; as receitas associadas à exportação de serviços subiram para 12,7 mil milhões de euros à boleia do turismo, que desempenhou um papel fundamental na economia do país no pós-crise, nomeadamente no aumento de 1,4% do PIB no último ano. Se a causa é questionável lá fora - sobretudo por comparação com os franceses, os mais visitados da Europa, ou mesmo os tailandeses, com cinco cidades no top 20 das mais visitadas do mundo e que mais do que duplicou as entradas nos últimos cinco anos, para um total de 32 milhões -, gritar contra os turistas aqui é só um perfeito absurdo.
Fonte: DN
Comentários
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Uma opinião que aceito. Só lhe digo uma coisa, morando no Centro histórico do Porto deixei de parar, por educação, para que tirem fotografias e nos passeios deixei de evitar de passar pelo meio de grupos de pessoas. A noite passada acordei quatro vezes com o barulho. Há uma premissa que tem que ser levada em conta, quem opina mora na zona onde o Turismo mais se faz sentir. É que é diferente falar-se tendo um negócio aberto aberto até às quatro da manhã e viver fora da cidade ou em zonas em que o turismo não se faz sentir. Sou de opinião que quem tem negócios ligados ao turismo deverá viver no meio do vulcão. Como quem diz quem come a carne que coma os ossos!
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Eu, para mim, sou de opinião que quem tem problemas com o turismo, deverá ir viver para bem longe do vulcão. As cidades, as ruas, os transeuntes e toda a vida de uma cidade não são pertença de ninguém, são pertença de todos os humanos que nelas queiram circular e viver. E quem não está bem muda-se!
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J Rosário Dias «que nelas queiram circular e viver» Mas os turistas não VIVEM! E essa é a questão. Não sou contra o turismo, pelo contrário, mas as cidades também e, sobretudo, são as pessoas que as fazem em permanência. Desculpe, mas essa do «quem não está bem muda-se!» roça a palermice.
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Penso que sem ser meu propósito ocultei um comentário, peço imensa desculpa à pessoa que fez o comentário e peço , por favor que o repita. Deixo para um segundo momento uma apreciação ao referido comentário.
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É, os turistas são uma praga segundo alguns.
Para esses, se as cidades fossem reabilitadas com dinheiro público para acolher refugiados, como os 40 atletas que desembarcaram em cádiz a semana passada e desapareceram a correr, já não havia problema nenhum.
Há demasiada gente com demasiado tempo livre e licenciada em inutilidades. Podiam deitar se a dormir que eram mais úteis.
Lá vem a cassete da direita lorpa. O que é que tem a ver turismo e refugiados?
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Ângelo Reis custa me a crer que a sua questão seja séria, mas prontos:
Creio que os refugiados necessitam de habitação permanente, não? ( a nâo ser que também acredite que algum tem intenções de voltar para as estrumeiras de onde vieram ).
Se acha que necessitam de habitação e integração vai alojá los na planície alentejana ou nas montanhas transmontanas? E depois aonde arranjariam postos de trabalho ( coisa que a maioria nem qualificações para ter tem ) e escolas para as crianças ( muito mais numerosas que nas famílias europeias )?
Mas você já sabe isto muito bem.
Quanto a " direita lorpa", "fascista", "racista", etc; esteja á vontade. Para mim, nos dias que correm são sinónimos de pragmatismo e sensatez por isso tomo-os como elogios.
Bom domingo
Coelho Henrique, continuo a perguntar, o que tem uma questão com a outra?
Ainda não percebeu que as pessoas que protestam, não o fazem contra os turistas mas contra o o excesso e desrregulamentação do turismo de massas? Ainda não percebeu que quem vive na sua casa tem o direito sagrado ao socego? Que os cidadãos têm o direito a habitar as cidades e não serem obrigados por ausência de leis e interesses obscuros a irem habitar as periferias? Que a terceira idade que sempre viveu na sua casa não pode ser brutalmente despejada?
Se quer exemplos, veja S. Francisco, Nova Iorque, Berlim, etc, que já proibiram ou regulamentaram o alojamento local. É que são os habitantes que vivem na cidade que a fazem. E isso nada tem a ver com ser de esquerda ou direita.
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Portugal é cronicamente deficitário. Nunca foi capaz de se sustentar com a riqueza que produz. Agora foi descoberto como destino turístico o que nem surpreende porque tem cidades bonitas e o clima que se sabe. Será talvez a única grande oportunidade que alguma vez terá de saír do ciclo vicioso onde se habituou a estar.Se tivermos de aturar os turistas então aturamos e pronto. Os governos servirão para pôr alguma ordem na forma como a industria se desenvolve mas é de esperar que a vida das pessoas mude. Não há bela sem senão.
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Senhora opinadora, absurdo parece-me o seu texto, do princípio ao fim. A sua visão é a visão cega dos grandes números, puramente economicistas. O resto são frases tontas ("Os europeus estão doidos"), cretinamente ocas de substância pensada, estudada, que as sustentem. Nem falta o espelho da inteligência e saber de quem escreve no quase histriónico papão dos arautos da desgraça: "Pouco faltará para ouvirmos falar com saudosismo dos tempos em que viajar era coisa acessível só a alguns - nunca o dirão assim, mas parece ser o que secretamente anseiam sobretudo aqueles que antes não faziam parte desse grupo de eleitos." Sabe tanto sobre o que as pessoas pensam, sentem e desejam!... Até lhes chega aos segredos! Pronto, é melhor não dizer mais nada, senão ainda chega aos meus. Não sei se será segredo seu o local onde mora, mas eu já me interroguei onde seria...
O absurdo reside em não se entender que tudo tem um preço e que há sempre quem o pague, sem ser o principal beneficiário, o que me ocorre ser razoável ter em consideração, nomeadamente, a elevação da qualidade de vida dos moradores em bairros históricos que são os mais atingidos por alguns incidentes menos abonatórios em matéria de privacidade e serenidade no seu quotidiano. "Nem oito, nem oitenta". Tudo se pode resolver com bom senso, mas nunca esquecendo que os problemas existem e urge resolvê-los a contento das partes. Não pode ser tudo para os que lucram com o turismo, se bem que tenha impacto a nível da economia do país, e nada para a população afectada, tal é o caso dos moradores em bairros históricos das grandes cidades. Sempre que se apresentam números é preciso atender ao facto de que, por detrás deles, existem pessoas.
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Quando se mora em zonas fortemente visitadas e de concentração de turistas bêbados, a opinião muda rápido.
Com certeza que aturar os turistas é um incómodo.
Mas igualmente o é ter de se levantar às 6H para ir trabalhar e outras coisas.
O País (que somos nós todos, e não uma entidade esotérica a velejar caravelas fantasmas) lucra com o turismo, precisa do turismo. Como actividade, aliás conjunto de actividades, deve ser acarinhado e regulado. Regulado por regras para serem cumpridas.
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Daniel Carr " Regulado por regras para serem cumpridas."
Certo... Infelizmente, quando se têm casas de entretenimento noturno que têm licenças até às 2 da manhã e funcionam até às 5 dificilmente a convivência pode ser pacífica. É que há malta que de facto tem de acordar às 6 da manhã.
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Tive o prazer de visitar países do Norte e Centro da Europa e em todos eles havia regras nas cidades para se cumprir. Lembro-me de em Viena ir para o hotel após um concerto, cerca das 23 horas, não se via vivalma. No dia seguinte era dia de trabalho! O turismo é bom para quem visita e para quem recebe, mas deve haver regras que devem ser cumpridas por todos.
Voltamos à velha questão: o diabo são os outros. Quando somos nós os turistas, claro que somos dos "bons". Por mim, gosto que a cidade onde vivo seja visitada e apreciada por gente de todo o lado.
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Quem fala e protesta contra o Turismo ou é um básico com QI abaixo do aceitável ou bateu com a cabeça no chao quando nasceu,coitado......em Alcoitao tratam de problemas psico-motores......
E quem fala sem saber, ou talvez por saber o que lhe convém, é um abutre preto e de asas abertas a voar à espera de carniça.
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Pelos vistos o seu alto nível de QI nem deu para entender do que estamos a falar. Sinto imensa pena de si Jo Silva, que se esconde atrás de uma ave. Assim qualquer um não tem medo de diz o que quer. Enfim!
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Nada tenho contra os turistas...eu e a minha família vivemos do turismo...mas incomoda-me a arrogânçia de alguns no famigerado eléctrico 28 e,sobretudo fico com uma imensa raiva ao ver portugueses e estrangeiros a comprar andares para alojamento local,esqueçendo aqueles que querem arrendar para viver(sejam eles portugueses ou estrangeiros)e,não têm acesso ao crédito bancàrio.Agora os turistas não fazem barulho(ou pelo menos não tanto como os indígenas quando o seu clube de futebol favorito ganha)mas,apreciaria que os visitantes fizessem um gesto para se sentirem integrados e à vontade...aqui nem toda a gente fala ingilish ou françiu....cada vez que fui ao estrangeiro tentei sempre aprender algumas frases de cortesia...mas esta gente que nos visita pensa que entrou num gigantesco parte temàtico...e é isso sim que critico.
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Ninguém de bom senso é contra o Turismo, além de um actividade econômica é uma forma de convivência entre os povos mas quando há erros é necessário emenda-los antes que seja tarde.
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Como tudo na vida (e na economia) os excessos fazem mal e o Turismo, sendo desejável para qualquer estado, deixa de o ser a partir do momento em que asfixia a vida do país visitado: restaurantes sobrelotados, preços a disparar por causa do pico de excesso de procura, estabelecimentos hoteleiros todos ocupados (nem mesmo deslocações em trabalho dentro do país garantem alojamento). O problema é que nenhum país tem estruturas para absorver uma vaga imensa de turismo decorrente das assimetrias económicas. É como duplicar ou triplicar as pessoas instaladas num resort: o que devia ser um paraíso rap...Ver mais
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Invejas, de quem nada, ou pouco tem que não consegue manter.
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Nas cidades maiores,Lisbrooa,Porto acho que tambem já é exagero,aqui no Algarve que vive do turismo venham mais
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