O autarca diz que a candidata do PS tem lançado suspeitas sobre operações que foram escrutinadas. Como coordenador autárquico do PSD, vê o partido a reforçar o resultado das últimas eleições.
Disse recentemente que é-lhe “indiferente” se ganha Cristas ou Leal Coelho, desde que o PS perca. Esta declaração não retira capacidade de vitória à candidatura de Teresa Leal Coelho?
A minha resposta não foi a mais feliz e permite a interpretação que faz. Já me retratei. O que eu quis dizer, e expliquei, é que o importante para o PSD e para o CDS é derrotar os socialistas em Lisboa. E derrotá-los para oferecer uma alternativa a Lisboa. Oferecer aquilo que Lisboa não tem: um projeto de cidade cosmopolita que olha para fora, mas com identidade arreigada porque olha para dentro e trata dos seus.
Teresa Leal Coelho é uma boa candidata para a capital?
É a melhor candidata que o PSD poderia ter à Câmara de Lisboa, tal como os outros 307 são os melhores que podíamos ter.
Mantém esta avaliação de que a relação entre o PSD e CDS “é boa” depois do episódio de André Ventura?
Falo com conhecimento de causa de Cascais e do país: a relação não é boa. É excelente
O PSD fez bem em manter o apoio à candidatura de André Ventura à Câmara de Loures?
O PSD faz sempre bem em lutar contra a ditadura do politicamente correto. A esquerda esqueceu Voltaire: não concordo com o que dizes mas defenderei até à morte o direito de o dizeres. Cabe aos munícipes de Loures avaliar as ideias do candidato do PSD.
Acredita que estas eleições estão ganhas à partida?
Não há eleições ganhas ou perdidas à partida. Tenho a convicção, fundada no muito trabalho que realizámos, que teremos um resultado forte. Mas já se percebeu que está montada em Cascais uma coligação negativa. A sua única ideia é dizer mal, inventar casos e desfazer tudo aquilo que se fez nos últimos anos. É uma coligação liderada por caras de um passado recente, de má memória para o país. Caras de falência, de bancarrota e de austeridade. Nós queremos levar Cascais para a frente. Eles querem Cascais a andar para trás.
Os elevados níveisde abstenção preocupam-no?
Com um projecto mobilizador, como o que temos, acredito que contrariaremos a abstenção que nos preocupa. Até porque tenho orgulho em ter trazido dezenas de milhar de cidadãos para o processo de decisão política. No meu mandato lançamos o maior orçamento participativo do país e da Europa. Trouxemos as pessoas para o centro da decisão. Queremos manter essa dinâmica.
E a nível nacional, sendo coordenador autárquico, considera que o PSD está em condições de ganhar?
Acho que o PSD vai reforçar o resultado das últimas eleições, quer em Cascais quer a nível nacional. Em Cascais vamos aumentar o número de órgãos autárquicos, porque nas últimas eleições não ganhámos uma freguesia e desta vez vamos ganhar. A nível nacional vamos claramente aumentar o número de autarquias do PSD.
Quais são os objectivos prioritários que fixou para o concelho?
Nos últimos seis anos Cascais evoluiu muito. Mas não está tudo feito. Na Educação, fomos pioneiros na implementação dos processos de descentralização. Temos hoje melhores escolas e mais bem equipadas. Para os próximos quatro anos a ideia é ter as melhores escolas e os melhores alunos do país – o que também será possível com a Universidade Nova em Carcavelos e com a Faculdade de Medicina da Católica em Cascais.
Na mobilidade, lançámos o Mobi Cascais. um programa que o secretário de estado do Ambiente do actual governo diz ser “único no país”.
Quais são os planos que tem para Cascais ao nível da atração para a fixação de empresas para o concelho e na saúde?
Na actividade económica conseguimos criar emprego e atrair investimento estrangeiro. Cascais tem uma taxa de desemprego de 6.9% no final de 2016, menos do que Lisboa (9.5%), menos do que o Porto (15.1%) e abaixo da média nacional (10.1%). É para estas mais de 8.300 pessoas que não têm emprego em Cascais que estamos a trabalhar. Em breve anunciaremos cinco mil novos postos de trabalho que resultam de grandes investimentos na área do I&D de multinacionais. E na saúde, estamos a criar 400 camas de cuidados continuados, cada cascalense terá um médico de família até 2019 e para que tal aconteça vamos lançar 3 novos centros de saúde.
É fácil gerir um município como Cascais, ainda com algumas assimetrias, mas apontado como um município rico?
Há muito a fazer em Cascais. Sou de São Domingos de Rana e sei bem o que falta fazer no interior do concelho. Os últimos quatro anos foram de um desenvolvimento sem precedentes na zona a norte da Linha de Cascais.
A candidata do PS a Cascais, Gabriela Canavilhas, critica as assimetrias entre a zona interior do concelho, mais desfavorecidas, e as do litoral. Como reage?
Como disse, vamos continuar esse investimento. Não posso é ser acusado pelo que os outros antes de mim não fizeram em 40 anos e muito menos dos seus erros que temos vindo a consertar.
O município está no caminho certo?
Sabendo que ainda falta fazer muito, Cascais é hoje um lugar melhor do que há quatro anos e os cascalenses sabem isso. Fomos avaliados por entidades independentes como estando no Top 3 da qualidade de vida em Portugal. Queremos estar no topo de qualidade de vida na Europa. Os nossos adversários são contra tudo isto: querem que Cascais volte aos idos anos 90.
A nível nacional, o que é para si uma vitória?
Como sempre disse, e sabendo que é difícil, reconquistar a liderança da Associação Nacional de Municípios Portugueses…
Estas autárquicas vão ter como nova característica um elevado número de candidaturas independentes. Como explica esta evolução?
Temos de avaliar os independentes. Há genuínos independentes cuja entrada na política se saúda. E depois há os falsos independentes. Cascais nestas eleiçoes não tem candidaturas independentes. E nas últimas eleições os supostos independentes que se candidataram foram promovidos e apoiados pelo PS visando os interesses eleitorais desse partido. Não lhes correu bem.
Notícias recentes dão conta de que a PJ investiga alteração ao PDM de Cascais por suspeitas de “instrumentalização” da Fundação Aga Khan para justificar uma alteração ao PDM. Como rebate estas suspeitas?
Esse é mais um clássico dos casos inventados pela oposição. Ao longo do mandato houve dezenas de buscas da PJ à Câmara porque essas buscas são feitas com base em denúncias anónimas. O caso desse terreno é muito simples: foram os socialistas, no PDM de 1997, que libertaram este terreno para construção, dando-lhe uma capacidade de edificação de mais de 207 mil m2. Comigo na presidência, e antes das ultimas eleições em 2013, reduzimos a capacidade de construção para 130.300m2. E em 2015, no PDM que aprovamos, baixamos ainda mais para um total de 118 mil m2. É um desafio às regras matemáticas acusar-me do contrário do que fiz.
Gabriela Canavilhas acusou-o de gerir a autarquia com base numa “rede intrincada de interesses económicos e de dependências subsidiadas”. Como comenta?
Eu gostava de esclarecer que a candidata do PS tem insistido em acusar-nos, como fez no Jornal Económico, de Cascais proteger “interesses económicos” e de haver uma “teia de interesses”. Lamento que a candidata do PS confunda Cascais com a Cova da Beira. Ambas começam por C, mas são coisas muito distintas. Ela é contra a Universidade Nova em Carcavelos, não pode é dizer é que aquele projecto assenta em “interesses”. Ela é contra o pluralismo e a tolerância em Cascais, não pode é dizer que os acordos com a igreja ortodoxa, judaica é católica são “teias de interesses”, como recentemente reafirmou num debate televisivo. Ela é contra o nosso plano de recuperação do Hospital José de Almeida, na Parede, com o grupo privado para ali nascer um dos maiores centros ortopédicos da Europa, não pode é lançar suspeição sobre operações claras e escrutinadas. A candidata do PS não gosta de explicações, prefere as insinuações. Pois vai ter de as provar em tribunal.
Como avalia a candidata do PS a Cascais?
Tenho ouvido muitas críticas ao facto de não ser de Cascais. De nunca ter tido relação com Cascais. De ter sido eleita deputada pelo Porto, por Braga, e até ser deputada municipal em Avis com muitas faltas. Isso para nós não é relevante porque Cascais é um território aberto a todos.
O que me parece relevante é a candidata do PS não ter uma equipa capaz. Mais do que isso, problemático é não ter tido vontade de conhecer Cascais e de estudar os dossiers estratégicos para o concelho. Tem trabalhado pouco por Cascais.
E as propostas que o PS apresenta para o concelho, nomeadamente na área fiscal?
Não as conheço. O que vi até agora foram propostas que prometem o que já está feito – como o Wi-Fi no espaço público, onde já temos instalações em mais de 30 locais, das praias aos parques públicos.
E a outra proposta que tenho ouvido da boca da candidata, ao nível da política fiscal em sede de IRS, tem um único resultado: dar mais a quem mais tem, impedindo que esse dinheiro seja redistribuído por aqueles que mais precisam.
Fonte: Jornal económico
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