domingo, 10 de setembro de 2017

O "poluidor", o "cínico", a "hipócrita", o "incompetente" e o "especulador"


O dia político nas palavras de Passos, Catarina Martins, Costa Neves e João Rebelo

O líder do PSD, Passos Coelho, desafiou hoje António Costa a dizer quem é que em Portugal defende que o país tem licenciados a mais, acusando o primeiro-ministro de poder transformar-se num "agente poluidor" do debate político.

Passos Coelho, que falava no concelho de Pombal, distrito de Leiria, recordava o discurso do primeiro-ministro hoje, em Matosinhos, em que, referindo-se ao aumento do número de alunos colocados no ensino superior, sublinhou que essa notícia significava que os portugueses "deixaram de dar ouvidos àqueles que diziam que tínhamos licenciados a mais e que não era importante continuar a estudar".

O líder social-democrata realçou que "nunca, em qualquer tempo", se recorda, "seja à direita, ao centro ou à esquerda, de ouvir ninguém dizer" que Portugal tem licenciados a mais, "que as pessoas não deveriam continuar a estudar, que o que era bom era ter uma economia com salários baixos e que o melhor mesmo era as pessoas ganharem pouco".

"Não tenho ideia", sublinhou Passos Coelho, desafiando António Costa a dizer a quem é que se estava a referir e se conhece "alguém que tenha feito declarações nesse sentido".

Para o presidente do PSD, o primeiro-ministro "não pode dizer impunemente estas coisas sem ser chamado à atenção".


Se, reiteradamente, ele aparece com este tipo de afirmação, então eu julgo que ele se transforma ele próprio numa espécie - já não é de um agente provocador - é de um agente poluidor do nosso debate político

Para o ex-primeiro-ministro, deveria haver "um certo limite para se dizerem estas coisas, sem consequência, de forma gratuita, com impunidade", defendendo que António Costa "tem a obrigação de fundamentar este tipo de acusações" e mostrar "a quem se está a referir".


Se o primeiro-ministro não responder a estas questões, então vai começando a ficar uma espécie de traço político que se vem acentuando, em que o doutor António Costa vai produzindo afirmações que não têm qualquer suporte na realidade

Já no final do seu discurso, Passos Coelho salientou que gostava que o Governo pudesse exibir "uma qualidade reformista, aberta, sem ressentimentos, sem estar sempre a rotular os seus adversários, a imputar-lhes afirmações que não existem, posicionamentos que não são verdadeiros".

Passos Coelho discursava na festa do PSD de Pombal, que decorreu hoje no Parque de Merendas da Ilha.

"Cinismo" de Passos e "hipocrisia" de Cristas

A coordenadora nacional do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, criticou hoje o "cinismo" do líder do PSD e a "hipocrisia" de Assunção Cristas (CDS) quando são abordados os "passos a dar sobre o futuro do país".

"Eu atrevo-me a dizer o cinismo de Pedro Passos Coelho, quando espera que tudo corra mal ao país porque não tem nenhuma proposta para o futuro", declarou a dirigente bloquista na Madeira durante a sessão de apresentação dos candidatos à Assembleia Municipal do Funchal da coligação Confiança.

Catarina Martins também censurou "a hipocrisia de Assunção Cristas quando diz que quer baixar todos os impostos", quando "só soube subi-los" enquanto esteve no Governo.


Qualquer pessoa com dois dedos de testa sabe que neste momento e nestas eleições autárquicas no país as opções que as pessoas têm são à esquerda

Estas críticas aos dirigentes nacionais do PSD e do CDS surgiram depois de a dirigente do BE abordar as posturas que estes adotam quando é feito o debate "sobre os passos a dar para o futuro", sobre "como recuperar salários e pensões, de como fazer os serviços públicos estarem ao serviço de toda a gente e servirem as comunidades".

"Quando o debate à esquerda se faz sobre os caminhos e as responsabilidades que temos pela frente", Passos Coelho e Assunção Cristas "ou esperam que tudo corra mal, como se só o mal do país pudesse ser o seu bem, ou acabam a propor aquilo que nunca fizeram e sempre combateram quando estavam no poder", opinou.

A líder do CDS-PP, Assunção Cristas, defendeu no sábado uma redução de impostos em todos os escalões do IRS, argumentando ser "injusto e imoral defender baixas apenas para alguns".

"Absolutamente desastrosa"

O CDS quer que o ministro da Defesa vá ao Parlamento dizer o que já sabe sobre os inquéritos ao desaparecimento de armas dos Paióis Nacionais de Tancos, disse hoje à agência Lusa o deputado João Rebelo.

"O ministro deve regressar ao Parlamento. Esteve em julho e as informações que nos deu foram muito escassas, refugiou-se constantemente no 'não sabia nem era minha responsabilidade'", afirmou o deputado do CDS-PP, que continua a defender que Azeredo Lopes não tem condições para estar no cargo.

João Rebelo considerou "absolutamente desastrosa" a entrevista do ministro ao Diário de Notícias e TSF hoje divulgada, em que, referindo-se à falta de provas visuais, testemunhais ou confissão, Azeredo Lopes admite que, "no limite, pode não ter havido furto nenhum", frisando que o inquérito em curso ainda não tem conclusões definitivas.


Está a especular, não tem certezas, portanto especula sobre um assunto que consideramos preocupante

O deputado do CDS-PP afirmou que a Comissão Parlamentar de Defesa pediu informações sobre o inquérito que está a ser feito pela Polícia Judiciária Militar e ainda não recebeu nada.

As condições em que terá ocorrido o furto, a lista exata do material em falta e as condições em que estava a ser feita a vigilância são algumas das respostas que o CDS-PP quer do Governo.

Na reunião da comissão que está marcada para terça-feira, o CDS-PP vai propor que seja acrescentado um tópico à agenda da deslocação do ministro agendada para dia 20 deste mês.

"Fracassos e incapacidades"

O PSD quer esclarecer no parlamento o que se passou com o desaparecimento de armas dos paióis militares em Tancos, acusando o Governo de querer disfarçar "fracassos e incapacidades".

Numa declaração lida hoje na sede do partido, o deputado Carlos Costa Neves afirmou que o PSD vai "tudo fazer durante a próxima semana para que isto se esclareça e sejam assumidas responsabilidades políticas", sem se referir à maneira concreta de o fazer, como seria uma comissão de inquérito ou convocar o ministro.

"Não deixaremos de partilhar com os portugueses aquilo que se souber", garantiu, afirmando que "tudo se faz para que as situações não se apurem e para que se disfarcem os fracassos e as incapacidades", referindo-se às declarações do ministro da Defesa, Azeredo Lopes, divulgadas hoje numa entrevista conjunta ao jornal Diário de Notícias e à rádio TSF.

Na entrevista, referindo-se à falta de provas visuais, testemunhais ou confissão, Azeredo Lopes admite que "no limite, pode não ter havido furto nenhum", frisando que o inquérito em curso ainda não tem conclusões definitivas.

Costa Neves criticou que "sem nenhuma comunicação prévia ao parlamento ou partilha de informação", Azeredo tenha esta declaração, o que o PSD afirma que ultrapassa o ridículo: "Quando se pensa que não pode ser pior, é pior".
O deputado reiterou que os sociais-democratas farão "todas as diligências até ao esclarecimento total do assunto", salientando que se trata de "um assunto muito sério nos domínios da segurança interna e externa"

O PSD está preocupado com a segurança dos portugueses e com a "relação com os aliados" de Portugal, disse Costa Neves, acrescentando que está agora marcada por "vergonha e falta de credibilidade".

Carlos Costa Neves lembrou que já passaram dois meses e meio desde que foi divulgado o desaparecimento de armas e munições militares dos Paióis Nacionais de Tancos.

O "desnorte total" que afirma estar nas declarações de Azeredo Lopes revela "contradições profundas que existem entre os partidos que suportam o Governo" em áreas como a Defesa, Administração Interna ou Justiça, argumentou o social-democrata.

"É por isso que se ocultam factos e esta incompetência existe e se revela com mais força", considerou Costa Neves, afirmando que "não chegam encenações nem fazer de conta".

O PSD dá como garantido que o Governo sabia que havia problemas de segurança na vigilância aos Paióis Nacionais.

Fonte: DN

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