segunda-feira, 9 de outubro de 2017

360º - A semana de todas as decisões: no PSD, na Catalunha e para a seleção (com o resumo das posições de Rui Rio em cinco pontos)

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360º

Por Filomena Martins, Diretora Adjunta
Bom dia!
Enquanto dormia... 
... ainda estão mais de dois mil bombeiros a combater os fogos que voltaram em força com o calor de outubro. O caso mais preocupante é o de Pampilhosa da Serra, onde foi ativado o plano de emergência. Mas a nota mais marcante do regresso das chamas vai para as declarações do secretário de Estado e do Presidente da Liga dos Bombeiros, que  concluíram ambos que estamos perante casos de fogo posto. Num trabalho dos investigadores Tiago Oliveira e João Pinho, há ainda outro alerta: o de que não é só a floresta que arde, mas também o trabalho científico.

E além dos incêndios estarem outra vez a marcar a atualidade, há mais más notícias do SIRESP. Segundo oJNa rede alternativa ao sistema de comunicações também tem problemas: só funciona entre Bombeiros e Proteção Civil... e à vez.

Nos EUA, os dreamers podem ter mais uma oportunidade, mas com condiçõesTrump exige a construção completa do muro com o México e muito mais restrições nos vistos na proposta para a nova lei da emigração. Da Casa Branca vêm ainda mais polémicas: o braço de ferro com o futebol americano levou ontem o vice Mike Pence a abandonar um jogo depois dos jogadores se ajoelharam durante o hino; e continua também a tensão com a Coreia do Norte (onde airmã de Kim Jon-un ganhou poder), depois de nova provocação presidencial via Twitter.

Ainda dos Estados Unidos, a notícia de que Harvey Weinstein, o super produtor de Hollywood acusado de assédio sexualfoi despedido na sequência do escândalo.

Outra informação importante

A semana vai ficar marcada pela corrida à liderança no PSD. Hoje há Conselho Nacional para marcar as diretas, mas até lá ainda não se deverá saber o que fará Santana, que continua a ponderar e a fazer contas, porque o partido não está alinhado. Já Rui Rio apresenta quarta-feira a candidatura e recebeu conselhos de Marques Mendes, que quer um PSD ao centro. Entre os ódios a Menezes e ao aparelho, a relação com Marcelo e os avanços e recuos, há cinco pontos que resumem as propostas de Rio.

A crise na Catalunha terá amanhã um dia decisivo. Já não parece haver dúvidas que Carles Puigdemont anunciará esta terça-feira a independência unilateral (as suas palavras ontem à noite foram claras); e também parece claro que Rajoy responderá com a aplicação (inédita) do artigo 155 da Constituição espanhola, que retira todos os poderes de autonomia ao governo regional (como antecipou em entrevista ao El País). Ontem um milhão de pessoas (apesar da polícia municipal só admitir 350 mil) desfilou nas ruas de Barcelona contra o referendo, mostrando que a independência está longe de reunir consenso entre os catalães, enquanto continua a subir o número de empresas que retira a sede da região

Nos jornais de hoje, o El Mundo escreve que as manifestações do fim de semana foram "o clamor da maioria silenciosa" e o El País proclama que foram o fim da ideia de "hegemonia". No El Español, Pedro J. Ramirez insiste que é preciso aplicar o artigo 155, enquanto o catalão La Vanguardia alerta que o que está em jogo é a Catalunha. De fora, o The Guardian olha assim para o dilema espanhol, que é também um problema europeu.

Voltando à política nacional, Assunção Cristas começou a capitalizar os resultados do CDS nas autárquicas (e a crise do PSD). Em entrevista ao DN e à TSF, a líder centrista rejeitou qualquer acordo com o PS (em futuras legislativas e, agora, para a câmara de Lisboa), mas liderou já o desafio a uma futura coligação à direita.

Na semana de apresentação do Orçamento do Estado, continuam a sair notícias às pinguinhas com as novidades que aí vêm, mas que ainda não satisfazem o PCP (sobretudo) e o Bloco. É o caso do IRS: segundo o JN, os salários brutos até 925 euros vão ficar isentos de imposto. Mas os comunistas querem que o valor seja de 960 euros.

E há mais um pedra para a engrenagem da 'geringonça': o Dinheiro Vivo revela que o desemprego de longa duração está  mais alto que no tempo da troika.

E um diferendo antigo entre as Infraestruturas (Estradas) de Portugal e o Fisco volta às notícias. Segundo o Jornal de Negóciosa dívida da empresa do Estado aos cofres do Estado é já de mil milhões.

Na antecipação do Orçamento, o ex-ministro Bagão Félix deu uma entrevista à Lusa onde criticou a descida do IVA da restauração, apontou várias incoerências no sistema fiscal e avisou que "o Estado está de novo a inchar". Não foi o único a falar de medidas este fim de semana: Carvalho da Silva, o ex-líder da CGTP, surpreendeu ao dizer que "não é possível reduzir impostos".

Wolfgang Schäuble deixou um alerta alarmista nadespedida do cargo de todo poderoso ministro das Finanças alemão. Ao Financial Timesavisou para o risco de uma nova crise financeira global, por causa da escalada da dívida e do atual excesso de liquidez.



Os nossos especiais

Das autárquicas vem ainda uma história extraordinária de Eja, Penafiel. Isabel Guedes não só votou pela primeira vez aos 21 anos, como acabou eleita presidente da Junta, depois de se ter candidatado à revelia do pai, que esteve 12 anos no cargo. A Sara Otto Coelho conta.

Marina Mota fez 55 anos este sábado. E desfiou a sua vida numa entrevista à Marlene Carriço. A fadista e atriz conta como foi a infância muito pobre em Alcântara, o auge na televisão nos anos 90 e os amores perdidos, sem esquecer as polémicas, como a das suas idas constantes ao Casino e as dívidas fiscais.

Há outra entrevista que tenho de lhe recomendar: a que Maria Filomena Mónica deu ao José Manuel Fernandes na redação do Observador. Sempre desassombrada, a socióloga fala sobre a sua adolescência num "casulo social", sobre os amores, sobre o que mudou em Portugal e sobre o novo livro que está a escrever. O best of em vídeo está aqui.

Che Guevara morreu faz esta segunda-feira 50 anosMas o poster boy da revolução cubana (e sul-americana) era uma máquina de matar ou um jovem sonhador? Entre as montanhas de Cuba e os Andes bolivianos, Rui Ramos conta a história de um fracasso.


A nossa opinião

  • José Manuel Fernandes escreve sobre o futuro do PSD: "Em Portugal há gente suficiente para o PSD ter futuro se disser qualquer coisa que não seja de esquerda. Não há é futuro para uma cópia ensimesmada e bolorenta do PS, sonhando ser o seu parceiro menor".
  • Alexandre Homem Cristo escreve sobre os resultados das provas de aferição: "Os resultados nas provas de aferição foram um desastre. Mas, se calhar, isso não é assim tão preocupante, pois diz mais sobre a irrelevância dessas provas do que sobre insuficiências de aprendizagens."
  • Helena Matos escreve sobre a actual situação política: "Como sairemos disto? Provavelmente com uma fuga em frente. Uma fuga que a precipitada saída de Pedro Passos Coelho veio tornar possível. Que fuga é essa?".
  • Leal da Costa escreve sobre o futuro do PSD: "Depois da austeridade da esquerda, combinada com "devoluções" pífias de rendimentos e temperada com populismo e manipulação, teremos de agrupar todos os que desejem voltar à prosperidade sustentável."
  • João Carlos Espada escreve sobre o Forum 2000 de Praga: "Estão aqui pessoas com diferentes disposições políticas: conservadores, democrata-cristãos, liberais, sociais-democratas e socialistas democráticos; no caso dos EUA, republicanos e democratas. Porquê?"
  • João Marques de Almeida escreve sobre a tentação de António Costa: "Olhando para a Europa e o mundo, ninguém acredita que tudo corra bem até Outubro de 2019. Há, em particular, uma ameaça que pode ter consequências negativas para a economia europeia: um “hard Brexit”".
  • Alberto Gonçalves escreve sobre Passos Coelho: "De Soares a Cavaco, houve políticos tão detestados quanto Pedro Passos Coelho. Não houve ninguém detestado por gente tão infalivelmente repulsiva, por tantas nulidades tão pouco recomendáveis".
Notícias surpreendentes
Agustina Bessa-Luís está de regresso às livrarias aos 95 anosNuma nova editora, as suas obras ganharam prefácios de várias personalidades da literatura e da política. A Joana Emídio Marques falou com eles e eles falaram-lhe da mais rebelde escritora portuguesa e da sua obra.

Fora da cozinha, de que falam os chefs? O novo livro de Nelson Nunes, "Isto Não é um Livro de Receitas", traz revelações. O Observador pré-publicou os capítulos com Alexandre Silva, Marlene Vieira e José Avillez.

Depois das construções na areia, as construções com palhaPelo menos no Japão, onde O Wara Art Festival testa a criatividade de alunos de arte e leva-os a construirmonstros gigantes com recurso à palha de arroz que sobra da colheita anual.

A Moda Lisboa tomou conta do pavilhão Carlos Lopes de sexta-feira até ontem à noite. O primeiro dia foi assimo segundo assim e ontem tudo acabou assim. Fora dos desfiles também houve muito estilo, como pode ver aquiaqui e aqui. Emostrou-se ainda sangue novo. O Mauro Gonçalves conta o que viu, as fotos são do João Porfírio, que também espreitou os bastidores.

A semana vai ficar marcada pela corrida à liderança do PSD (hoje à noite há Conselho Nacional, Rui Rio apresenta-se quarta e até lá Santana Lopes deverá dizer se vai ou não a jogo), mas também pela crise na Catalunha e pelo jogo decisivo de Portugal com a Suíça que pode valer o apuramento direto para o Mundial de 2018. O Observador vai estar em todas as frentes, sem perder o resto da informação. Passe por cá

Boa segunda-feira e boa semana, produtiva e feliz
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