segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Santana a postos (será?). A folga de Centeno. E a Catalunha que agora fala

P
 
 
Enquanto Dormia
 
David Dinis, Director
 
Bom dia!
Aqui tem as notícias desta noite:

Merkel acordou com a CSU uma quota para migrantes. A Alemanha aceitará a entrada de pelo menos 200 mil pessoas por ano, segundo o acordo fechado com os conservadores da Baviera. Mas ficará na mão do Bundestag e ao Bundesrat decidir um novo limite, em caso de uma nova vaga de refugiados ou crise humanitária.
A propósito, uma má notícia: o naufrágio de um barco com refugiados rohingya fez, esta noite, pelo menos 12 mortos. A ONU elevou no domingo para519.000 o número de rohingya que fugiram para o Bangladesh, devido à violência na Birmânia.
Um republicano disse que a Casa Branca é uma “creche para adultos”. Poderia ter sido um domingo calmo na Casa Branca - mas não foi. Trump  publicou uma rajada de tweets cheios de acusações ao republicano que preside à Comissão de Relações Internacionais do Senado - e recebeu uma resposta à medida de um dos seus maiores críticos no partido. Pouco depois, o Presidentemandou o seu "vice" abandonar um estádio, depois de mais um protesto de jogadores.
Puigdemont garantiu que vai declarar a independência“O que está a acontecer na Catalunha é real, gostem ou não. São milhões de pessoas que votaram, que querem decidir, temos de falar disto", disse ele ontem numa entrevista televisiva. Horas antes, outros falaram também: centenas de milhares pediram “prisão” para Puigdemont, gritaram “Catalunha é Espanha” e “somos espanhóis, não somos fachos”. A Sofia Lorena esteve lá e fez-nos esta reportagem, a vermelho e amarelo. Recordo-lhe: esta é a semana de todos os riscos.

No Público de hoje

Começamos pelo PSD? Ora, diz-nos a Margarida Gomes que Santana está pronto a avançar - e que está tentado a fazê-lo antes de Rui Rio. Um "reencontro com a história", diz-nos um dos seus apoiantes. Resta um problema a resolver: a saída da Santa Casa. Mas talvez não seja um problema: parece que os negócios andam bem. A história está aqui.
Hoje passamos também pelo Orçamento de 2018 - que sexta-feira será entregue na Assembleia. Hoje, o CDS vai propor isenção de IRS às horas extraordinárias, adiantando-se na discussão e dando mais um passo em direcção ao centro. Pelo meio, o Sérgio Aníbal fez umas contas e chegou a uma conclusão animadora: a ajuda da economia para o OE está acima dos 1000 milhões.
É uma boa ajuda para as negociações à esquerda, com o IRS quase resolvido, mas as pensões ainda em aberto, para fazer felizes os comunistas. Mas os 1000 milhões não serão suficientes para um outro problema, o das progressões (aqui explicado pela Raquel Martins). O diabo está aqui, argumento eu no editorial de hoje. Se quiser um ponto de situação, eis o que está fechado e em aberto.

Outro tema grande da semana é Pedrógão. Com o calor a trazer de volta os incêndios e a polémica sobre os meios, vamos conhecer finalmente o relatório dos técnicos sobre o que se passou na tragédia maior deste Verão. Para já, o que conhecemos é o primeiro relatório sobre a aplicação dos donativos: há 195 casas em reconstrução, quatro milhões entregues. A outra polémica não resolvida é esta: o PS só admite indemnizações em Pedrógão se Estado for considerado responsável. Veremos se fica assim.
Triste, revoltante até, é o caso denunciado pela Ana Cristina Pereira ontem, aqui no PÚBLICO: agressões num lar para menores em risco, em Viana do Castelo. O vídeo nesta notícia é, aviso já, chocante.
Já na Educação há uma boa notícia a registaro número de alunos cresce há quatro anos nas universidades privadas (a par, aliás, do que está a acontecer no sector público). Hoje é o último dia para inscrições na 3ª fase de candidaturas.
Realmente notável é este feito da Joana Schenker: a portuguesa alcançou o trono do bodyboard mundial. E só vai no segundo ano como profissional. Parabéns Joana!

As melhores leituras

Passos fora: a história de um projecto liberal interrompido. Em 2010 entrava na liderança com a ambição de uma ruptura. Mas pelo caminho Passos Coelho teve um choque com a realidade - ou vários. Sai agora, quase só e com um projecto liberal interrompido. Mas sem o dar por terminado. A história desse projecto, com sete anos e meio, resumiu-se em 14 mil austeros caracteres. Foi o nosso tema de capa do P2.
Como o aumento da precariedade está a mudar o discurso da UE. O Paulo Pena lançou-se em mais uma reportagem do Investigate Europe, um projecto que junta jornalistas de oito países da UE. Desta vez, vai por aqui: "Desde 2008 houve mais de 400 mudanças nas leis laborais nos países da União Europeia. Mas quatro em cada cinco dos novos empregos criados são, agora, a tempo parcial ou a prazo. A desregulação das leis parece ter aumentado a precariedade. E isso já começou a mudar a política de Bruxelas"Eis o como (e o quanto).
Dez datas essenciais para perceber Che Guevara"Podia ser implacável, e foi. Podia ser o melhor ser humano, como lhe chamou Jean-Paul Sartre, e alguns acreditam que sim. Morreu há 50 anos — nove balas numa aldeia da selva boliviana. Nem monstro nem herói, é um nome da História — da rebelião, da revolução e do socialismo". Abram alas à Ana Gomes Ferreira, que ela leva-nos à revolução. E às comemorações também.
Um Nobel contra Trump, Kim e a legitimidade dos arsenais nucleares. O grande prémio da paz chegou na sexta-feira, mas tem olhos postos na semana que agora entra: com a o Presidente americano a ameaçar o Irão com sanções ou um purgatório, a Academia Sueca deu o Nobel a uma aliança de ONG que luta pela erradicação da arma mais destrutiva alguma vez criada – que ganhou agora novo fôlego. A Ana Fonseca Pereira explica aqui como a arma está apontada a Trump (e Kim). E a Teresa de Sousa complementa com esta entrevista a Wendy Sherman, ex-subsecretária de Estado de Clinton, negociadora activa com a Coreia do Norte e o Irão: “Seria terrível se Trump começasse a desfazer o acordo com o Irão”, garante ela. Daqui a poucos dias saberemos até onde vai o risco.
“O grande risco da inteligência artificial são máquinas demasiado estúpidas”. Os computadores já são capazes de aprender: analisam enormes quantidades de dados e aprendem o que cada um de nós quer comprar, o tipo de pessoa por quem nos sentimos atraídos, quais os empregos que podem ser um bom passo na carreira, quais de nós podem vir a ser terroristas. O livro A Revolução do Algoritmo Mestre, do académico e investigador Pedro Domingos, descreve como estes algoritmos são usados e quais os impactos que já estão a ter no mundo. E, nesta conversa com o João Pedro Pereira, antevê um mundo em que os computadores poderão ser capazes de aprender tudo.

Hoje acontece

O PSD reúne-se em Conselho Nacional, para aprovar a data das directas (e as regras do jogo). Os parceiros sociais juntam-se também, para discutir o próximo Orçamento - com Marcelo a receber a UGT ao final do dia. Isto enquanto oEurogrupo analisa Portugal, na última reunião de Wolfgang Schauble naquele fórum, mas com Centeno representado por Mourinho Félix.
Hoje é dia de conhecermos as previsões da OIT sobre os mercados de trabalho e de se lançar mais uma ronda negocial para o Brexit (sem grandes expectativas). É também dia de sabermos quem será o Nobel da Economia e os nomeados para a Bola de Ouro do France Football - uma espécie de Nobel do futebol. Ora adivinhe quem vai lá estar :)

Falando nisto, não resisto a acabar com um título do Inimigo Público"Ferreira Leite propõe Passos para o Prémio Nobel da falta de química". E a deixar-lhe o link para opodcast da equipa do IP. É uma bela maneira de começar a semana. 
Que o dia seja produtivo - e que o sorriso fique por aí. Até já! 

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