quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Editorial | Era expectante maior adesão solidária à sessão de colheitas de sangue ontem no Posto Fixo da ADASCA

Foi divulgada por todos os meios disponíveis a realização da sessão de colheitas de sangue e registo para novos dadores de medula óssea, como ainda a distribuição e afixação de mais de 150 cartazes, indicando os requisitos considerados necessários aos interessados em aderir.

Todos os doentes devem ser tidos em consideração, independentemente do seu estatuto socioeconómico, ou formação académica, porque a vida é um valor sem preço, apesar da ingratidão que nos é servida quando as pessoas se encontram já numa situação mais confortável.

Na verdade, era expectante uma adesão considerável tendo em linha de conta o seu objectivo, pois isso não aconteceu, tendo marcado presença pouco mais que 40 pessoas. Os suspensos, ou não aprovados atingiu uma percentagem preocupante, levando-nos a pensar que, o que conta é a dádiva em si, e não tanto a inscrição para medula óssea. O sangue é ouro, a medula é prata.

Se o candidato à dádiva de sangue demonstrar interesse em registar-se em simultâneo para medula, após a avaliação clínica não reunir as condições para efectuar a dádiva de sangue, não pode avançar para a recolha de sangue destinada à medula? Ficamos com a percepção que não. Se a base de registos é assim tão alargada, continua a fazer sentido sensibilizar as pessoas para se registarem?

O assunto é delicado, e por isso raros são os especialistas que se disponibilizam em dar opiniões públicas sobre esta temática.

A adesão à sessão de colheitas no pretérito dia 18, entre as 15 horas e as 19:30 horas podia elevar-se para as 50/70 inscrições, essa era a expectativa dos organizadores e familiares do jovem João Pedro, natural de Ílhavo, que presentemente luta contra um Linfoma.

A indiferença, comodismo, “esse problema não é meu” faz-se sentir no dia-a-dia nesta sociedade que não é a minha, mas, por força das circunstancias tenho de movimentar-me no seu meio, muitas vezes com o sentimento da vergonha, que devia tornar-se um peso nos ombros de outros, que prometem tudo em certas ocasiões.

As campanhas de sensibilização para a dádiva de sangue acarretam elevadas despesas, valores muitas das vezes insuportáveis, tornando difícil a vida das associações de dadores, nomeadamente aquelas que não têm fontes de receitas, os apoios financeiros oficiais são escassos, senão mesmo nulos. Ainda assim, existe quem tire proveito ilícito do trabalho alheio como acontece com certo grupo existente em Aveiro. 

Sim, os tais que sofrem da paranóia do jet set |djéte séte| do snobismo social, para não os classificar de jobs for the boys”. Pobres de espírito, reveladores de atitudes de baixo nível.

Caros colegas dadores, abram os olhos, não contribuam para o sustento das vaidades daqueles que vos chutam para canto, após a dádiva, só se lembrando de vós quando chegar a nova data para esticar o braço de novo.

Esta a verdade que me queima quando vejo o absurdo em certas pessoas, com responsabilidades administrativas.

J. Carlos

Director 

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