Fita do tempo confirma suspeita da autarquia que sempre acusou o comandante nacional. Município quer que governo explique se estas decisões foram normais nos incêndios deste ano.
O antigo Comandante Operacional Nacional da Proteção Civil, Rui Esteves, desviou meios do grande incêndio que, em julho, devastou o concelho de Mação, contrariando o comandante distrital que alertava para a gravidade das chamas.
A suspeita sempre existiu e foi levantada na altura pelo presidente da autarquia que agora recebeu a "fita do tempo" deste fogo, encaminhada pelo Ministério da Administração Interna.
O documento, a que a TSF teve acesso, é claro ao dizer que o Grupo de Reforço para Incêndios Florestais vindo de Aveiro foi retirado do teatro de operações por ordem do Comandante Operacional Nacional (CONAC) da Autoridade Nacional de Proteção Civil, à época Rui Esteves, que entretanto se demitiu após o caso da licenciatura com equivalências.
A retirada de meios aconteceu numa altura em que as chamas já levavam cerca de 20 horas e ao início de um dia que a seguir foi "devastador" para o concelho de Mação.
Vasco Estrela, o presidente da Câmara de Mação, diz que a fita do tempo é a prova de algo "extremamente grave" que sempre dissera que aconteceu e recorda que foi depois desta decisão que o fogo se tornou incontrolável, queimando grande parte do concelho durante três dias.
O autarca contesta a decisão do comandante nacional e diz que não faz qualquer sentido a ordem de uma pessoa que está em Lisboa, a 200 quilómetros, vir contra a opinião do comandante distrital que está no terreno.
Admitindo que pode não ter nada a ver com o caso, Vasco Estrela recorda que Rui Esteves já tinha sido comandante distrital em Castelo Branco, exatamente o distrito onde aconteciam os fogos para onde foram mobilizados os meios retirados de Mação.
Vasco Estrela recorda que este incêndio queimou 18 mil hectares em Mação, 5 mil em Proença-a-Nova e mil na Sertã, destruindo 15 casas de primeira habitação, atingindo 50 localidades e obrigando a evacuar 200 pessoas.
O representante da autarquia de Mação afirma que não faz sentido ser o comandante nacional, estando longe, a tomar as decisões e que é preciso saber se o governo se revê nestes comportamentos, não se percebendo qualquer lógica no desvio de meios.
"Será que existiram outros casos do género pelo país?", questiona Vasco Estrela, que depois de receber esta "fita do tempo" já enviou uma queixa à Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) para investigar o que se passou em Mação e o comportamento da Autoridade Nacional de Protecção Civil.
TSF
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