Enquanto dormia...
... foram conhecidos mais pormenores do processo LEX, que tem como principais arguidos o juiz desembargador Rui Rangel e o presidente do Benfica Luis Filipe Vieira e partiu do caso que envolve José Veiga. O Luís Rosa explica que crimes estão aqui em causa e as quatro promessas feitas por Rangel de interferir em processos que levaram a esta nova investigação. Mas também o cargo que Vieira lhe prometeu (podendo existir pelo meio suspeitas sobre uma dívida fiscal do filho do presidente benfiquista, como avançou ontem o Jornal Económico e está também hoje no Público). Fica o principal do caso:
- A PJ tinha mesmo indícios para deter Rui Rangel, mas a lei (polémica) não o permite. Por se tratar de um juiz desembargador, as próprias buscas tiveram de ser conduzidas por um juiz conselheiro do Supremo, neste caso Souto Moura. Foi o regresso do ex-PGR que o PS cilindrou por causa do processo Casa Pia, como se pode ver em todas as fotos dos inspetores a vasculharem da varanda ao carro de Rangel.
- Rui Rangel não é contudo um 'desconhecido' do mundo das polémicas. Ele tem estado em muitas: um juiz que quis ser presidente do Benfica, apadrinhou um partido, foi acusado, decidiu a favor de Sócrates e ficou impedido de tomar mais decisões na Operação Marquês. Está tudo neste vídeo.
- Quanto ao processo LEX, há contudo ainda muito para saber apesar de já existirem 5 detidos e 6 arguidos: eis o que se conhece e quem é visado. Quanto ao envolvimento do Benfica, as buscas centraram-se no gabinete do vice-presidente Fernando Tavares, um dos arguidos, tal como o presidente Luís Filipe Vieira. O advogado do clube não confirma e fala em "perseguição ostensiva".
Mas com o prazo de saída antecipado pela ministra, Joana Marques Vidal parece estar a querer estar a deixar mais processos resolvidos. Dois ex-secretários de Estado de José Sócrates, Conde Rodrigues e José Magalhães, foram acusados ontem acusados de peculato por uso indevido de cartões de crédito do governo: terão gasto 14 mil e 400 euros em livros e revistas. Os tema iam desde jurídicos, a sociais, mas também sobre ioga.
Da madrugada fica o primeiro discurso do Estado da União de Donald Trump (no ano passado estava há pouco mais de uma semana na Casa Branca). Foram 80 minutos em que se dirigiu ao Congresso (que o João de Almeida Dias seguiu em direto ao longo da madrugada e pode ver aqui), para dizer que depois da carnificina que chegou um "Novo Momento Americano". O resumo das principais citações incluem as palavras conciliação, imigração, construção e destruição. Mas, segundo a análise da CNN, ficou muito para dizer. Já o NYT, anotou o que foi dito nas entrelinhas.
Por falar em destruição, a Coreia do Norte estará a preparar o lançamento de dezenas de mísseis na véspera dos Jogos Olímpicos de Inverno na vizinha Coreia do Sul. Mas o alvo a assustar são os EUA.
No futebol, o FC Porto desperdiçou o empate do Benfica no Restelo e empatou também com o Moreirense (pela quarta vez). A liderança portista está em risco se o Sporting vencer hoje o V. Guimarães. Não houve Brahimi, não houve festa, escreve o Tiago Palma na crónica de um jogo em que o golo portista no último minuto foi bem anulado, como mostram os vídeos. Mesmo assim, o guarda-redes da equipa de Moreira de Cónegos achava que tinha perdido (e por isso a flash interview final é anedótica).
Outra informação importante
Francisco Louçã e César da Neves entraram numa conferência da Caixa Geral de Depósitos sobre a economia portuguesa e... concordaram. Pois, os milagres acontecem. Apesar de estarem em lados opostos do espectro político, ambos disseram que o colapso económico ainda não chegou, mas vai chegar. Ou seja, que há sinais de riscos de uma nova crise. E esta hem!?
Na mesma conferência, ficou um outro alerta importante. Especialistas disseram que na banca falhou tudo: os supervisores, os auditores e, sobretudo, o modelo de gestão. Mas, pior, que tudo pode voltar a falhar de novo. Paulo Macedo identifica um dos problemas: o da rentabilidade.
Ainda na banca, nota para os lucros do BPI que caíram globalmente, apesar dos bons resultados em Portugal e das previsões otimistas do presidente Pablo Forero sobre a economia nacional.
E há um negócio que parece cada vez mas difícil de se concretizar: a Autoridade da Concorrência tem sérias dúvidas sobre a compra da TVI pela Altice, avança o Jornal de Negócios que teve acesso à deliberação.
Pedro Duarte e Carlos Moedas vão entregar uma moção setorial no Congresso do PSD. Questionam a progressividade fiscal e equacionam um rendimento básico para toda a gente.
Voltando ao futebol e à política, que o mesmo é dizer ao Centenogate, o Partido Popular Europeu quer discutir o caso da polémica dos convites para o Benfica no Parlamento Europeu. PS, PSD e PCP opõem-se. Paulo Rangel sai mesmo em defesa de Centeno e diz na TSF que é "uma tempestade um copo de água". Numa opinião em vídeo, José Manuel Fernandes considera que o ridículo deste caso é o ministro ter pedido bilhetes.
O CDS quer discutir precisamente a Justiça, mas sem inventar a roda, segundo Assunção Cristas.
Justiça que teve ainda mais casos ao longo do dia de ontem. Na Operação Fizz, o advogado Pablo Blanco diz que o juiz Carlos Alexandre, a procuradora Cândida Almeida e ele próprio foram ameaçados e pressionados quando investigavam figuras angolanas; a PJ deteve 17 pessoas numa operação de roubo de cheques da segurança social; e foi absolvido o homem que esteve detido dois anos pela morte da tia, depois de um casal ter confessado o crime.
Já na Catalunha, a investidura de Carles Puigdemont foi adiada, mas não anulada. O presidente do parlamento catalão continua a achar que Puigdemont tem todo o direito de assumir o caro. Nas ruas houve protestos independentistas. No Youtube, Puigdemont reagiu assim. Nos jornais, o El País fala em "paralisação".
Os nossos especiais
Ainda se vai falar muito dele, promessa do próprio. Salvador Malheiro, diretor de campanha de Rui Rio, foi nadador-salvador, esteve num bar de praia, e tornou-se presidente de câmara antes de se ser o braço direito do novo líder do PSD. Mas, como conta o Pedro Rainho, deixou muitas polémicas pelo caminho.
A nossa opinião
- Maria João Avillez escreve sobre o livro de Carlos Gaspar: "Europa matriz e porto ou Europa em declínio? União Europeia ou Desunião Europeia? Acreditar ou desistir? Leiam este livro de Carlos Gaspar: reflecte-se tanto quanto se aprende".
- Luís Aguiar-Conraria escreve sobre o caso Centeno: "Politicamente, a regra devia ser simples: tem um cargo de poder? Então não pede nem aceita nada de ninguém que possa estar em posição de fazer ou pedir um jeitinho. Ponto. Mais simples não é possível".
- Maria João Marques escreve sobre as críticas ao movimento Me Too: "Quando pensarem o que torna possível os casos repetidos a resposta é o ambiente de atirar lama às mulheres que fazem denúncias, de lhes chamar cínicas e hipócritas. Outro nome para isto é cumplicidade."
- Manuel Villaverde Cabral escreve sobre o Brasil: "A forma como o PT e os partidos aliados se mantiveram no poder, a começar pelo PMDB do actual presidente Temer, demonstra a extrema debilidade democrática do sistema político-partidário brasileiro".
- Fernando Leal da Costa escreve sobre o futuro da ADSE: "O caminho atual acabará mesmo por levar ao fim da ADSE, com a consequente perda do tampão que tem impedido a enxurrada de milhares de doentes para um SNS que já não responde bem a todos que o procuram".
- José Milhazes escreve sobre a Rússia: "A autocracia russa tem sérias razões para proibir o filme “A Morte de Estaline” pois vê-se retratada nas personagens do filme. Bem diz o ditado russo: 'Não acuses o retrato se tens a cara torta'".
Notícias surpreendentes
"A Forma da Água", o filme com mais nomeações para os Óscares (13 dará azar?), estreia esta quinta-feira. O Eurico de Barros já foi ver a história filmada por Guillermo del Toro e fala de um mau filme fantástico ao qual só dá uma estrela. Eu não concordo com ele: apesar de toda a desconfiança com a sinopse, gostei.
Ainda em Hollywood, porque o grande caso sobre assédio sexual que se tornou um acontecimento mundial se vai tornar livro. A actriz Rose McGowan vai escrever, com detalhe, os episódios vividos com o produtor Harvey Weinstein.
Por cá, uma boa nova. Salvador Sobral já voltou a cantar. Egravou este vídeo para os fãs.
E nota ainda para a Amazon: o próximo alvo da empresa de comércio online vai ser o sector da saúde.
É já daqui a pouco, a partir das 10h30, que a NASA vai transmitir em direto o eclipse total da Lua que não é visível em Portugal. Pode seguir tudo aqui no Observador, de um fenómeno que é raro, mesmo muito raro, mesmo que não seja visto por cá. Chama-se Super Lua Azul de Sangue, porque é uma Lua gigante, que acontece pela segunda vez no mesmo mês e inclui um eclipse lunar. Há cinco séculos, ajudou a mudar o rumo da História.
Espero que olhe para o céu, mas não deixe de olhar também para o Observador. Assuntos não vão faltar: além da transmissão em direto do eclipse pela NASA, Centeno estará no Parlamento e falará seguramente da polémica dos convites para o Benfica. Ah, no futebol é o último dia para as transferências de Inverno, que vamos seguir também até ao último minuto
Boa quarta-feira
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