terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Costa quer um tango a quatro # Um país com 758 ricos # Mais um tiro no Montepio

P
 
 
Enquanto Dormia
 
David Dinis, Director
 
Bom dia!
Vamos a isto? Estas são as notícias das últimas horas:

A escolha para o BCE não foi política, garantiu Centeno. Foi uma decisão por aclamação: pela primeira vez, os ministros das Finanças do Eurogrupo escolheram um dos seus, e endossaram a candidatura do ministro espanhol da Economia, Luis de Guindos, para o cargo de vice-presidente do BCE - ele que foi chumbado pelo Parlamento Europeu. O presidente do Eurogrupo, mesmo assim, garantiu que foi "por mérito", conta a nossa correspondente, Rita Siza. Face ao processo que vimos, fica esta dúvida do Sérgio Aníbal: esta escolha abre caminho a um presidente alemão?
Na Alemanha, a AfD ultrapassou o SPD numa sondagem. O partido extremista aparece em segundo lugar, com 16%, num inquérito de opinião onde os sociais-democratas afundam nos 15,5%. E, enquanto se forma a nova "grande coligação", Angela Merkel escolheu a sua sucessora. Chamam-lhe AKK.
Na Catalunha, uma independentista quis travar o referendo à independência. Ouvida no Tribunal Supremo, a secretária-geral da ERC culpou Puigdemont e outros soberanistas por recusarem suspender a votação do dia 1 de Outubro. Já a líder da CUP, Anna Gabriel, decidiu ficar pela Suíça e não ser ouvida pela Justiça.
No Peru, Alberto Jujimori pode voltar à prisão - apesar do indulto. Um tribunal decidiu que o ex-presidente é culpado pelo assassinato de seis pessoas em 1992, por um grupo criminoso que estava às suas ordens. Jujimori ainda vai recorrer da sentença.
O Sporting ganhou oito minutos depois dos 90O golo de Coates, claro, deu uma grande polémica nos programas desportivos da noite, onde estiveram os comentadores sportinguistas. Que eu tenha percebido, desta vez, Bruno de Carvalho não se incomodou.

O que marca o dia

Costa quer dançar o tango a quatroabre a porta a Rui Rio, mas quer que os consensos sejam alargados ao BE e PCP - que são e serão a prioridade do Governo. Ontem, de resto, o primeiro-ministro deu um chega-para-lá numa ideia de Rui Riopara reformar a Segurança Social. E, contas feitas aos consensos, só dois em seis parecem neste momento possíveis.
Um deles não será a descentralização, apesar da nova posição comum dos autarcas das Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto: querem abrir e gerir centros de saúde até à meia-noite, diz o JN.
Mas Rui Rio terá uma ajuda de Marcelo: o Presidente revelou esta madrugada que o líder do PSD quis saber da sua disposição para se empenhar na construção de consensos nacionais - e acrescentou que a resposta foi positiva. Marcelo já só quer saber o calendário, testemunhou a Leonete Botelho.
Esta noite, Rio disse esperar ter "uma liderança longa", o mesmo que dizer que não terá que sair se perder as legislativas. “Depende de muitos factores", disse numa entrevista à RTP, onde recusou comentar a escolha de Elina Fraga para vice do partido.
Elina Fraga está a ser investigada pelo MP, depois de uma queixa sobre a forma como geriu a Ordem dos Advogados. A social-democrata diz que a auditoria é "persecutória" e que desconhecia investigação judicial. E quem é que defendeu Elina (e Rui Rio)? Marinho e Pinto, sempre em luta contra "as elites".
Os 758 ricos de Portugal vão ser escrutinados. A Unidade dos Grandes Contribuintes do Fisco tem 17 inspectores para fiscalizar quem tenha rendimentos acima de 750 mil euros/ano.
Se for um contribuinte sem senha, descanse: o DN diz hoje que vai receber a password nestes dias, para entregar a declaração pela internet.
... Se tiver uma renda antiga também. Parece que a esquerda se prepara para o ajudar, diz o Negócios.
...Mas se for mutualista não. Porque o Montepio pode ter mais um problema em mãos: a venda das seguradoras aos chineses está em risco, conta a Cristina Ferreira, por causa da deterioração das contas.
Uma nova injecção de capital no Novo Banco “é prematura”A garantia veio do Governo, que é quem tem que pôr lá o dinheiro. Segundo o Jornal de Negóciosos prejuízos do banco chegaram aos 1,6 mil milhões em 2017.
Portugal está entre os 20 países com menos mortes de recém-nascidos. A boa notícia, para variar, é que neste caso a Unicef não tem que se preocupar connosco.
Guterres quer que saibamos "aprender a aprender". O secretário-geral da ONU, agora honoris causaavisa para a falta de regulação das novas tecnologias.
Quem não aprende é o presidente do Sporting. Para escapar a multas, Bruno de Carvalho jura que o clube não está em blackout. Mas, apesar de tudo o que disse e fez, a única reacção que teve foi a do sindicato dos jornalistas. Eu, sócio confesso, só consigo chamar a isto o Sporting Clube de Pyongyang.
Já a RTP, jura que aprendeu a lição. Depois do "infeliz incidente" no Festival da Canção, a televisão pública garante que não repete o erro. Parece que a culpa foi de um funcionário, diz o Observador.

Acrescentar um ponto 

1. A geração pós-Columbine está farta de orações. Emma González, 18 anos, tem uma pergunta para o Presidente Trump: "Quanto dinheiro recebeu da National Rifle Association?" David Hogg, 17 anos, tem uma mensagem para os congressistas norte-americanos: "Nós somos as crianças, vocês é que são os adultos. Trabalhem em conjunto e façam alguma coisa." Na semana passada, Emma e David escaparam às mais de 100 balas que o seu ex-colega Nikolas Cruz disparou contra alunos e funcionários de uma escola na Florida. E saíram desse pesadelo com uma promessa vestida de ultimato, nunca antes feita com tanta raiva e convicção. O Alexandre Martins explica qual é.
2. Se uma mulher negra descobre que é neta de um criminoso nazi, isso é a vida real. E foi o que aconteceu a Jennifer Teege: descobriu, por mero acaso, que era neta de Amon Göth, o líder do campo de concentração nazi de Plaszow, na Polónia, que aparece como uma das figuras centrais do filme A Lista de Schindler. Depois de uma busca intensa para se reconciliar com esta herança que desconhecia, contou tudo num livro que chega agora ao mercado português. E tudo começou numa biblioteca, conta a Patrícia Carvalho, que esteve à conversa com ela.
3. “O que vemos na África do Sul é a democracia a funcionar, com muita força”. No dia em que aterrou em Lisboa para receber um Doutoramento Honoris Causa, a África do Sul vivia uma situação de impasse político. Um dos pais da Constituição sul-africana pós-apartheid, juiz, exilado político, activista, Albie Sachs conversou com o P2 no meio de um turbilhão de acontecimentos no seu país. "Está optimista, mas pessimista"Como assim, Filipa Guimarães?
4. Itália: quando ganhar não significa (de certeza) governar. Já não vai haver novas sondagens até os italianos irem às urnas, a 4 de Março. Como sempre, os inquéritos estão proibidos nas duas últimas semanas de campanha. Mas não é por isso que as dúvidas sobre quem irá governar o país que mais vezes muda de Governo na Europa são mais. “Nenhuma maioria é possível”, escreveu em título o diário La Repubblica. “Sem maioria”, escolheu o Corriere della SeraSerá, Sofia Lorena?

A agenda de hoje

António Costa recebe Rui Rio ao meio-dia, na Residência Oficial de São Bento, no primeiro dia do resto deste ciclo político, enquanto na AR a Conferência de Líderes marca os debates das próximas semanas. Marcelo estará a ver de longe, em São Tomé, onde está agora em visita oficial.
Em Bruxelas, o Ecofin formaliza a nomeação do espanhol Luis de Guindoscomo novo vice-presidente do BCE, substituindo o português Vítor Constâncio já em Junho. Enquanto, na Alemanha, os militantes do SPD começam a votar a "grande coligação"
Despeço-me com um convite: hoje, às 17h30, vamos receber Paulo Furtado - perdão, Legendary Tigerman - que nos vem mostrar o seu novo álbum. O Vítor Belanciano faz-lhe as honras da casa, aqui no auditório do PÚBLICO, ou no site, se não puder juntar-se a nós.   
Tenha um dia feliz e produtivo.
Até amanhã!

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