A 24ª edição da Festa Ibérica da Olaria e do Barro vai decorrer entre os dias 24 e 27 de maio em Salvatierra de los Barros, na Extremadura espanhola, com a participação de 13 olarias do Centro Oleiro de S. Pedro do Corval. Este certame organizado pelo Município de Reguengos de Monsaraz, Ayuntamiento de Salvatierra de los Barros e Junta de Freguesia de Corval une os dois maiores centros oleiros da Península Ibérica, nomeadamente S. Pedro do Corval, no concelho de Reguengos de Monsaraz, e Salvatierra de los Barros.
Para além das olarias de S. Pedro do Corval, participam nesta edição da Festa Ibérica da Olaria e do Barro mais 12 olarias portuguesas, nomeadamente de Algés, Queluz, Cacém, Vila Nova de Milfontes, Caldas da Rainha, Assafora, Mourão, Valongo do Vouga, Baixa da Banheira, Santa Catarina, Amares e Coimbra. Este evento transfronteiriço de promoção cultural e turística é organizado em anos alternados em cada município para valorizar a olaria, chamar a atenção para o seu valor artesanal e artístico e apontar estratégias para o seu desenvolvimento económico e profissional.
O programa da 24ª edição da Festa Ibérica da Olaria e do Barro abre na quinta-feira, dia 24 de maio, às 18h, com a cerimónia de inauguração, visita aos stands e à Ermida dos Mártires. Na manhã de sexta-feira decorre uma gincana fotográfica, às 16h haverá uma festa zumba e à noite realiza-se um concerto com a Banda de Música Municipal de Salvatierra de los Barros.
No dia seguinte, 26 de maio, às 12h, têm início as jornadas técnicas que vão analisar o setor da olaria e às 12h30 haverá um showcooking com Domingo Álvarez Zambrano sobre cozinhar em peças de barro. Entre as 12h e as 14h realiza-se um workshop de olaria para crianças, segue-se às 16h30 um concerto com a Banda e o Coro Polifónico da Sociedade Filarmónica Corvalense e pelas 17h30 atuam os grupos Dance Forever e Dance Forever Junior. Às 18h30 realiza-se um jogo de futebol entre equipas do clube local, o Club Deportivo Alfar Salvatierra, e a fechar, pelas 23h, decorre o espetáculo de luzes “Noche en colorado”.
O último dia da Festa Ibérica da Olaria e do Barro terá a partir das 12h a segunda parte das jornadas técnicas, também ao meio dia haverá um workshop para crianças sobre decoração e pintura de peças de olaria, fechando o programa com a entrega de prémios do jogo de futebol e da gincana fotográfica
Sobre o Centro Oleiro de S. Pedro do Corval
O Centro Oleiro de S. Pedro do Corval é considerado o maior de Portugal com 22 olarias em atividade que continuam a pintar os motivos típicos do Alentejo, como por exemplo o pastor, a apanha da azeitona e a vindima. No concelho de Reguengos de Monsaraz foram encontrados vestígios de olaria desde os tempos pré-históricos, nomeadamente de peças feitas à mão, descobertas, por exemplo, em antas da região.
Em 1276, D. Afonso III, no foral Afonsino de Monsaraz, reconhece privilégios aos oleiros do seu termo que poderiam assim ter livremente fornos de olaria. No foral Manuelino, de 1512, também há referência à olaria do concelho, e já em 1905 S. Pedro do Corval teria cerca de 30 oficinas em funcionamento, havendo a distinção entre as de louça miúda, as de talha para o vinho (seriam quatro) e as de tarefas para a aguardente (seis), o que demonstra também a importância da localidade na produção vinícola.
A olaria de S. Pedro do Corval é uma marca registada pois o Município de Reguengos de Monsaraz registou em 2008 no Instituto Nacional da Propriedade Industrial as marcas nacionais “Olaria de São Pedro do Corval”, “Rota da Olaria”, “Rota dos Oleiros” e “Olaria”.
Em 2015 foi inaugurada a Casa do Barro, um centro interpretativo que visa preservar, promover e assegurar a sustentabilidade da olaria de São Pedro do Corval, proporcionando a todos os visitantes o conhecimento e a aprendizagem sobre a arte oleira e o barro através de oficinas, palestras e outras atividades. A Casa do Barro resulta da reabilitação de uma antiga olaria, envolta em história e tradição, com dois fornos a lenha que serviam para cozer a louça, um tino onde se coava o barro e rodas de oleiro com as suas imponentes arquinas. A recuperação deste local permitiu recriar o ciclo do barro, desde a terra ao produto final.
O centro interpretativo tem à disposição do público o Espaço Atividade, onde se realizam iniciativas com oleiros e ceramistas e os visitantes podem aprender a manusear o barro e a produzir uma peça numa roda de oleiro. A Área Expositiva tem informação sobre todas as olarias em atividade e no Espaço Memória os visitantes encontram objetos e documentos sobre a história do centro oleiro, incluindo peças de barro antigas, dois fornos tradicionais a lenha, um tino, um tanque e rodas de oleiro. No Espaço Mostra, ao ar livre, podem ser apreciadas as peças produzidas pelas olarias atualmente em atividade.
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