O Benfica foi avassalador na primeira parte, mas acabou a tremer. Ferreyra ainda é um corpo estranho no ataque
Vamos ser sinceros com os leitores e vamos fazer uma pequena confidência: pergunte ao jornalista que acompanhou o jogo, minuto a minuto, no Match Centre Bancada, como correu a primeira parte e vai achar muita piada à resposta. A intensidade aplicada pelo Benfica nesse momento da partida foi de tal ordem que o rapaz poucas vezes tirou a cabeça do computador a fazer o relato do jogo. Os encarnados recuperavam a bola quase em cima da área adversária e os golos de Pizzi surgiram em catadupa. No fim, o Vitória de Guimarães teve um assomo de orgulho e aproveitou a saída de Fejsa para fazer tremer... Ferreyra. O avançado que vai calçando as botas de Jonas é ainda um corpo estranho no ataque do Benfica.
“Ufa!” Foi desta forma que o pobre jornalista, a suar, reagiu ao apito de João Pinheiro para o intervalo. É que não foi fácil voltar ao ativo com um jogo destes. O Benfica entrou com o gás todo, a pressionar muito alto, a recuperar a bola quase em cima da área do Vitória de Guimarães e com dois ou três jogadores com muita fome de bola: foram eles Salvio, Gedson e Pizzi. Ainda os adeptos procuravam os seus lugares e já o extremo argentino tinha um par de investidas pelo seu flanco no bolso. Gedson também fez uma excelente primeira parte e começa a não haver qualquer dúvida de que este miúdo é mesmo um grande jogador. Já Pizzi foi todo ele eficácia e golo, e mais golo, e outro golo.
A forma como Gedson oferece músculo ao meio-campo do Benfica e ao mesmo tempo permite queimar algumas linhas sempre em velocidade e com a bola controlada faz lembrar um outro médio que por ali passou há um par de anos. Este miúdo é craque e bem vai fazendo Rui Vitória em dar minutos a Gedson. Obviamente tem coisas a melhorar, por exemplo, o momento da transição defensiva, onde por vezes parece desposicionado dado a sua propensão ofensiva.
Foi, curiosamente, este aspeto que o Vitória aproveitou para conseguir chegar à baliza do Benfica na primeira parte. Aconteceu nas poucas vezes que a equipa de Luís Castro ultrapassou a primeira cortina de pressão encarnada e conseguiu que João Carlos Teixeira tivesse a bola no meio-campo adversário. Os minhotos não chegaram ao golo numa dessas ocasiões por mera infelicidade já que Boyd atirou a bola ao poste. Mas exceptuando este lance, e um cabeceamento de Tallo para defesa de Vlachodimos, só deu Benfica nos primeiros 45 minutos.
O corpo estranho chamado Ferreyra
Talvez com a cabeça na importante viagem à Turquia, para defrontar o Fenerbahçe num jogo que pode valer milhões, o Benfica entrou determinado a resolver o jogo o quanto antes. Neste particular, Pizzi foi extremamente eficaz e aproveitou todas a bolas que lhe surgiram à frente em zona de remate. O médio fez de Jonas e marcou três golos. A certa altura só apetecia dizer: ‘mas que grande “Pizzadela” estava a equipa de Luís Castro a levar’.
Mas nem tudo foi bom no Benfica. Dê uma olhada no parágrafo acima, quando dizemos que Pizzi fez de Jonas. Pois. Foi Pizzi que fez esquecer a ausência do goleador brasileiro já que o ponta-de-lança de serviço, Ferreyra, não foi capaz. E não só não foi capaz de fazer o golo quando teve um pontapé de penálti à sua disposição como continua a demonstrar uma grande dificuldade em se dar ao jogo dos médios e dos extremos. O argentino é, nos dias de hoje, um corpo estranho no ataque do Benfica.Outro aspeto que pode fazer soar os alarmes na Luz é o facto de a equipa ter respondido negativamente à saída de Fejsa. O Vitória de Guimarães passou a ganhar a batalha de meio-campo, que até então tinha pertencido aos encarnados e conseguiu mesmo reduzir a desvantagem de forma vertiginosa. A entrada de Alfa Semedo para o lugar do sérvio teve o condão de animar os vimaranenses que marcaram dois golos em cinco minutos.
Assim sendo, o Benfica terminou o encontro com o credo na boca quando nada o fazia prever, tão avassalador que foi na primeira parte.
Bancada
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