O Ciclo de Teatro Amador do Concelho
de Cantanhede tem este fim de semana a sua penúltima jornada, com
espetáculos em Cadima, Vila Nova de Outil, Zambujal e Franciscas. O
programa de dinamização da atividade teatral promovido pela
autarquia cantanhedense com a participação de 17 grupos cénicos
afirmou-se mais uma vez como uma iniciativa de assinalável impacto
cultural nas comunidades locais, com reflexos muito positivos ao
nível do intercâmbio comunitário.
É isso que se espera de novo no
sábado, 30 de março, às 21h30, com a atuação do Grupo de Teatro
Musical da Filarmónica de Covões no salão da Junta de Freguesia de
Cadima, tendo como anfitriã a União Recreativa de Cadima. Depois de
ter estreado em casa “Brilhantina – O Musical”, a jovem
companhia teatral de Covões volta a apresentar, desta vez ao público
de Cadima, a adaptação de “Grease” que fez furor em 1978 com a
versão cinematográfica protagonizada por John Travolta e Olívia
Newton-John. No espetáculo concebido por Jim
Jacobs e Warren
Casey a ação decorre no verão de 1958, quando Danny Zuko e
Sandy Dumbrowski se apaixonam na praia. Terminada a época balnear,
Sandy, cuja família está a pensar regressar à sua Austrália
natal, teme pela separação definitiva do seu amor. Porém, uma
alteração dos planos familiares faz com que Sandy e Danny se
reencontrem na mesma escola. A partir daí o espetáculo desenrola-se
ao ritmo de uma banda sonora recheada de êxitos, mostrando o
dia-a-dia dos adolescentes numa comunidade escolar dos Estados
Unidos, nos anos 1950. Abordando os problemas próprios dos jovens,
os seus amores e os desencontros, a sexualidade e a gravidez na
adolescência, o alcoolismo e o tabagismo, entre outros, a peça faz
prevalecer uma mensagem da amizade e companheirismo na juventude.
Também no sábado, o Grupo de Teatro
“Renascer” da Sanguinheira cumpre a sua jornada de itinerância
para apresentar, na sede do Clube União Vilanovense, às 21h30, uma
adaptação de “Aqui há Fantasma”, de Henrique Santana. A ação
decorre numa casa senhorial abandonada após o assassinato de um
criado. O professor Hermes procura testar o produto de uma
investigação de muitos anos: a pílula da coragem. Para isso
desafia um jovem medroso a passar a noite na velha mansão,
assombrada sim mas pelo criado do investigador. O pior é que… vai
ser um serão de morrer de rir pelos equívocos gerados por tal
artifício.
Ainda no sábado, igualmente às
21h30, a Associação Juvenil do Zambujal e Fornos acolherá o Grupo
de Teatro do Pedra Rija, de Portunhos, que leva ao palco do salão da
Associação Cultural e Recreativa do Zambujal Médico
à Força. Trata-se de um
clássico de Molière que conta a história de um simples lenhador,
Sganarelo, que é levado pelas circunstâncias a exercer a medicina.
É verdade que ele já tinha sido em tempos criado de um médico e
que dessa convivência tinha resultado a aprendizagem de um conjunto
de práticas e de uns quantos termos apanhados de ouvido, alguns em
latim macarrónico, conhecimentos que iam servindo para exercer um
certo tipo de medicina, para pasmo dos pacientes e familiares. Uma
sátira sobre os médicos de outros tempos que também ridiculariza
os pais que tantos entraves colocavam às inclinações amorosas de
suas filhas.
Finalmente, no domingo, é a vez de O
Cénico dos Esticadinhos de Cantanhede visitar a Associação do
Grupo Musical das Franciscas para apresentar na sede desta
coletividade, às 15h30, uma adaptação de “O Sentido da Vida”,
comédia de Emílio Boechat que procura respostas a algumas
interrogações e inquietações de toda a gente sobre o sentido da
vida. Uma peça espirituosa e divertida, pontuada de algum nonsense,
em que a única certeza relativamente à vida é mesmo a morte…
Sobre o Grupo de Teatro Musical da
Filarmónica de Covões
A memória coletiva, sobretudo de
transmissão oral, sustenta que a 13 de junho de 1868, “um grupo de
homens liderado por Manoel Francisco Miraldo formou pela primeira vez
a Banda de Covões para tocar na festa de Santo António, padroeiro
da localidade.”
Pessoa distinta, bem formada e com
ligações a um movimento político e a personalidades bem colocadas,
Francisco Manoel Miraldo terá liderado a fundação da filarmónica
mais vetusta do concelho de Cantanhede, recrutando para o efeito
instrumentistas entre os rapazes de Covões e das localidades mais
próximas, “jovens com a pele queimada do sol e as mãos calejadas
do trabalho agrícola que se juntavam, em ambiente de convívio, para
aprender música, tomar contacto com os instrumentos e treinar
movimentos de marcha”.
No âmbito do trabalho desenvolvido na
disciplina de canto da sua escola de música, formou-se em 2016 o
Grupo de Teatro Musical de Covões, que conta já com diversas
apresentações nos concelhos de Cantanhede e de Mira.
Sobre o Grupo de Teatro Renascer da
Sanguinheira
O Grupo de Teatro Renascer é uma
secção do Centro Social de Recreio e Cultura da Sanguinheira
(C.S.R.C.S.), a associação com atividade cultural (organizada) mais
antiga da Freguesia da Sanguinheira, estreando-se ao público pela
primeira vez em 26 de março de 1981.
O Grupo surgiu da vontade de um
conjunto de jovens representar. Iniciou a sua atividade nessa altura
para não mais cessar e levar continuamente a palco, todos os anos,
peças de autores consagrados, como também algumas escritas por
elementos ligados ao grupo, tanto da Sanguinheira como de outras
localidades.
Para
além das peças de teatro, que tem apresentado publicamente durante
os largos anos de existência, os elementos do grupo também
participaram em várias edições da Feira Medieval de Coimbra, como
figurantes, e entre os seus associados encontramos os fundadores da
primeira associação da Freguesia da Sanguinheira (C.S.R.C.S.).
Sobre o Teatro da Associação
Cultural Desportiva e Recreativa “Pedra Rija de Portunhos”
O teatro em Portunhos terá tido
alguma expressão há cerca de seis décadas, sendo dinamizado pelo
pároco local, Padre Ramiro Moreira. As atividades tinham lugar num
espaço cedido por D. Antónia Moreira, sobrinha e herdeira do
Conselheiro Ferreira Freire.
Entretanto, com a constituição da
Fundação Ferreira Freire e, mais tarde, a construção do novo
salão pela Fundação Ferreira Freire, a Associação Cultural
Desportiva e Recreativa “Pedra Rija de Portunhos”, fundada em
1978, passou a realizar algumas atividades nesse local, apresentando
a partir de 1983 uma ação teatral mais consistente que levou a cena
o drama, em três atos, “Justiça ou vingança” de Gabriel da
Frada, as peças “A flor de aldeia” (opereta), “O doente
imaginário” (Moliére), “Almas do outro mundo” (comédia em
dois atos), “O mar” (Miguel Torga), “Na boca do lobo”
(comédia), para além de outras pequenas peças.
Com o advento dos Ciclos de Teatro de
Cantanhede, foi reiniciada a atividade em 2004, sendo preparada a
peça “De um caso…virá um dia, virá…”, a partir dos textos
“O meu caso”, de José Régio, e “Virá um dia, virá…” de
António Cabral, dando-se a estreia no início de 2005. Seguiram-se
as peças “Na Barca de Mestre Gil” (Gil Vicente) de Jaime
Gralheiro, “O Doido e a Morte” de Raul Brandão, “Temos tempo
Matilde” de António Cabral e “A Revolta da Maria da Fonte” de
Dino de Sousa, que foi apresentada em 2008. Em 2009 foi apresentada a
peça “Leandro Rei da Helíria”, de Alice Vieira. Em 2010 o
espetáculo “História com Reis, Curandeiros e outros que tais”
foi construído a partir das peças “História com reis…” de
Manuel António Pina e “Auto do Curandeiro” de António Aleixo e
em 2011 “Ai, os preços!...” foi uma adaptação da obra “Os
preços” de Jaime Salazar Sampaio. Em 2012 surgiu a peça “Onde
me levam as minhas botas?” como adaptação da peça “Salta para
o saco” de António Torrado, e em 2013 foi apresentado “O
Feiticeiro de Oz”. Finalmente em 2014, no âmbito das comemorações
do trigésimo aniversário da Associação foi reposto o espetáculo
“Onde me levam as minhas botas?”.
No ano 2018, o Grupo de Teatro do
Pedra Rija regressou novamente ao XX Ciclo de Teatro Amador do
Concelho de Cantanhede com a peça Viagem à Flor de Aldeia,
(adaptação de Isa Carvalho e Inês Laranjeira de Flor de Aldeia de
Henrique Luso, 1927).
Sobre o Grupo de Teatro do Rancho
Regional “Os Esticadinhos” de Cantanhede
O Rancho Regional “Os Esticadinhos”
de Cantanhede, fundado em 1935, conhecido e reconhecido pelos seus
pares, mesmo além-fronteiras, de modo a construir mais uma fonte
onde as suas gentes pudessem beber cultura, formou em 1985 o grupo de
teatro “Os Esticadinhos”. Para a sua génese em muito
contribuíram Carlos Garcia, que fazia parte da direção desta
coletividade desde então, e António Francisco, conhecido por todos
como “Chico Carteiro”, o qual durante anos coordenou as peças de
teatro (“Culpa e perdão”; “Malditas letras”; “Deus,
ciência e caridade”; “Marido da minha mulher”; “Código
penal”; “como se vingam as mulheres”; “Erro judicial”; “Meu
marido que Deus o haja”; “Justiça ou vingança”; “Criado
distraído”; “A órfã”; “Que mulheres”; “Casa de Pais”;
“Cavalheiro respeitável”; “Duas causas”; “Marido de duas
mulheres”; “Filho pródigo”; “Tire daí a menina”; “Filho
sozinho”; “Flor da Aldeia”; “Crime de uma mulher honesta”;
“Namoro engraçado”; “Rainha Santa” e “Processo de Jesus”).
A peça “Processo de Jesus” foi relevante, tendo alcançado um
êxito a nível de teatro amador no concelho. Participaram quatro
dezenas de personagens, elementos do grupo, bem como atores dos
grupos de teatro das Franciscas, Murtede, Sanguinheira e Vila Nova de
Outil. Esta peça foi a palco em todas as localidades referidas e
várias vezes na cidade de Cantanhede, chegando a ser apresentada na
cidade de Viseu no ano de 2000.
Em 2003 foi levada a palco a peça
“Inês de Castro” encenada por Dulce Sancho.
Em 2004, passou a coordenar o grupo de
teatro Carlos Pacheco, o qual encenou e levou a palco as peças
“Terra Prometida”, “Está lá fora o Sr. Inspetor”, “Tá
tudo Maluco”, “Hotel 69”, “Inês de Castro e Rainha Santa”
e “A Sr.ª Presidenta”. Todas as peças referidas são originais
escritas pelo próprio Carlos Pacheco e apresentadas no Ciclo de
Teatro promovido pelo Município entre os anos de 2004 a 2011.
Por ser uma vontade da Direção do
Rancho Regional “Os Esticadinhos” e umas valências de grande
importância para dar de beber cultura e lazer, em 2016 foi ativado o
Grupo de Teatro “Esticadinhos”, do qual é responsável Fernando
Geria, tendo reunido um grupo de voluntários maioritariamente
“esticadinhos”, movidos pelo “bichinho do Teatro”.
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