João Lobo, presidente da Câmara Municipal de Proença-a-Nova
O incêndio que deflagrou este domingo, 13 de setembro, cerca das 14h00, continua ativo, com várias frentes em Proença-a-Nova, atingindo também os concelhos de Oleiros e Castelo Branco a quem deixo uma palavra de amizade e solidariedade. Foi um fogo muito rápido na sua progressão devido ao vento e houve, de facto, insuficiência de meios na sua parte inicial, tanto mais que tivemos, por exemplo, a povoação das Fórneas sem carros de combate e a população teve de se unir e fazer um esforço que importa registar para salvaguardar a aldeia. De realçar aqui a importância das faixas de gestão de combustível: as Fórneas, e bem, fez essa faixa e foi exatamente por isso que, com a gravidade de todo o cenário, houve capacidade de contenção do incêndio e depois de combate mais eficaz.
Na progressão deste incêndio foram afetadas as povoações de Cunqueiros, onde começou, Travesso, Herdade, Esfrega, Dáspera, Mó, Alvito da Beira e Fórneas, no fundo toda a zona norte do concelho que ainda tínhamos verde. Grande parte dessa área era regeneração dos fogos de 2003, portanto, floresta com 17 anos que agora perdemos. A Dáspera foi a povoação mais afetada porque o incêndio penetrou no núcleo da aldeia, sem com isso criar danos em casas de habitação, também muito por influência da sua população e da sua atitude, que depois teve o apoio de bombeiros durante a noite.
Na manhã desta segunda-feira, 14 de setembro, já há equipas do Município a fazer um primeiro levantamento quanto aos danos e as necessidades das populações relativamente quer à parte agropecuária, quer aos danos causados nas infraestruturas, para tentar perceber o tamanho desta que já é uma tragédia porque é uma área imensa de devastação, continuando nós com um problema que é a gestão florestal e a continuidade, ao longo dos anos, dos ciclos de fogo que vão dizimando a capacidade de gerar riqueza através da floresta e dos seus ativos.
Nestas circunstâncias, evidentemente que os municípios, mas com responsabilidade maior a Administração Central, apesar das medidas que têm vindo a ser tomadas tem que de uma vez por todas haver resposta para um problema com consequências gravíssimas que se traduzem no definhamento destes territórios, no seu despovoamento e na falta de capacidade de voltar a gerar riqueza a partir da floresta. O Município de Proença-a-Nova encontrar-se-á sempre disponível para encontrar soluções, mas que sejam soluções pensadas, rápidas e que se traduzam em ação.
Uma palavra última para os nossos bombeiros que têm estado sempre na primeira linha ainda que este 2020 se tenha mostrado, até ao momento, um ano muito difícil. São mais 5 vítimas, bombeiros que ficaram feridos e, felizmente, neste momento nenhum se encontra em perigo, mas dois deles ficarão com sequelas devido às queimaduras que sofreram. No incêndio de 25 de julho já tínhamos perdido uma vida humana e tivemos quatro outros bombeiros feridos. Nestes dois incêndios perdemos três viaturas. É, por isso, o momento para ressalvar a condição da corporação dos Bombeiros Voluntários de Proença-a-Nova, o seu comando e a sua direção, naquilo que tem sido de facto a resiliência em enfrentar estes infortúnios e mesmo assim não abandonarem o seu posto.
Continuamos a acompanhar o evoluir desta situação, esperando que consigamos dar por circunscrito este incêndio rapidamente, impedindo uma maior tragédia do que aquela que já temos entre mãos.
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