quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

HISTÓRIA DOS OLHARES

 

  • Plinio Corrêa de Oliveira

Desejaria um dia estudar um capítulo especial da História da humanidade: a história dos olhares! Dos olhares magníficos, dos olhares esplendorosos, dos olhares suaves, dos olhares doces, dos olhares tristes, dos olhares de esperança, dos olhares de perplexidades! Dos olhares de indagação, de ordenação, de planejamento, de imprecação, de castigo!

Ou o olhar bondoso e jubiloso de Nossa Senhora ao pousar sobre seus devotos, ou ainda o olhar tão poderoso de Nosso Senhor Jesus Cristo!

Para se ter uma ideia do que pode produzir em nós o olhar de Nosso Senhor, pensemos no olhar mais famoso da História: aquele olhar que Ele deitou em São Pedro e que o mudou de um momento para outro.

Pense na dureza de São Pedro… Antes da negação, ele tinha proclamado que Nosso Senhor era Deus! Dirigindo-se ao Apóstolo, Nosso Senhor afirmou: “E eu digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16,18). Podemos imaginar como Nosso Senhor olhou São Pedro nessa hora. O Apóstolo ficou enlevadíssimo!

Entretanto, depois ele manifestou uma dureza tal que chegou a negar Nosso Senhor. Foi quando o galo cantou que ele caiu em si… Jesus passou por ele e o olhou… E São Pedro começou a chorar. Arrependeu-se tão profundamente que chorou até o fim de sua vida, de tristeza pelo seu pecado.

Se o olhar de Nosso Senhor pode exprimir tanta tristeza que mude a vida de um homem, e que transforme um tíbio numa tocha de admiração, podemos imaginar de quanto gáudio o olhar de Deus pode encher um homem! Este poderia exclamar: “Meu Deus, o que são os vitrais das catedrais? O que são as estrelas do firmamento? O que são os reflexos do céu sobre as águas do oceano, em comparação, simplesmente, com um minuto em que eu pudesse fitar o vosso olhar?! Meu Deus, um só olhar para mim e minha alma estará salva!”.

Outro exemplo do olhar divino: ver Jesus olhar Nossa Senhora, e vê-Los se fitarem um no olhar do outro. Que cena! Na eternidade poderemos ver o prolongamento dos colóquios que em Belém havia entre o Menino Jesus e Sua Mãe Santíssima. Essas são as alegrias do Céu! Elas nos lembram as palavras de Nosso Senhor, que têm uma harmonia e uma beleza incomparáveis: “Serei Eu mesmo a vossa recompensa demasiadamente grande” (Gen. 15, I).

ABIM

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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 10 de setembro de 1983. Esta transcrição não passou pela revisão do autor.

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