Quem visita os Passadiços do Paiva e a 516 Arouca – ponte suspensa depara-se, por estes dias, com uma novidade implantada no terreno contíguo ao Pórtico de Canelas que serve de acesso àquelas infraestruturas turísticas do concelho de Arouca. Proeminente, a destacar-se do meio envolvente está um pilar alaranjado com um QR Code no topo. De informação turística nada contém, mas os dados a que o ID Pruf permite aceder querem mudar radicalmente a forma de identificar e demarcar as propriedades rústicas.
O Município de Arouca associou-se a Bruno Pires, gerente hoteleiro de profissão, na concretização desta ideia. O jovem, natural do concelho vizinho de Oliveira de Azeméis, encontrou em Arouca portas abertas para a discussão, melhoramento e concretização deste projeto, não só através da autarquia como também pela Associação Florestal Entre Douro e Vouga. Vê, agora, o protótipo do primeiro identificador ID Pruf ganhar lugar definitivo no terreno que identifica: o artigo rústico número 1468. Outros quatro serão colocados brevemente noutras propriedades do município.
A ideia parece simples, mas vem, logo à partida, criar solução para velhos problemas na gestão florestal. Desde logo, o desconhecimento das delimitações das propriedades pelos proprietários e confrontantes, com recurso à georreferenciação dos marcos existentes nos terrenos e ao cruzamento dos dados com a informação disponível e as cadernetas prediais.
“Cada identificador contém a informação recolhida sobre a propriedade, apresentada em dois níveis de acesso”, explicou o mentor do projeto durante a apresentação aos técnicos e executivo municipal numa sessão que decorreu esta quinta-feira, em Arouca. “O primeiro nível é aberto a todos os que apontem a câmara de um smartphone ao QR Code – com leitura até 3 metros de altura – e apresenta informações públicas como o artigo matricial, localização do prédio em termos de distrito, concelho, freguesia e lugar, assim como as coordenadas GPS. Já a restante informação exige o acesso através da conta do utilizador e apresenta a identificação do proprietário, as confrontações e os elementos do prédio rústico constantes na Caderneta Predial e permite ainda ter uma apresentação visual das delimitações do terreno no mapa”, conclui.
Entre as soluções propostas, está ainda a possibilidade de partilha dos dados com as autarquias locais, bombeiros e outros agentes de proteção civil e a autoridade tributária, possibilitando a rápida identificação e contacto com os proprietários de uma determinada parcela. Para Margarida Belém, presidente da edilidade arouquense, “este pode ser um excelente recurso para que nós, enquanto autarquia, possamos conhecer e gerir melhor a nossa floresta, identificando rápida e detalhadamente os proprietários e os limites de cada prédio rústico”.
O futuro? Deteção de incêndios e produção em grande escala
Mas nem só na identificação se baseia esta ideia, que quer ter também o foco na rápida deteção de incêndios e trabalha já para incluir um acessório que sinalize, de imediato, às autoridades competentes a existência de um incêndio florestal na área. “Com isto, queremos facilitar o trabalho das corporações de bombeiros no combate aos incêndios, assinalando precocemente o início de um fogo e dando indicações precisas, através de coordenadas GPS, sobre a origem do alerta enviado”, frisa o mentor.
Garantido o registo da patente da plataforma que permite gerir todos os dados contidos no ID Pruf, o próximo passo depende do acolhimento que a ideia venha a ter junto da população e das entidades governamentais. Este diz respeito à produção economicamente viável de grandes quantidades de identificadores ID Pruf em material auto-extinguível, um trabalho que tem vindo a ser desenvolvido nos últimos meses com vista a alterar radicalmente a forma como se olha para a demarcação de propriedades rústicas em Portugal.
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