A Universidade de
Coimbra (UC) integra projeto internacional que pretende aumentar a
resiliência da apicultura a fatores de stress abióticos, como
mudanças climáticas, perda de habitat e compostos químicos,
nomeadamente pesticidas. José Paulo Sousa, investigador do Centro de
Ecologia Funcional da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC
(FCTUC), é o coordenador do projeto “Better-B”
na UC, agora contemplado com cerca de 6 milhões de euros.
«As
colónias de abelhas melíferas estão muitas vezes mal adaptadas
para lidar com estes fatores de stress, em grande parte devido às
práticas modernas de apicultura»,
afirma o investigador, revelando que «a
chave para uma apicultura resiliente é aproveitar o “poder da
natureza” para restaurar a harmonia e o equilíbrio dentro das
colónias e entre as colónias e o meio ambiente, ambos perturbados
pelas atividades humanas».
De acordo com o
José Paulo Sousa, a solução passa por «compreender
os processos e mecanismos que se aplicam na natureza e adaptar as
práticas apícolas modernas e a tomada de decisões em conformidade,
e quando adequado, utilizando os benefícios das tecnologias
avançadas».
Assim, nos próximos quatro anos, os investigadores irão abordar
diferentes tipos de fatores de stress através de monitorização,
experimentação e modelação ecológica.
No âmbito do
projeto “Better-B”,
será realizada uma «avaliação
da qualidade dos recursos florais em diferentes habitats e ainda as
interações entre planta-polinizador, de forma a compreender melhor
os fenómenos de competição entre as abelhas melíferas e espécies
de polinizadores selvagens em situações de abundância e escassez
de recursos, recorrendo a monitorização e experimentação»,
explica o também docente da FCTUC.
Segundo o
consórcio, os dados recolhidos servirão para alimentar modelos para
avaliar a “capacidade de carga” de diferentes tipos de habitats
e, ainda, para desenvolver ferramentas de tomada de decisão sobre
como melhorar a estrutura do habitat em termos de recursos
alimentares e balancear a atividade apícola e conservação/aumento
da biodiversidade de polinizadores.
A equipa do
“Better-B” irá também avaliar o impacto da «complexidade
da paisagem e da contaminação por pesticidas no desempenho das
colónias»,
utilizando métodos de avaliação desenvolvidos e testados no âmbito
do projeto “B-Good”,
do qual a FCTUC faz parte e que tem como objetivo geral fornecer
orientação aos apicultores e ajudá-los a tomar decisões melhores
e mais informadas. «Serão
avaliados os efeitos de determinados fatores abióticos na
sensibilidade a pesticidas, realizando ensaios ecotoxicológicos com
abelhas melíferas para avaliação de efeitos letais e sub-letais. A
UC é a única instituição de ensino superior
em
Portugal a realizar este tipo de ensaios»,
ressalva o docente da FCTUC.
Neste projeto
será igualmente avaliado o impacto da Vespa velutina nigrithorax,
também conhecida como vespa asiática, nas colónias de abelhas.
«Aqui,
utilizaremos métodos de monitorização e será uma extensão de
dois projetos da UC em parceria com as comunidades intermunicipais
das regiões de Coimbra e Viseu-Dão-Lafões»,
conclui José Paulo Sousa.
O “Better-B”
é um projeto financiado pela Horizonte Europa e junta 17
instituições de países como Alemanha, Bélgica, Dinamarca,
Espanha, França, Itália, Noruega, Países Baixos, Polónia,
Portugal, Reino Unido, Roménia e Suécia.
Sara
Machado
Assessora
de Imprensa
Universidade
de Coimbra• Faculdade de Ciências e Tecnologia
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