Um estudo da
Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra
(FCTUC) sugere que os microplásticos acumulam mais bactérias
resistentes a antibióticos em substratos naturais, como a areia, em
sistemas aquáticos (rios).
Este estudo, da
autoria de Isabel Silva, aluna de doutoramento em Biociências do
Departamento de Ciências da Vida (DCV) da FCTUC, revela ainda que o
tipo de plástico influencia o número e as características das
bactérias que aderem a estas partículas.
«Recentemente,
verificou-se que as características destas partículas facilitam o
estabelecimento de um conjunto de microrganismos com características
distintas dos que se estabelecem noutros substratos. Uma das
preocupações que se levanta é a possibilidade destes
microrganismos incluírem bactérias resistentes a antibióticos,
capazes de causar infeções graves (bactérias patogénicas)»,
enquadra Isabel Silva.
Durante a
investigação, foi possível detetar «bactérias
potencialmente patogénicas incluídas na lista prioritária da
Organização Mundial de Saúde (OMS), multirresistentes, isto é,
resistentes a três ou mais classes de antibióticos diferentes, e
com características de virulência preocupantes.
A
maioria destas bactérias foi detetada em microplásticos expostos à
influência das descargas de águas residuais, demonstrando uma vez
mais o contributo destas descargas para a evolução do problema da
resistência aos antibióticos»,
observa a autora.
No entanto,
esclarece, «as
estações de tratamento de águas residuais contribuem
significativamente não só para a redução do número de bactérias
resistentes aos antibióticos nos efluentes finais, mas também para
a redução do número de microplásticos que atingem os sistemas
recetores. Mas, infelizmente, os processos de tratamento disponíveis
não são suficientemente eficazes para eliminar o impacto que
observámos neste estudo»,
lamenta a aluna.
Os resultados
deste estudo, agora publicado na revista Environmental
Pollution,
mostram a grande pertinência no apoio a medidas que possam mitigar a
dispersão da resistência a antibióticos. «Foram
apresentados novos dados que identificam as descargas de águas
residuais como determinantes na modulação, quer da composição
microbiológica dos microplásticos, quer nas características de
resistência destes microrganismos»,
aponta Isabel Silva.
Além disso,
prossegue, «o
facto de o tipo de microplásticos alterar a capacidade destas
partículas de transportarem bactérias patogénicas e
multirresistentes, poderá influenciar as escolhas futuras no que diz
respeito à utilização de diferentes tipos de plásticos. Em última
análise, este estudo apresenta mais evidências que apontam para a
necessidade premente de diminuir a utilização de plástico,
nomeadamente microplásticos, e de melhorar os tratamentos de águas
residuais de forma a reter e eliminar estes contaminantes»,
conclui.
O estudo foi
coordenado por Isabel Henriques, professora do DCV e investigadora do
Centre for Functional Ecology (CFE), e Marta Tacão, investigadora
auxilia do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Universidade de
Aveiro, e contou também com a participação de Elsa Rodrigues
investigadora do CFE.
O artigo
cientifico pode ser consultado aqui.
Sara
Machado
Assessora
de Imprensa
Universidade
de Coimbra• Faculdade de Ciências e Tecnologia
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