Narra o evangelista João que uma das primeiras
manifestações públicas de Jesus, revelando os seus poderes espirituais, ocorreu
nas bodas de Caná, onde também estava presente a sua mãe. Consagrava, assim, o
Mestre o valor e a importância do casamento e da constituição da família.
Também a Doutrina (...) ressalta o valor e a
necessidade para o próprio desenvolvimento do ser humano, não só em seu aspecto
material, como, também, no espiritual o encontro do homem e da mulher no
casamento.
Encontramos em diversos livros,
o esclarecimento de que: "o casamento é um progresso na marcha da
humanidade" e que "a abolição do casamento seria uma regressão à vida
dos animais", conforme questões números 695 e 696.
A constituição da família começa, basicamente, com a
formação do casal: marido e mulher.
A solidez e a continuidade do casamento dependem da
convivência conjugal harmoniosa fundamentada na autenticidade, na honestidade e
na compreensão de cada componente do par das suas possibilidades e limitações.
Ao longo dos séculos e dos milénios preponderou a
posição do homem no comando da mulher e mesmo dos filhos.
Essa fase está marcada pelo predomínio da força física
do homem, da mulher na função de procriadora e criadora, a sua dependência económica do homem e usos e costumes que cerceavam a sua liberdade.
Porém, no processo contínuo da evolução do ser humano
e da sociedade, o domínio do mundo exterior não depende mais da força física, a
mulher teve reconhecidos muitos dos seus direitos (ainda que recentemente ) e
ela tem possibilidade de não ser mais dependente economicamente do marido e ter
exercício de sua cidadania, bem como os usos e costumes da sociedade mudaram
muito, nos últimos cem anos.
O ambiente do lar mudou muito. Onde imperava o domínio
do marido e a submissão da mulher, hoje deve existir a vivência democrática,
quando direitos e deveres devem ser respeitados reciprocamente. No entanto, o
homem ainda traz fortes traços culturais do "machismo" que, por
incrível que pareça, começam a lhe ser inculcados pela própria mãe (o que
acontece ainda hoje).
Desta forma, os conflitos entre os casais têm sido
intensos, desgastantes e avassaladores para ambos e com terríveis consequências para os filhos.
O Mestre Jesus recomendou que "amássemos o próximo como a nós mesmos", e o próximo mais próximo de nós é a esposa ou o marido. Então o amor entre ambos é fundamental para a harmonia do lar; no entanto, temos que considerar que a palavra "amor" é muito ampla e não especifica como deve ser exercitado em cada situação em que a palavra é usada.
O Mestre Jesus recomendou que "amássemos o próximo como a nós mesmos", e o próximo mais próximo de nós é a esposa ou o marido. Então o amor entre ambos é fundamental para a harmonia do lar; no entanto, temos que considerar que a palavra "amor" é muito ampla e não especifica como deve ser exercitado em cada situação em que a palavra é usada.
O sentimento do amor deve ser expresso de forma
concreta em cada relacionamento humano e para exercê-lo é preciso atentar,
muitas vezes, para coisas que parecem insignificantes, mas sem elas ele não
será exercitado.
Assim, não só a religião indica-nos a excelência do
amor, como também a Psicologia oferece-nos "dicas" para vivência-lo
no dia-a-dia.
Quando surge um problema, para saber se estamos
sabendo enfrentá-lo, se estamos "num beco sem saída" ou se é apenas
uma questão transitória, os psicólogos propõem algumas pistas:
1. Se o conflito faz o marido ou a mulher ser
rejeitado pelo outro.
2. Os dois falam sobre o problema, mas não atingem a
solução.
3. Cada uma das partes ou mesmo uma só assume posição
radical e não aceita ceder.
4. Quando falam sobre o problema, não alcançam a
solução e permanecem frustrados e magoados.
5. Seus diálogos, e principalmente quando tratam do
assunto, não revelam interesse de solução, nem de afectividade, menos, ainda, de
bom humor.
6. No decorrer do tempo o casal se torna mais radical,
passando a se ofender reciprocamente durante o diálogo.
7. A ofensa torna o clima entre os dois mais tenso, as
posições mais arraigadas e conflitantes e cada vez mais difícil a conciliação e
o entendimento.
8. No decorrer da crise, um se separa emocional e
sentimentalmente do outro.
Sem dúvida é muito doloroso ver ou passar por tal
situação, porém os psicólogos esclarecem que nem tudo está perdido. É possível
superar as farpas e os obstáculos.
O bom caminho começa por um dividir com o outro os
seus sonhos e anseios. A interminada e não saudável discussão sinaliza
diferenças profundas entre o par, que necessita ser estudada e compreendida.
Algumas providências podem ser úteis:
1. Aprender a ouvir o parceiro.
2. Ao tratar com o parceiro sobre um problema é
preciso moderação e inicialmente procurar controlar-se emocionalmente.
3. Embora mostrando o erro, revelar-se mais tolerante
e compreensivo com o outro.
4. Aceitar, quando for o caso, a necessidade de
reparação do erro ou da falha cometida, sendo consciente de que nenhum ser
humano é perfeito e está a salvo de cometer erros.
5. Observar que seu parceiro quando discute é mais
apaziguador do que você pensa, desde que você saiba o que e como escutar.
A Doutrina "Espírita" esclarece-nos que o homem e a
mulher são Espíritos eternos que estão em um processo permanente de evolução.
Nesse processo, às vezes, a convivência é difícil, mas é natural que assim
seja, pois cada pessoa é diferente, tem pontos de vista diferente, sente e
pensa diferente.
O importante é que, na diversidade, saibamos encontrar
os pontos de diferença, e tanto quanto possível eles se constituam em pontos de
encontro e de enriquecimento mental, intelectual, sentimental e espiritual de
um para com o outro.
Vale lembrar, outrossim, que a formação e vivência
espiritual é muito importante para essa harmonização do casal. Não basta ter
religião, é preciso "ter religiosidade".
A oração e o estudo do Evangelho no lar constituem
importante instrumento de entendimento e pacificação para o casal. Então
estaremos tentando amar a nossa esposa ou o nosso marido, na realização do que
ensinou Jesus: "Amai-vos uns aos outros".
por Marco Aurélio Rocha
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