O Fundo Monetário Internacional (FMI) terminou a terceira avaliação a Portugal, no seguimento do Programa de Assistência Económica, e avisa que a estratégia do governo de António Costa vai travar a recuperação em curso.
Os técnicos do FMI que, na quarta-feira, terminaram a análise às medidas previstas no Orçamento de Estado elaborado pelo ministro das Finanças Mário Centeno não têm boas expectativas para a economia portuguesa no curto prazo.
Depois de analisarem apenas o esboço do Orçamento, sem conhecerem as medidas adicionais negociadas pelo Executivo com os técnicos da Comissão Europeia, os representantes do FMI vaticinam um défice de 3,2% e um crescimento de apenas 1,4%.
O Orçamento de Centeno prevê um crescimento de 2,1% e um défice de 2,6%.
Contudo, para o FMI, as “perspectivas de crescimento continuarão condicionadas pelos elevados níveis de endividamento e os estrangulamentos estruturais“, conforme se salienta na declaração final após a avaliação, citada pelo Dinheiro Vivo.
Perante este cenário, “o crescimento diminuirá gradualmente à medida que se dissipe o impacto das condições externas favoráveis”, salienta-se na mesma nota, citada pelo Diário Económico.
“Os riscos continuam a ser significativos, com destaque para a subida dos prémios de risco soberano, a elevada incerteza em relação ao crescimento mundial e os desdobramentos recentes no sector financeiro”, frisa o FMI.
“Para além de objectivos orçamentais suficientemente ambiciosos, as autoridades deveriam considerar a possibilidade de manter amortecedores adequados para fazer face aos riscos orçamentais”, alerta ainda o Fundo.
Relevando “os esforços para fortalecer a rede de segurança social” como “positivos”, o FMI avisa contudo, que “o aumento recente do salário mínimo pode vir a diminuir as possibilidades de que trabalhadores pouco qualificados encontrem emprego”.
“Um esmorecimento do ímpeto das reformas daqui em diante poderá diminuir as perspectivas de crescimento, emprego e rendimento de médio prazo”, destaca ainda o organismo, que revê em baixa todos os critérios definidos pelo governo no Orçamento de Estado.
Assim, o FMI prevê que o consumo privado vai crescer 1,5% ao invés de 2,6%; que o investimento desacelera para 3% contra os 4,9% apontados pelo Executivo; e que as exportações avançam 3,9% contra os 5,9% previstos pelo governo.
Em resumo, o Fundo teme que “a recuperação em curso” esteja ameaçada.
Entretanto, também a Comissão Europeia (CE) fez uma revisão mais negativas para a economia portuguesa, apontando para um crescimento de apenas 1,6% e para um défice de 3,4%, em consonância com as estimativas do FMI e em divergência com os números mais positivos do governo.
A CE nota ainda que o consumo privado deverá ficar-se pelos 1,9% e situa o investimento na ordem dos 3%. colocando as exportações em níveis de 4,3%.
ZAP
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