19 e 20 de Março
Uma estreia e duas ações de itinerância artística resumem a jornada do Ciclo de Teatro Amador do Concelho de Cantanhede no próximo fim-de-semana. A estreia é do Grupo de Teatro Renascer, do Centro Social de Recreio e Cultura da Sanguinheira, no salão paroquial local, sábado, dia 19 de Março, às 21h30. Em cena vai estar Rir é o Melhor Remédio, uma comédia da autoria de uma equipa de elementos do grupo cénico que retrata diversas situações da sociedade atual numa perspetiva crítica explorando a sua dimensão humorística. A sinopse da peça refere que dela fazem parte “vários momentos musicais relacionados que, em articulação com os sketches, constituem um receituário sem contraindicações e muitos momentos hilariantes”.
Ainda no sábado, igualmente às 21h30, o Grupo de Teatro Amador da União Recreativa de Cadima cumpre a sua ação de itinerância artística na sede da Associação do Grupo Musical das Franciscas apresentando duas peças já estreadas perante o seu público. Uma delas é Espada de Cristal, da autoria de Fernanda de Castro, um drama sobre as vicissitudes por que passam dois amantes que tentam de tudo para viver e concretizar o seu sonho, enfrentando para tal muitos obstáculos; a outra é Uma Trapalhada, comédia de costumes a partir do original de José Correia de Sousa, um enredo destinado a contrariar a expressão popular que sustenta que a mentira tem sempre perna curta. Na verdade, nem sempre é assim!
Também em itinerância vai estar o Grupo de Teatro, Arte e Cultura da Pocariça, que no domingo visita o Centro Social e Polivalente de Ourentã para apresentar, às 15h30,Solução XVIII, uma peça com ação centrada num ensaio de um grupo cénico que é invadido por três personagens que consideram ter um grande projeto para a evolução da 18.ª edição do Ciclo de Teatro Amador de Cantanhede. Depois de muitas incertezas por parte do diretor, de desprezo por parte dos atores, da pressão e das assombrações a que os intervenientes são sujeitos, no final todos convergem para uma solução consensual.
O Ciclo de Teatro Amador do Concelho de Cantanhede é, recorde-se, uma ação que a Câmara Municipal tem vindo a promover desde há 18 anos consecutivos, com a participação dos grupos cénicos com tradição nesta área. Na edição deste ano estão envolvidas mais de 300 pessoas, a maioria como atores, mas também muitas outras nas diversas tarefas inerentes á produção, montagem e encenação dos espetáculos.
Para a autarquia cantanhedense, o intercâmbio entre os grupos cénicos participantes, e os resultados obtidos, quer ao nível do desenvolvimento artístico e técnico das suas produções teatrais, quer no que diz respeito à formação de novos públicos, justifica a atribuição de um subsídio para as despesas inerentes à preparação, montagem e representação das peças e ainda o significativo apoio no que diz respeito à logística e divulgação.
Sobre o grupo Teatro Renascer da Sanguinheira
O Grupo de Teatro Renascer é uma secção do Centro Social de Recreio e Cultura da Sanguinheira (C.S.R.C.S.), a associação com atividade cultural (organizada) mais antiga da Freguesia da Sanguinheira, estreando-se ao público pela primeira vez em 26 de março de 1981.
O Grupo surgiu da vontade de um conjunto de jovens representar teatro amador. Iniciou a sua atividade nessa altura para não mais cessar e levar continuamente a palco, todos os anos, peças de autores consagrados, como também algumas escritas por elementos ligados ao grupo, tanto da Sanguinheira como de outras localidades.
Para além das peças de teatro, que apresentou publicamente durante quase 30 anos, os elementos do grupo também participaram em várias edições da Feira Medieval de Coimbra, como figurantes, e entre os seus associados encontramos os fundadores da primeira associação da Freguesia da Sanguinheira (C.S.R.C.S.).
Sobre o Grupo de Teatro Amador da União Recreativa de Cadima
O Grupo de Teatro Amador da União Recreativa de Cadima (URC) nasceu por iniciativa da direção da URC, no ano 2000. Na sequência da informação recebida por esta associação da realização do II Ciclo de Teatro, promovido pela Câmara Municipal de Cantanhede, esta direção decidiu contactar/convidar algumas pessoas com anterior experiência de palco, em Cadima. É dessa forma que o Grupo de Teatro renasce já que, até meados da década de 1980, se ia fazendo algum teatro na coletividade.
Habitualmente, o grupo não recorre a textos próprios. Farsas são o tipo de peça que mais agrada levar à cena. Contudo, e em virtude das dificuldades em encontrar peças deste cariz, cujo conteúdo agrade aos elementos do grupo, tem levado à cena vários dramas, mas também pequenas comédias. É essencial, qualquer que seja o estilo de peça levada à cena, que o texto transmita uma mensagem.
Em 2008, pela dificuldade já mencionada em encontrar peças, o grupo decidiu não integrar o Ciclo de Teatro Amador do Concelho de Cantanhede, mas não deixou de receber um dos grupos que estava nele inserido. No mesmo ano, e para não parar a atividade, realizou uma “soirée” com declamação e teatralização de vários textos em prosa e poesia.
Para além das atuações no Ciclo de Teatro, o grupo tem aceitado convites para apresentar o seu trabalho por parte de coletividades do Concelho e fora deste, designadamente Cordinhã, Caniceira e Canelas, em Vila Nova de Gaia, com as quais tem partilhado enriquecedoras experiências, contributos relevantes para a própria dinâmica que o grupo tem assumido.
No ano 2006, um grupo de teatro da Escola Pedro Teixeira acompanhou o grupo nas suas atuações com uma peça da sua autoria.
Sobre o Grupo de Teatro, Arte e Cultura da Associação Musical da Pocariça
O teatro na Pocariça remonta ao ano de 1895, quando começaram a ser feitas várias representações por um grupo de amadores de Coimbra. Um dos elementos deixou o grupo e decidiu organizar uma sociedade dramática, apenas constituída por amadores da Pocariça, que foi designada de Recreio Artístico. Apesar da saída de alguns membros do Recreio Artístico pouco depois da sua fundação, o agrupamento ainda subiu ao palco em fevereiro de 1896.
Em 14 de julho desse mesmo ano nasceu outro grupo de teatro amador, que foi batizado de Sociedade Dramática Pocaricense e que teve a sua estreia com a peça “Os Milagres de Santo António”.
Um novo grupo dramático foi constituído em 1909 com o objetivo específico de angariar fundos para a construção de uma casa de teatro na Pocariça. Constituído exclusivamente por elementos da localidade, este grupo exibiu as primeiras peças em Abril, como a opereta intitulada “Canto Celestial” e outras peças, entre as quais um original de José Gomes Lopes, intitulado “Milagres de Amor”, o mais recordado de todos. Com a receita destas peças e com o produto de uma subscrição pública foi possível instalar um palco, camarins, vários cenários pintados e ainda pano de boca de cena.
Em abril de 1914 foi representada a última récita, uma vez que, pouco tempo depois, o prédio teve novo dono e desapareceu assim o passatempo de representar peças teatrais.
O Grupo Cénico da Pocariça surge já na década de 1950, sob orientação de Mário Pereira da Silva. Aí se revelaram atores amadores de grande vocação artística.
Para manter viva esta tradição ligada ao teatro amador, foi criado em 2000 o Grupo de Teatro, Arte e Cultura, no seio de outra coletividade de referência, a Associação Musical da Pocariça. A inspiração para este grupo está ligada ao trabalho artístico da atriz de teatro musical que conquistou fama a nível internacional, Auzenda de Oliveira, nascida na Pocariça em 1888.
O Ciclo de Teatro Amador do Concelho de Cantanhede, organizado pelo Município, serviu também de pretexto para trazer de volta a atividade teatral e de lhe dar um caráter sistemático e regular.
“Saudades da minha Terra” foi o primeiro êxito desta formação mais reduzida, mas também a opereta “Entre Duas Avé Marias”, peça dos anos 1950, ajudou a cimentar a reputação deste coletivo.
O Grupo participa ininterruptamente no Ciclo de Teatro Amador do Concelho de Cantanhede desde a sua 4.ª edição em 2001-2002.