O Museu Nacional Grão Vasco, de Viseu, no ano em que celebra o seu
centenário, gostaria de atingir os cem mil visitantes, uma fasquia que parece
possível, atendendo aos números já registados em janeiro e fevereiro.
"Constituiria uma belíssima prenda", disse à agência Lusa
Agostinho Ribeiro, diretor do museu que hoje assinala a data da publicação da
sua fundação, no antigo Diário do Governo.
Segundo Agostinho Ribeiro, "fruto da sua localização, da qualidade do
seu acervo e também da designação de museu nacional", que obteve
recentemente, o museu tem "atractibilidade suficiente para o aumento do
número de visitantes".
Em 2015, o museu registou mais de 86 mil entradas e o responsável está
convencido de que, até ao final deste ano -- durante o qual se vão realizar
várias iniciativas comemorativas -- será atingido o número de 100 mil.
"Penso que o alcançaremos, se é que não o vamos ultrapassar, a fazer
fé nos registos destes dois primeiros meses", frisou.
Os motivos para visitar o museu são muitos, a começar pelos chamados
Tesouros Nacionais, entre os quais as pinturas de Vasco Fernandes, mais
conhecido por Grão Vasco.
Agostinho Ribeiro destacou a "obra que é o rosto do próprio
museu", "S. Pedro", pintado por Vasco Fernandes, em 1529.
"Foi uma encomenda de um grande bispo do renascimento português, D.
Miguel da Silva. Talvez esta constitua a obra referencial, tanto mais que é uma
obra-prima do grande pintor, incontornável no conhecimento e na interpretação
da História da Arte em Portugal", justificou.
Também submetidas a uma proteção especial para acautelar a sua preservação
estão a escultura em madeira dourada "Santa Ana e a Virgem", de
Claude Joseph Laprade (1732), e o autorretrato de Columbano Bordalo Pinheiro,
"No meu atelier" (1884).
Na opinião de Agostinho Ribeiro, estas são três obras que exemplificam a
"diversidade e a qualidade intrínseca" do acervo do Museu Nacional
Grão Vasco.
Depois de cem anos de vida, são vários os desafios que continuam a colocar-se
ao museu.
"Por um lado, manter aquilo que de bem tem vindo a fazer", como
"a conservação, a preservação, o estudo, a classificação das obras de arte
e depois expô-las e divulgá-las", explicou.
Por outro lado, há a componente "da afirmação dos museus na
contemporaneidade", uma vez que não podem ser "só esse repositório do
património que salvaguarda, que preserva, que estuda e que divulga",
acrescentou.
Segundo o responsável, um museu tem de "projetar a
contemporaneidade" e constituir-se "como um centro de dinamização e
de ação cultural", que se abre a diversos públicos e é pluridisciplinar.
"Já não trabalhamos para a comunidade, trabalhamos com a comunidade
nestas parcerias que temos vindo a desenvolver com as entidades que fazem o
todo da sociedade viseense", sublinhou.
Para o presidente da Câmara de Viseu, Almeida Henriques, o Museu Nacional
Grão Vasco é "uma âncora da cidade" que faz parte da estratégia
ambiciosa que o município tem para o património cultural.
O autarca lembrou que Viseu pretende assumir, "cada vez mais, o seu
estatuto de uma cidade com 2.500 anos de História que está a descobrir o seu
património material e imaterial", com o objetivo de obter a classificação
de Património da Humanidade da UNESCO.
"Esse é um objetivo a oito anos, que o município assume",
realçou.
Fonte: Lusa
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