Descoberta quase por acaso por um amador com um detector de metais, uma cruz de ouro maciço mostrando Jesus com os braços abertos poderá ser o crucifixo mais antigo jamais encontrado na Dinamarca.
Com mais de 1.100 anos, a peça foi encontrada no passado mês de março num campo na ilha de Funen, na Dinamarca.
De acordo com o Museu Viking da cidade de Ladby, onde a peça foi mostrada ao público, a jóia poderá ter sido usada por uma mulher viking de elevadas posses.
“É uma descoberta completamente sensacional, que remonta à primeira metade do século X”, explica Malene Refshauge Beck, curadora e arqueóloga do Østfyns Museum, ao jornal dinamarquêsDR Nyheder.
“Este objecto definitivamente estará nos livros de história futuros, uma vez que pode vir a provar que os dinamarqueses se tornaram cristãos muito tempo antes do que se pensava”, diz a arqueóloga.
A descoberta surpreendente foi um puro acaso.
Dennis Fabricius Holm, um habitante de Aunslev, na Dinamarca, cujo passatempo é procurar tesouros com um detector de metais, estava a aproveitar algumas horas de folga a explorar um campo perto de uma igreja medieval.
Inesperadamente, o caçador de tesouros amador encontrou um peculiar pingente de ouro, e publicou uma foto do achado nas redes sociais, onde alguns utilizadores sugeriram que entrasse em contacto com um arqueólogo.
A jóia viking mede cerca de 4,1 centímetros de comprimento e mostra um homem com os braços estendidos. A figura de Jesus é feita de ouro e pesa 13,2 gramas.
A cruz provavelmente pertencia a uma mulher rica, embora, de acordo com o museu, não seja claro se a mulher era cristã ou uma pagã viking que usasse alguns bens roubados.
O acessório viking é raro, de mais do que uma forma – antes de mais, porque é incomum encontrar uma jóia delicada e cara intacta num campo aberto.
Além disso, apesar de alguns arqueólogos já terem encontrado fragmentos de cruzes em cemitérios vikings, elas datam de períodos posteriores, eram feitas de prata e eram menores do que esta.
Tendo sido datado com origem na primeira metade do século X, a nova descoberta antecede as pedras de Jelling – duas pedras rúnicas de 965 dC, encontradas na cidade dinamarquesa de Jelling.
A igreja medieval perto do local onde o crucifixo foi encontrado data dos anos 1200, mas outros objectos raros, entre os quais uma pedra rúnica, já tinham sido anteriormente desenterrados na área .
Isso sugere que a igreja pode ter sido construída perto de um antigo acampamento viking.
Piratas em part-time
Segundo Malene Refshauge Beck, a nova descoberta altera a data a que se atribui a implantação do cristianismo na região.
“Nos últimos anos tem havido cada vez mais sinais de que o Cristianismo se espalhou mais cedo do que se pensava anteriormente – e, até agora, esta descoberta é a prova mais clara disso”, afirmou a curadora.
Os historiadores acreditavam que os piratas vikings pilharam e aterrorizaram a Europa durante séculos – antes de se converterem no século XI ao Cristianismo e passarem a levar uma vida “bem comportada” de orações, agricultura e idas à igreja.
Ao longo das últimas décadas, porém, arqueólogos e historiadores perceberam que a história era na realidade muito mais complexa.
Por exemplo, a maioria dos vikings eram piratas apenas uma parte do tempo – trabalhavam também como agricultores – e as mulheres participavam também nas aventuras dos viking.
Muitos vikings não se limitavam a saquear e fugir, mas estabeleciam centros urbanos que estão ocupados ainda hoje, como as cidades de Dyfflin ou Dublin, que foram fundadas por vikings.
O crucifixo esteve em exposição durante a época da Páscoa no Museu Viking em Ladby, mas foi entretanto recolhido e enviado para trabalhos de preservação.
ZAP / HypeScience
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