A jornalista holandesa Ebru Umar, que vive na Turquia, foi detida na manhã deste domingo por ter publicado críticas ao Presidente Recep Erdogan.
“Polícia à porta. Não é brincadeira”, escreveu Ebru Umar, jornalista de origem turca conhecida por ser ateia e feminista, citada pela France Press.
“Não sou livre, vamos passar no hospital”, escreveu num segundo tweet a avisar que pretendia fazer um exame médico, para registar o seu estado de saúde, antes de ser detida. A jornalista, que colabora com o jornal Metro e os sites TPO e Geen Stijl, vive em Kusadasi, uma cidade turística na costa ocidental da Turquia.
Recentemente, Umar, de 45 anos, escreveu um texto muito crítico sobre o Presidente turco Recep Tayyip Erdogan, publicado no jornal holandês Metro, do qual publicou depois vários extratos no Twitter.
Os administradores do blogue holandês Geenstijl escreveram ter recebido uma mensagem SMS de Ebru Umar a indicar que ela seria presente a um juiz na segunda-feira de manhã e que tinha sido detida depois de alguém ter denunciado os seus tweets numa linha oficial de alertas criada pelas autoridades turcas.
Entretanto, a jornalista holandesa foi colocada em prisão domiciliar. “Duas coisas: livre, mas sob prisão domiciliar”, refere um tweet da jornalista.
Entretanto, a hashtag #freeebru (“libertem Ebru”) está a propagar-se nas redes sociais na Holanda, com políticos e comentadores holandeses a reclamarem a libertação da jornalista.
O próprio primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, anunciou num tweet ter tido “contato @umarebru na madrugada de domingo. A nossa embaixada está em estreito contacto com ela para assistência”.
Os julgamentos na Turquia por insultos a Erdogan têm-se multiplicado desde a sua eleição para a presidência em agosto de 2014, e ascendem quase a dois mil o número de processos abertos.
O Ministério holandês dos Negócios Estrangeiros disse à AFP que está a acompanhar de perto o caso e que está em contacto com as autoridades na Turquia. Em setembro de 2015, a jornalista freelance holandesa Frederike Geerdink foi deportada da Turquia depois de ter sido detida durante confrontos entre apoiantes do Partido dos Trabalhadores do Kurdistão (PKK) e as forças de segurança turcas.
O artigo de Umar referia-se a um incidente diplomático entre a Turquia e a Holanda, tecendo críticas ao Presidente turco, que é acusado de estar a acabar com a liberdade de expressão e de imprensa no seu país.
O diferendo entre os dois países começou na semana passada, quando foi divulgado um email do consulado turco em Roterdão dirigido às organizações turcas na Holanda, pedindo que reencaminhassem quaisquer emails ou publicações nas redes sociais em que identificassem insultos a Erdogan ou à Turquia.
O primeiro-ministro Mark Rutte disse que iria pedir esclarecimentos a Ancara e o consulado fez saber através de uma nota que atribuía a responsabilidade do email a um funcionário, que usou “uma escolha de palavras infeliz” que foram mal interpretadas.
O caso tinha como contexto a indignação levantada na Alemanha depois do Governo alemão ter dado luz verde às autoridades judiciais para, na sequência de uma queixa-crime da Turquia, iniciarem procedimentos criminais contra Jan Boehmermann, um cómico popular no país, por escrito um poema satírico sobre Erdogan.
ZAP / SN
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