Independentemente
de a criança ser amamentada ou não, a Ordem dos Médicos reclama a redução do
horário de trabalho para um dos pais até cada filho completar 3 anos.
Em declarações
à lusa, o bastonário da Ordem dos Médicos afirma que esta é uma medida positiva
e de grande valor para a relação afectiva e para o desenvolvimento das
crianças.
José Manuel
Silva indica que esta medida permite ainda ultrapassar as dificuldades de
certificar a amamentação por parte da mulher quando a criança faz 1 ano,
lembrando que a certificação da amamentação chegou a criar polémica e problemas
nalgumas instituições, com mulheres a serem forçadas a espremer os seios para
mostrar que ainda amamentavam.
A redução do
horário laboral em duas horas está já consagrada no Código de Trabalho para
efeitos de amamentação e até aos bebés terem 1 ano de idade, sendo que a partir
desse momento as mulheres terão de fazer prova -- por atestado -- de que estão
a amamentar.
Contudo, o
principal argumento para o lançamento desta petição respeita ao desenvolvimento
emocional dos bebés e à convicção de que a relação precoce com os cuidadores
"é absolutamente determinante para a construção da personalidade".
"Toda a
intervenção que for feita de apoio à parentalidade tem repercussões a médio e
longo prazo extremamente elevadas", refere Pedro Pires, da direção do
Colégio de Psiquiatria da Infância e Adolescência da Ordem.
Em declarações
à Lusa, o especialista recorda que há muito que são conhecidas as vantagens
emocionais de uma boa relação entre mãe, pai e bebé.
Mas foi
sobretudo a partir dos anos 90 do século passado que, com o desenvolvimento das
neurociências, passou a conseguir-se fundamentar a importância da relação
precoce através de estudos do funcionamento cerebral.
"Foi
possível verificar que o próprio desenvolvimento cerebral é diferente consoante
o aporte afetivo e emocional. O que se constata é que determinadas áreas do
cérebro, nomeadamente as responsáveis pelo funcionamento emocional, aparecem
mais desenvolvidas em bebés que têm relações precoces seguras", sustenta
Pedro Pires.
Para o Colégio
de Psiquiatria da Infância e da Adolescência, a redução do horário laboral de
um dos progenitores para acompanhamento de filhos até 3 anos "é uma grande
medida de prevenção da saúde mental na primeira infância".
Fonte: Lusa
Nenhum comentário:
Postar um comentário