Uma
empresa de conservas de peixe, sediada em Vila do Conde, passou a utilizar o
porto de mercadorias de Vigo, depois de acumular prejuízos devido à greve dos
estivadores...
Uma
empresa de conservas de peixe, sediada em Vila do Conde, passou a utilizar o
porto de mercadorias da cidade espanhola de Vigo, depois de acumular prejuízos
devido à greve dos estivadores no porto de Lisboa.
No
passado mês de Abril, a Gencoal ficou com três contentores carregados de
salmão, oriundos do Chile, retidos no porto de Lisboa, algo que, além de causar
prejuízos operacionais na ordem dos 8 mil euros, fez com que a empresa se
atrasasse nas entregas aos clientes.
Perante
este cenário, a empresa, cuja produção é totalmente para exportação, teve de
redefinir a sua estratégia e não hesitou em passar usar os serviços do porto de
Vigo, no norte de Espanha, considerando que passou a ter “maior estabilidade”.
“É
um porto que trabalha bastante bem e em que não vou ter surpresas, e se as
tiver certamente serão resolvidas mais rapidamente. Aqui em Portugal é para
esquecer, a minha empresa e os meus funcionários não podem passar por isto,
tenho de pagar salários no final do mês”, partilhou à Lusa Manuela Gilman,
diretora geral da empresa.
Para
a gestora, as diferenças de custos entre os serviços do porto de Lisboa e o de
Vigo “não são significativos”, lembrando que o porto espanhol “até fica bem
mais perto de Vila do Conde”, não hesitando em afirmar “será, a partir de
agora, o porto de eleição”.
Questionada
pela razão de não ter optado, por exemplo, pelo porto de mercadorias de
Leixões, bem mais perto sede da empresa, Manuela Gilman lembrou que “nem todas
as companhias de navegação descarregam em Leixões” e que em Vigo, “além de ser
um porto maior, não existe uma restrição tão grande com as empresas de
navegação com que podemos trabalhar”.
A
empresária partilhou, ainda, que no recente incidente com o porto de Lisboa
ficou com 650 mil euros de mercadorias retidas em três contentores durante 15
dias, e que apesar de a matéria-prima não se ter estragado, causou prejuízos
que ainda estão ser contabilizados.
“Tivemos
uma linha de produção, com cerca de 40 pessoas, parada, com todos os prejuízos
inerentes ao não cumprimento de contratos com clientes e ao facto de ter as
pessoas a não desempenharem as funções”, partilhou.
“Ainda
estamos a contabilizar os custos do não cumprimento dos contratos de entrega
com os clientes, mas só de imobilização dos contentores foram 8 mil euros”,
completou Manuela Gilman.
Sendo
toda a produção de conservas de peixe de Gencoal para exportação, a empresária
afirmou que os clientes estrangeiros tiveram dificuldade em compreender o que
se está a passar nos portos nacionais.
“Acharam
muito estranho que um porto essencial à vida económica de um país, como é o de
Lisboa, não esteja a funcionar há tanto tempo devido a greves sucessivas”,
desabafou.
A
empresária reconhece que os “trabalhadores têm direto à greve”, mas disse “não
compreender a razão de os serviços mínimos não terem sido realmente efetuados”.
“Em
outras greves podia haver um atraso de dois ou três dias na entrega dos
contentores, mas os serviços mínimos funcionavam. Desta vez, e apesar dos
nossos pedidos ao Governo, nada funcionou”, apontou.
Fonte:
Lusa
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