"Criando uma nova Terra
juntos" |
Para
a maioria das pessoas, o despertar é gradual. Uma transformação muito drástica
e súbita é rara, e geralmente ocorre apenas diante de extremo sofrimento –
aquele que pode surgir tanto de dentro de si mesmo como de uma situação da vida
real, tais como uma doença grave, perda, ou alguma outra forma de dor. Assim,
há a possibilidade de uma mudança súbita e radical.
No
entanto, para a maioria das pessoas, o despertar é um processo gradual que ora
avança, ora retrocede, por assim dizer. Pode haver uma recaída em padrões
inconscientes disparados por situações, e, em seguida, uma nova recuperação
para o estado de mais presença. Mas, no geral, há um aumento gradual da
presença que, então, flui em mais e mais áreas de sua vida.
Também
pode haver uma súbita explosão de consciência desencadeada por algum tipo de
evento – geralmente, aquele que não seria considerado "agradável".
Por exemplo, eu conheci pessoas que praticam a presença por algum tempo, e elas
têm mostrado um crescimento lento, mas maravilhoso; e, de repente, uma grave
condição física surge, trazendo uma intensificação muito rápida de consciência.
Em algumas pessoas, essa situação traz uma reação de medo profundo, de forma
que eles perdem a consciência; mas, em muitos outros casos tenho observado uma intensificação
do estado de consciência desperta, especialmente se a possibilidade de morte é
iminente. Portanto, há um enorme afluxo de presença subitamente, mas isso só
aconteceu porque essas pessoas já estão praticando uma vida com a consciência
no momento presente há algum tempo, talvez por vários anos.
Não
há realmente um ponto final para o aprofundamento possível da consciência. Seja
feliz com o que está acontecendo com você, e, se qualquer outra coisa for
necessária, a vida irá lhe dar. De modo geral, para os que aceitam
voluntariamente o surgimento da nova consciência, a necessidade de que a dor
lhe sirva como um mestre espiritual ou como uma forma de quebrar o ego diminui
significativamente.
Para
aqueles que não se abrem para a nova consciência, é como se houvesse uma concha
egoica em torno de algo dentro deles que quer crescer, mas não consegue; esse
algo está empurrando a concha para cima, e esse processo começa a ficar muito
doloroso. Em muitas pessoas, essa concha egoica também pode ser experimentada
como um anseio interior profundo por algo que não consegue nomear.
E,
então, o que a vida tende a fazer é romper a concha através de algum tipo de
evento, seja ele qual for – como ser demitido, despejado, ou passar por uma
separação conjugal. Também poderia ser algo físico. Seja qual for o evento, há
um choque, uma rachadura aparece, e, em seguida, a luz pode ser acessada. No
início, é claro que a ruptura é dolorosa, e há algum grau de sofrimento; então,
de repente, "Ah!" – vem uma intensificação da vitalidade.
Eu
conheci muitas pessoas ao longo dos anos que foram golpeadas de alguma forma
pela vida, pelo universo, pelo destino – seja qual for a maneira que você
quiser chamar – e, ao olhar para trás, elas relataram que “foi a melhor coisa
que poderia ter acontecido comigo”. Tantas pessoas me disseram: “eu não estaria
aqui falando com você se isso não tivesse acontecido comigo”. E eu tenho
certeza de que as pessoas que estão lendo isso poderiam dizer o mesmo. Eu sei
que eu poderia dizer o mesmo! Sem o intenso sofrimento que experimentei, eu não
estaria aqui.
Por
trás de eventos aparentemente negativos, sempre há uma graça se escondendo. (E
se você acompanhar as notícias, vai ver que não falta coisas extremamente
negativas acontecendo.) Mas todos estes desafios são potencialmente
experiências para conduzir ao despertar. O ego exige segurança, dizendo coisas
como: "Seria ótimo se eu não tivesse que me preocupar com o trabalho e eu
realmente pudesse buscar o despertar e a presença". Mas não, se fosse esse
o caso, você poderia provavelmente ir dormir. Com 100% de segurança, quase todo
mundo iria dormir, pois teria tudo mapeado e nada poderia dar errado.
De
qualquer forma, a vida não é assim; então, mesmo que houvesse alguma segurança
em nível financeiro ou profissional, evidentemente, você ainda seria
confrontado pela insegurança de seu veículo físico – e pela insegurança ou a
imprevisibilidade das pessoas ao seu redor!
Portanto,
viver com a insegurança ou a incerteza do que vai acontecer a você – e, na verdade,
aceitar essa condição – é algo maravilhoso. Ao invés de pensar com medo
"oh, eu não sei o que vai acontecer comigo" e pirar com a incerteza
de tudo, entregue-se a essa incerteza ou insegurança, porque a vida é assim. A
vida realmente flui de mais forma mais poderosa quando há incerteza.
A
essência da jornada de cada ser humano é que não se sabe o que vai acontecer
amanhã. No entanto, é dessa forma que a transformação se torna possível. Se
você sempre negar a incerteza, pensando "Quero certeza", será como
fechar as válvulas através das quais a vida e a possibilidade de transformação
entram.
É
por isso que a ideia tradicional de peregrinação é universalmente importante em
todas as culturas. O propósito real por trás dela nunca foi a chegada, mas a
incerteza da viagem em si, que tem um efeito transformador. As pessoas sabiam
disso, talvez, intuitivamente, e elas seriam transformados por sua
peregrinação.
Aceitar
a incerteza da vida, viver com ela e começar a amá-la tem um outro efeito
interessante em termos de criatividade. A criatividade é sufocada pela
segurança excessiva. Se você olhar para a vida de grandes artistas e escritores
da história, a maioria deles não tinha um rendimento seguro; a sobrevivência
era incerta. Mas é aí que a criatividade surge, e o despertar torna-se
possível.
Por
isso, o que o mundo chama de "negativo" não é necessariamente
negativo. Quando você ouvir as notícias, lembre-se de que há sempre um outro
lado de tudo. E as dificuldades experimentadas em conjunto atualmente também
são potencialmente uma abertura para o despertar.
Autor: Eckhart
Tolle
Fonte: http://www. eckharttolle.com/
Facebook
: https://www.facebook.com/ Eckharttolle
Tradução: Sementes das Estrelas / Amanda
Cordeiro
NB:
está escrito na Bíblia Sagrada o seguinte: lê tudo, mas, retém o
bem.
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