O Expresso Curto sem mais consideração da parte do PG. Deixamos Nicolau Santos a falar sozinho e a servir em chávena generosa e saborosa. Ele é um senhor do jornalismo que destoa naquele Expresso do tio Balsemão da Marinha que é quinta só de uns quantos, até dos que lavam notas mais branco e se piram para os offshores com o que pertence a todos os portugueses. Uns pagam, a maioria, outros fogem ao fisco e o mal deles são batatas porque as leis são a favor criminosos de alto gabrito. Por isso importa haver sempre sinalização forte, muito forte do 1º de Maio. Essa de manter impunes os que roubam tudo e não lhes acontece nada por a “justiça” estar a seu favor e ser fraca com os dos poderes económico-financeiros tem de ter um fim.
E aqui nesta introdução também chegámos ao fim. Bom dia, boa semana, bons fígados para gramar os que querem continuar a enriquecer à custa dos que trabalham, pagando-lhes salários de miséria e fomentando a desgraça de imensas famílias. Somos milhões a sustentar parasitas corruptos, criminosos que tem por pátria o cifrão.
O Expresso Curto de Nicolau Santos, um senhor, no Expresso, na Impresa. Dito. Melhor, escrito. (CT / PG)
Bom dia, este é o seu Expresso Curto
Nicolau Santos – Expresso
Costa e Arménio: uma questão de velocidade
Bom dia. Este é o seu Expresso Curto, o primeiro deste mês de maio, no dia seguinte ao Dia do Trabalhador, que ficou marcado por uma divergência não de objetivos mas de velocidade entre o Governo e a CGTP.
Com efeito, o primeiro-ministro, que estava nos Açores, apelou às forças que apoiam a orientação do atual Governo para cerrarem fileiras. Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, respondeu-lhe, anunciando uma semana de greves e manifestações entre 16 e 20 de maio.
Disse António Costa: “É necessário que prossiga uma mobilização muito forte em defesa desta política, que tem muitos adversários, não só internos, como externos”. Exemplificou com as instâncias europeias que “criticam a política da atual maioria de aumento do salário mínimo nacional”. Por isso, “percebemos bem que é essencial que essa luta prossiga, porque não é possível continuar a alimentar a ilusão de que o nosso desenvolvimento se faz com um modelo que está morto e que tem de ser enterrado - um modelo de baixos salários e de precariedade laboral”.
Ora qualquer líder sindical gostaria de ouvir estas palavras. Mais: um líder sindical subscreveria a maior parte delas. Mas Arménio Carlos não é um líder sindical qualquer. Tem pressa, impaciência e desconfia do que pode acontecer. Reconhece que “as medidas implementadas [pelo atual Governo socialista], embora limitadas, invertem o rumo de cortes sucessivos nos salários, nas pensões e nos direitos”, mas defendeu que “é preciso ir mais longe”: “há muito caminho para fazer, um conjunto vasto de problemas para resolver e uma luta que não pode parar”. Por isso,anunciou uma semana de luta - de 16 a 20 de maio – para reivindicar o aumento de salários, o emprego com direitos, a renovação da contratação coletiva e as 35 horas de trabalho semanal para os trabalhadores dos setores público e privado.
Mais: disse a António Costa que pode contar com o apoio da CGTP para “resistir às chantagens e ingerências internas e externas”, mas avisou que a central sindical jamais será cúmplice “de políticas que perspetivem a cedência e subjugação aos ditames da 'troika' ou a hipotéticos consensos alargados defendidos pela direita”.
Ora aqui está como se pode aparentemente estar do mesmo lado da barricada, mas seguramente não de mãos dadas. Ora aqui está como o Governo pode contar com o apoio do parlamento mas não o das ruas - embora, na verdade, as greves tenham caído a pique desde que António Costa chegou ao poder. Com efeito, os dados oficiais mostram que nos primeiros três meses deste ano, os sindicatos entregaram ao Ministério do Trabalho apenas 105 pré-avisos de greve. Ou seja, menos um terço do que em igual período do ano passado (348) e quase cinco vez menos do que no pico da crise, em 2013, quando as estatísticas atingiram o recorde de 448 pré-avisos de greve em apenas três meses.
Quem também fez a reivindicação do costume foi o secretário-geral da UGT, mas em tom bem mais conciliador. Carlos Silva dixit: “Apelamos ao Governo da República para que, no próximo dia 1 de julho, cumpra o compromisso assumido com o país das 35 horas para todos os trabalhadores da administração pública, qualquer que seja o seu vínculo laboral. É uma exigência da central sindical”.
É o mesmo Carlos Silva que, em entrevista ao Expresso, afirma que“tive a infeliz pontaria de ser secretário-geral da UGT”, acha que se paga “um preço alto” para ser líder sindical e que os anos de chumbo da crise não ajudaram. Carlos Silva parece disposto a bater com a porta, ao fim de três anos de mandato. Desistiu da convergência com a Intersindical, perdeu a fé na Europa e assume quepartidos e sindicatos “estão a perder força”. Aqui e em todo o lado.
Quem manifestamente não parece padecer desse mal é Pedro Passos Coelho. O líder do PSD respira vitalidade por todos os poros. Disse a cerca de um milhar de jovens da JSD que os portugueses podem contar com um “PSD atrevido, ousado e inconformista” e considerou como “forças retrógradas” o Governo e os partidos que o apoiam, Bloco e PCP. “Somos reformistas e reformadores, ousados e podemos construir um futuro muito melhor que as forças retrógradas que nos governam hoje nos podem prometer”, garantiu o antigo primeiro-ministro, que criticou o arrefecimento da economia e a destruição de 20 mil postos de trabalho entre novembro e maio.
Com efeito, o primeiro-ministro, que estava nos Açores, apelou às forças que apoiam a orientação do atual Governo para cerrarem fileiras. Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, respondeu-lhe, anunciando uma semana de greves e manifestações entre 16 e 20 de maio.
Disse António Costa: “É necessário que prossiga uma mobilização muito forte em defesa desta política, que tem muitos adversários, não só internos, como externos”. Exemplificou com as instâncias europeias que “criticam a política da atual maioria de aumento do salário mínimo nacional”. Por isso, “percebemos bem que é essencial que essa luta prossiga, porque não é possível continuar a alimentar a ilusão de que o nosso desenvolvimento se faz com um modelo que está morto e que tem de ser enterrado - um modelo de baixos salários e de precariedade laboral”.
Ora qualquer líder sindical gostaria de ouvir estas palavras. Mais: um líder sindical subscreveria a maior parte delas. Mas Arménio Carlos não é um líder sindical qualquer. Tem pressa, impaciência e desconfia do que pode acontecer. Reconhece que “as medidas implementadas [pelo atual Governo socialista], embora limitadas, invertem o rumo de cortes sucessivos nos salários, nas pensões e nos direitos”, mas defendeu que “é preciso ir mais longe”: “há muito caminho para fazer, um conjunto vasto de problemas para resolver e uma luta que não pode parar”. Por isso,anunciou uma semana de luta - de 16 a 20 de maio – para reivindicar o aumento de salários, o emprego com direitos, a renovação da contratação coletiva e as 35 horas de trabalho semanal para os trabalhadores dos setores público e privado.
Mais: disse a António Costa que pode contar com o apoio da CGTP para “resistir às chantagens e ingerências internas e externas”, mas avisou que a central sindical jamais será cúmplice “de políticas que perspetivem a cedência e subjugação aos ditames da 'troika' ou a hipotéticos consensos alargados defendidos pela direita”.
Ora aqui está como se pode aparentemente estar do mesmo lado da barricada, mas seguramente não de mãos dadas. Ora aqui está como o Governo pode contar com o apoio do parlamento mas não o das ruas - embora, na verdade, as greves tenham caído a pique desde que António Costa chegou ao poder. Com efeito, os dados oficiais mostram que nos primeiros três meses deste ano, os sindicatos entregaram ao Ministério do Trabalho apenas 105 pré-avisos de greve. Ou seja, menos um terço do que em igual período do ano passado (348) e quase cinco vez menos do que no pico da crise, em 2013, quando as estatísticas atingiram o recorde de 448 pré-avisos de greve em apenas três meses.
Quem também fez a reivindicação do costume foi o secretário-geral da UGT, mas em tom bem mais conciliador. Carlos Silva dixit: “Apelamos ao Governo da República para que, no próximo dia 1 de julho, cumpra o compromisso assumido com o país das 35 horas para todos os trabalhadores da administração pública, qualquer que seja o seu vínculo laboral. É uma exigência da central sindical”.
É o mesmo Carlos Silva que, em entrevista ao Expresso, afirma que“tive a infeliz pontaria de ser secretário-geral da UGT”, acha que se paga “um preço alto” para ser líder sindical e que os anos de chumbo da crise não ajudaram. Carlos Silva parece disposto a bater com a porta, ao fim de três anos de mandato. Desistiu da convergência com a Intersindical, perdeu a fé na Europa e assume quepartidos e sindicatos “estão a perder força”. Aqui e em todo o lado.
Quem manifestamente não parece padecer desse mal é Pedro Passos Coelho. O líder do PSD respira vitalidade por todos os poros. Disse a cerca de um milhar de jovens da JSD que os portugueses podem contar com um “PSD atrevido, ousado e inconformista” e considerou como “forças retrógradas” o Governo e os partidos que o apoiam, Bloco e PCP. “Somos reformistas e reformadores, ousados e podemos construir um futuro muito melhor que as forças retrógradas que nos governam hoje nos podem prometer”, garantiu o antigo primeiro-ministro, que criticou o arrefecimento da economia e a destruição de 20 mil postos de trabalho entre novembro e maio.
OUTRAS NOTÍCIAS
O Presidente da República, que esteve este fim-de-semana em Roma em visita oficial, parte amanhã para Moçambique, terra de muitos afetos para Marcelo Rebelo de Sousa, porque ali viveu e o seu pai foi governador daquela antiga colónia. Na bagagem leva o objetivo difícil de cumprir de juntar à mesma mesa Frelimo e Renamo e desanuviar o estado de tensão política e militar que se vive naquele país africano. Moçambique vive dias difíceis, depois do FMI e Banco Mundial terem suspendido a ajuda ao país, na sequência da descoberta que o Governo de Maputo tinha escondido uma dívida de 1,4 mil milhões de dólares – e da descoberta de uma vala comum com pelo menos 15 corpos na Gorongosa.
Em Portugal, de norte a sul do país, pelo menos 89 autarquiasdas 308 existentes admitiram estar a usar um herbicida potencialmente cancerígeno, segundo a classificação da Organização Mundial de Saúde.
Fez ontem cinco anos que a Casa Branca recebeu uma mensagem aparentemente estranha: “Jerónimo”. Era o código acordado para informar que a missão tinha sido cumprida. Quase dez anos depois dos atentados do 11 de setembro de 2001, Osama bin Laden era aniquilado.
Na Alemanha, o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) aprovou ontem um manifesto onde se afirma que o islão não é compatível com a Constituição Alemã. O documento apela à proibição do uso da burca e do niqab em público e à interdição dos minaretes (torres das mesquitas).
A Havana, a capital cubana, chega hoje o primeiro navio cruzeiro norte-americano ao fim de 50 anos, o que só é possível devido ao reatar das relações diplomáticas entre os dois países. O paquete "Adonia", da Fathom, filial do grupo norte-americano Carnival, leva cerca de 700 pessoas a bordo e saiu ontem às 16:00 (21:00 em Lisboa) do porto de Miami, bastião da diáspora cubana nos Estados Unidos.
No conflito sírio, John Kerry, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, pediu o restabelecimento do cessar-fogo, considerando-o a principal prioridade, e apelou ao fim imediato dos ataques contra civis.
Em Espanha, o secretário geral do PSOE, Pedro Sanchéz, anuncia que nunca fará coligações governativas com o PP de Mariano Rajoy, sejam quais forem os resultados das eleições de 26 de junho, enquanto o Podemos tenta fazer uma aliança com todas as forças à esquerda dos socialistas.
As negociações sobre o acordo transatlântico (TAFTA) entre a Europa e os Estados Unidos estão a avançar. O Le Monderevela alguns dos documentos secretos.
Na Birmânia, a esperança é tanta que até assusta, titula o Público. “Tudo é esperança no primeiro mês de vida do Governo liderado por Aung San Suu Kyi, depois de mais de 50 anos de uma ditadura. E tudo é desafio”.
Na Europa, as chamadas recebidas em roaming ficam 77% mais baratas a partir de hoje, segundo novas regras definidas pela Comissão Europeia. Cada chamada passa a custar 1,14 cêntimos por minuto sem IVA, quando o preço estava em cinco cêntimos.
Em Inglaterra, o conto de fadas que o Leicester está a viver pode hoje concretizar-se. Ontem, os “foxes” empataram a uma bola em Old Trafford, casa do Manchester United e precisavam de ganhar para fazer a festa logo ali. Mas os foguetes podem rebentar hoje se o Tottenham não vencer o jogo em Stamford Bridge, contra o Chelsea.
FRASES
“Mal fora que o Presidente irradiasse infelicidade, azedume, má disposição com a vida e com os portugueses. Portanto, que bom isso ser reconhecido, haver um elogio ao Presidente que irradia aquilo que deve irradiar“. Marcelo Rebelo de Sousa em Roma, comentando a frase de Passos Coelho de que “o Presidente irradia felicidade”
“Haverá um dia em que o Governo vai ter de corrigir [as políticas que está a empreender] e espero que não se ponha ao fresco, como em 2011. Deve ser este Governo e a sua maioria a corrigir os erros que estão a cometer porque têm essa responsabilidade.” Pedro Passos Coelho, ex-primeiro-ministro, Observador
“Os taxistas deviam aprender um bocadinho com a Uber”. Luís Marques Mendes, comentador, SIC
“Se este Governo não se portar muito mal, vá lá…”. José Guerreiro, 74 anos, antigo taxista, Público
(Se o objetivo é melhorar as perspetivas de longevidade), “para um homem na minha posição, o melhor era mesmo fazer uma operação para mudar de sexo”. Warren Buffet, multimilionário norte-americano, depois de citar estatísticas que mostram que as mulheres tendem a viver mais tempo que os homens. Os Estados Unidos têm dez mil centenários, enquanto o número de mulheres com mais de 100 anos é de 45 mil. Observador
O QUE ANDO A LER E A OUVIR
“Liberdade, liberdade, quem a tem chama-lhe sua”, canta Vitorino. E Jorge de Sena escreveu: “não hei-de morrer sem saber / qual a cor da liberdade”. Pois, liberdade foi coisa que existiu pouco na China de Mao Tsé-Tung. A editora Guerra e Paz, fundada e dirigida por Manuel S. Fonseca, editou por estes dias “O pequeno livro vermelho”,que contém as citações do líder chinês que marcou o seu país e o mundo no século XX, citações essas que foram abundantemente usadas durante a Revolução Cultural que ele desencadeou e que vitimou milhões de pessoas. O livrinho vermelho é, contudo, precedido de um texto do próprio Manuel S. Fonseca, “Violência, fome e reeducação na China de Mao”, que é devastadoramente arrasador para aqueles que algum dia acreditaram que na China estava a nascer uma sociedade mais justa. As mortes de intelectuais comunistas que levantavam reservas às orientações de Mao, os campos de concentração (laogai) onde se acumularam dez milhões de prisioneiros e que ultrapassaram todos os Goulags soviéticos, a ordem dada pelo líder chinês para serem mortos todos os pardais, acusados de comerem os grãos de trigo e de outras espécies e lançarem a fome na China – o resultado foi que as pragas causadas por insetos e outros bichos, que os pardais comiam, se multiplicaram exponencialmente e causaram os Três Anos Amargos, entre 1959 e 1961, estimando-se que tenham morrido 15 milhões de pessoas por falta de alimentos – a transformação da China num país de formigas azuis, todas vestidas de igual e finalmente o rasto de violência e destruição que a Revolução Cultural provocou são um legado tão negro que Manuel S. Fonseca não hesita em comparar Mao a Hitler e Staline – e em fazer uma comparação com o pensamento politicamente correto que hoje alastra pelo mundo, embora com a diferença fundamental de não terem o poder das espingardas mas apenas, para já, “a intimidação e exclusão de adversários (…) como já faz nas universidades, nos fóruns de opinião e em seletíssimas publicações”.
A noite passada, enquanto escrevia este Expresso Curto, regressei a um CD e a uma cantora com uma voz rouca incrível: Buika e “El ultimo trago”, uma homenagem à grande cantora “ranchera” mexicana Chavela Vargas (embora tenha nascido na Costa Rica). Buika é espanhola, negra e recria, acompanhada pelo mítico pianista cubano Chucho Valdez, temas que Chavela imortalizou como “Soledad”, “Um mundo raro”, “Las simples cosas” , “Vamonos” e o imperdível “El último trago”. Um CD precioso, indispensável na coleção de qualquer amante da grande música do mundo.
O "bullying" é o tema do programa E Se Fosse Consigo? O programa da SIC (hoje às 20.50, na SIC e SIC Notícias) desafia os espectadores a colocarem-se no papel de uma vítima e no papel de quem pode ajudar. Na rua, em plena luz do dia, três jovens cercam outro, sozinho, ameaçam-no, agarram-no e insultam-no. A partir desta situação encenada, com atores, o programa de Conceição Lino questiona até que ponto pode ir a indiferença e dá voz a testemunhas de quem conhece bem o significado da palavra "bullying".
E pronto, está servido o primeiro Expresso Curto do mês de maio do ano da graça de 2016. Amanhã estará por cá o incansável e dinâmico Martim Silva. Tenha um bom dia e uma excelente semana.
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