Investigadores da Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, descobriram um composto desenvolvido por uma esponja-do-mar da Antártida, que é capaz de matar 98% de uma super-bactéria resistente a antibióticos.
A bactéria, resistente à meticilina, chama-se Staphylococcus aureus mas é mais conhecida pelas siglas SARM (ou MRSA em inglês).
Infecções por Staphylococcus aureus são bastante comuns, especialmente em ambientes hospitalares, e em circunstâncias normais não são particularmente difíceis de tratar.
No entanto, a SARM é uma estirpe que não pode ser combatida pela maioria dos antibióticos presentes no mercado, o que significa que pode espalhar-se rapidamente por uma condição superficial, como uma infecção de pele, para uma invasiva que pode ser fatal.
De acordo com os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA, cerca de 80 mil infecçõespor SARM são anualmente diagnosticadas no país e 11 mil acabam por morrer por complicações.
Até agora, não havia uma maneira eficaz de tratar essas complicações mas, graças ao novo composto, encontrado dentro da esponja Dendrilla membranosa, foi capaz de matar 98,4% das células de SARM em laboratório.
Obrigado, Antártida
Esta não é a primeira vez que compostos médicos são encontrados em organismos do oceano da Antártica.
O principal investigador do estudo, James McClintock, e a sua equipa já tinham encontrado também um composto em algas da região que luta contra a estirpe do vírus H1N1 e outro que age contra os melanomas.
A Antártida é uma região tão extrema que a vida que lá existe foi forçada a criar maneiras originais de sobreviver, incluindo alguns mecanismos de defesa potentes, como compostos tóxicos.
“As esponjas não são protegidas por cascas e não se podem mover”, diz McClintock.
Esse fator deixa-as sem qualquer defesa física contra a água carregada de bactérias em que vivem, portanto, a solução do animal é produzir toda uma gama de “compostos desagradáveis” que matam as bactérias em contacto, na esperança de manter-se livre de infeções.
Mecanismo
A equipe de McClintock conseguiu isolar um desses compostos, batizado de “darwinolide”, e mostrar que tem um enorme potencial quando se trata de combater a SARM.
Os investigadores patentearam o composto, mas ainda estão em processo de entender exatamente como funciona.
Os testes de laboratório até agora sugerem que a substância tem uma estrutura única que lhe permitepenetrar no “biofilme” que a SARM usa para se proteger de outros tratamentos.
“Se esse rearranjo químico é em parte responsável pela eficácia contra biofilmes de bactérias, o composto pode ser capaz de servir como base para o desenvolvimento de outros tipos de medicamentos dirigidos por patógenos dentro de biofilmes”, explica McClintock.
O próximo passo da equipa será sintetizar o “darwinolide” no laboratório, para que não seja necessário extraí-lo de esponjas-do-mar vivas da Antártida.
Se os investigadores forem capazes de mostrar que podem usar o “darwinolide” para tratar a SARM em ambiente clínico, o novo remédio poderá salvar dezenas de milhares de pessoas todos os anos.
ZAP / Hypescience
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