A presidente do CDS-PP, Assunção
Cristas, manifestou-se hoje perplexa perante os indicadores económicos aos
quais o primeiro-ministro recorre, acusando-o de querer construir uma realidade
para "enganar todos os portugueses".
"Aquilo que ouvi do senhor
primeiro-ministro deixou-me perplexa. Confesso que não entendo que números o
primeiro-ministro vê e que números o primeiro-ministro lê. Parece-me que quer
construir uma realidade que não é aquela que existe no nosso país e, nesse
sentido, está a enganar todos os portugueses", afirmou Assunção Cristas.
Depois de uma reunião sobre a reforma do
sistema de pensões, em que participaram especialistas como o ex-ministro da
Segurança Social Bagão Félix e o britânico Adair Lord Turner, Assunção Cristas
referiu-se às declarações de António Costa que acusou a direita de errar no
défice, no investimento, nas exportações, no desequilíbrio da balança
comercial.
"Nós vemos as exportações a
diminuírem, caíram 2,5%, já tive oportunidade de lhe mostrar no parlamento como
o investimento caiu 2,5%, o crescimento económico está a progredir de forma
muito baixa, 0,2% em cadeia, 0,9% em comparação com o período homólogo",
contrapôs Assunção Cristas.
"Isto é muito pior do que aquilo
que tínhamos há um ano, se juntarmos a isto os dados desemprego, que também não
são famosos, só podemos estar preocupados. Não vejo como é que o
primeiro-ministro tem razões para tanto otimismo, só nos deixa inquietos por
perceber que há um desfasamento entre a realidade do país, do terreno, das
empresas e de todos os portugueses e aquilo que é apregoado pelo senhor
primeiro-ministro", sublinhou Cristas.
O secretário-geral do PS e
primeiro-ministro, António Costa, perguntou hoje aos partidos de direita qual é
o seu plano B, acusando-os de terem errado num conjunto de indicadores
económicos e de estarem esgotados.
"A direita errou no défice, a
direita errou no investimento, a direita errou nas exportações, a direita errou
no desequilíbrio da balança comercial, a direita errou e agora é altura de nós
perguntarmos e qual é o plano B da direita, depois de ter falhado tão
redondamente ao longo de todo o primeiro ano da sessão legislativa",
afirmou António Costa, nas jornadas parlamentares do PS, que decorrem em Ponta
Delgada, Açores.
Para Assunção Cristas, o
primeiro-ministro "está a ver o filme ao contrário" porque "quem
tem de aplicar um plano B é o governo se não cumprir as metas a que se
propôs".
Questionada sobre uma eventual
recomendação da Comissão Europeia para a aplicação de sanções a Portugal e
Espanha, noticiada hoje pelo jornal francês Le Monde, a líder centrista
reiterou que é contra essas sanções e desafiou o Governo a bater-se pela
posição de Portugal.
"Entendemos que o défice de 2015
ficou abaixo de 3%, se isso não é defendido pelo Governo português é
responsabilidade do Governo português e eu volto a instar o Governo a bater-se
pela defesa desse resultado. Em relação a 2016, creio que a Comissão Europeia
aceitou os dados e os números do Governo, portanto, não pode vir agora
invocá-los para aplicar sanções", argumentou.
Sublinhando que não acredita na
aplicação de sanções a Portugal, Assunção Cristas insistiu que "as
ferramentas e os instrumentos estão na mão do Governo que, além do mais, tem
consigo um consenso alargado, unânime, de todo o parlamento".
A presidente do CDS-PP não comentou os
dados da execução orçamental divulgado hoje à tarde, afirmando que ainda não os
estudou.
Segundo divulgou hoje o Ministério das
Finança, o défice orçamental em contas públicas fixou-se nos 395 milhões de
euros até maio, menos 453 milhões do que no mesmo período do ano passado.
"A execução orçamental de maio
registou um défice de 395 milhões de euros, o que representa 7,2% do previsto
para o ano (em 2015, representava 18,5% do défice anual)", refere o
ministério tutelado por Mário Centeno, num comunicado anterior à divulgação da
síntese de execução orçamental pela Direção-Geral do Orçamento (DGO).
As Finanças justificam esta melhoria de
435 milhões de euros, face ao défice dos primeiros cinco meses de 2015, com um
crescimento da receita em 1,6% e a "estabilização da despesa", em
0,1%.
Fonte: Lusa
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J. Carlos
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