Uma equipa internacional de
astrofísicos, liderada pelo português David Sobral, descobriu uma nova galáxia
da família da CR7, a galáxia mais brilhante do Universo primitivo, que pode ter
tido um papel importante na origem da vida.
Os resultados da descoberta foram hoje
divulgados num encontro sobre astronomia, na Universidade de Nottingham, no
Reino Unido, onde mais de 550 cientistas apresentam, até sexta-feira, as suas
mais recentes investigações.
À Lusa, a partir de Nottingham, o
astrofísico David Sobral, professor na universidade britânica de Lancaster,
disse que a nova galáxia VR7 pode, tal como a CR7, a galáxia mais brilhante dos
primórdios do Universo, "ter tido um papel muito importante na mudança da
natureza do Universo nos primeiros tempos", na "criação de
elementos" químicos "mais pesados", que "são necessários à
formação de estrelas como o Sol" e, portanto, "necessários à
vida", inclusive humana.
Ambas as galáxias, explicou, "são
fontes suficientemente brilhantes para terem contribuído para a revolução do
Universo, a época da 'reionização'", que marca a saída do Universo da
idade das trevas, em que "fontes de luz muito fortes fizeram partir os
átomos de hidrogénio, em larga escala, e transformaram o átomo de neutro a
ionizado, como existe hoje".
A VR7, assim chamada em homenagem à
astrofísica norte-americana Vera Rubin, pelo seu contributo para a descoberta da
matéria escura, tem "um brilho muito semelhante" à da CR7 e, tal como
esta galáxia, vive no Universo primitivo, quando o Universo tinha 800 milhões
de anos, isto é, seis por cento da sua idade atual, que é cerca de 14 mil
milhões de anos.
A galáxia VR7, cuja luz demorou 12,9 mil
milhões de anos a chegar à Terra, localiza-se numa área do Universo oposta à da
CR7, sendo, por isso, visível durante o verão, e não no inverno.
A CR7, cujo anúncio da descoberta foi
feito há um ano por uma equipa liderada também por David Sobral, é três vezes
mais brilhante do que uma outra galáxia dos primeiros tempos do Universo, a
Himiko, à qual pertencia o recorde de luminosidade.
Podendo albergar a primeira geração de
estrelas, a CR7 corresponde à sigla da 'estrela' de futebol portuguesa
Cristiano Ronaldo, mas, tecnicamente, é a abreviatura de Cosmos (zona do céu
onde a galáxia foi detetada) Redshift (desvio para o vermelho) de 7.
Quanto maior o desvio para o vermelho
(no espetro da luz) de uma galáxia, mais distante ela está. Neste caso, desvio
para o vermelho de 7 significa que a CR7 está a 12,9 mil milhões de anos-luz da
Terra. O mesmo se passa com a VR7.
"A CR7 não é única. Pelos nossos
cálculos, pode haver dezenas de milhares de galáxias como esta [e como a VR7]
no Universo", sustentou David Sobral.
A sua equipa, que inclui um outro
astrofísico português, Sérgio Santos, e investigadores de Leiden (Holanda) e da
Califórnia (Estados Unidos), pretende "perceber quais as fontes de luz que
vivem nessas galáxias" e "como é possível serem tão brilhantes".
Ainda no ano passado, a equipa de David
Sobral descobriu uma outra galáxia da família da CR7, a MASOSA.
Recentemente, um grupo de cientistas do
Havai (Estados Unidos) encontrou outra galáxia da mesma família, a COLA-1.
Para a descoberta da VR7, a equipa de
David Sobral socorreu-se dos telescópios óticos Subaru e Keck, no Havai, e VLT,
no Chile.
Fonte: Lusa
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J. Carlos
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