domingo, 2 de outubro de 2016

Alcoolismo juvenil: uma omissão familiar

Não se educa sendo deseducado. Não se disciplina sem estar disciplinado.” (Amélia Rodrigues, no Livro “Sementeira da Fraternidade”, de Divaldo P. Franco.)

Cresce no meio jovem o consumo de bebidas alcoólicas.
Bares, restaurantes, lanchonetes, clubes sociais, avenidas estão repletas de jovens que, displicentemente, fazem uso, em larga escala e abertamente, das bebidas deletérias e nocivas que não só desfiguram e arrasam o corpo como agridem e violentam o carácter.
Contra outros tipos de tóxicos levanta a sociedade, mesmo que palidamente, no combate, nem sempre eficaz, mas o álcool, esse “veneno livre”, campeia à solta, e quase sempre apoiado por grandes e bem produzidas campanhas de mídia e aceito com naturalidade por nós.
Tomar um “gole” ainda hoje, em pleno século XXI, quando o homem já foi à lua, passeou com um robô de controle remoto em marte e avança esplendidamente em todos os sectores da ciência, inclusive em conhecimentos de medicina, é um ato de afirmação do jovem, como sinonimo de que ele já começa a adentrar o sonhado mundo dos adultos. Puro engano.
Pena que a sua visão de vida e os seus objectivos na existência, muito acanhados, não lhe permitam identificar, também por falta de consciencialização que o adulto não lhe deu, o abismo em que está mergulhando.
Uma organização infanto-juvenil, em formação, sem dúvida, com ingestão de álcool não poderá possuir a saúde que teria se evitasse o consumo de tão corrosiva substância. Isso, evidentemente, sem citar os estragos morais da personalidade.
Mas o problema é muito sério e de uma gravidade sem contas.
Temos sim, necessidade de maior participação de nossas autoridades constituídas, que muitas vezes laboram com grandes deficiências de material humano e de equipamentos, ante a situação caótica em que vive a sociedade.
Precisamos também que o comércio de bebidas alcoólicas não venda essa “tragédia engarrafada ou enlatada” aos menores.
No entanto, a solução só virá com a devida conscientização da família. Não haverá outro meio e nem outros mecanismos que evitem a derrocada da grande maioria dos nossos jovens.
Já foi dito que a criança ou o jovem imitam o adulto, isso significa dizer que se o jovem está utilizando o álcool foi porque viu o adulto fazê-lo.
E o que é mais grave, esses jovens, em grande escala, consomem bebidas junto com seus pais, em clima de festa, de euforia mesmo. Lamentável.
Indiscutivelmente, pais que consomem álcool não têm moral para impedir que os filhos o façam. Não terão autoridade para dizer que faz mal à saúde física e ao carácter, pois que são escravos do vício.
É triste, muito triste mesmo, identificar que muitos alcoólatras que afirmam não sê-lo, escondem-se atrás das bebidas sociais, sim, aquelas que se consomem nas rodas da sociedade. O alcoólatra não é somente aquele que se estende numa sarjeta, mas é todo consumidor de álcool.
Dolorosa realidade a do alcoolismo juvenil; mais dolorosa ainda é constatar, sem qualquer equívoco, a omissão da família. Esses pais, indiferentes e descuidados, estimulam ou se omitem hoje, para, provavelmente, chorarem amanhã, quando dificilmente haverá tempo para reparos.
Os nossos jovens precisam muito mais do que roupas da moda, carros do ano, motos envenenadas, escolas de alto nível, médicos especializados. Eles precisam de educação, que só virá através dos exemplos dos adultos, especialmente dos adultos com quem convivem.
O jovem que se dá ao consumo de bebidas alcoólicas é vítima, muito frequentemente, vítima da omissão familiar.
Portanto, pouco vai adiantar instituição de leis, normas, fiscalizações se entre as paredes do lar a indiferença continuar.
Alcoolismo juvenil: a família precisa acordar.

por Marco Aurélio Rocha



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