À “maior santa dos tempos modernos” — segundo expressão do Papa São Pio X — oBrasil devota especial predileção e afeto, e a ela está vinculado por dois motivos que muito nos honram
No dia 1º de outubro a Igreja celebra a festa de Santa Teresinha, a jovem carmelita que atingiu o mais alto píncaro da santidade. Nascida em 1873 na cidade francesa de Alençon, ela entrou para o Carmelo de Lisieux em 1888, onde faleceu com apenas 24 anos, em 1897.
Quem nunca ouviu falar de Santa Teresinha do Menino Jesus?(1) A jovem carmelita francesa é uma das santas mais conhecidas e veneradas no mundo inteiro. Sua canonização em 1925 produziu em todo o orbe católico uma explosão de alegria. Apenas à cidade de Lisieux — onde se encontra a residência de sua família [foto ao lado] e o convento carmelita no qual viveu e entregou sua belíssima alma a Deus — acorrem aproximadamente dois milhões de devotos todos os anos.
O Brasil é especialmente devoto de Santa Teresinha e vinculado a ela de modo particular, por dois motivos que muito nos honram: a primeira igreja edificada no mundo (1924) em sua homenagem encontra-se no Rio de Janeiro, no bairro da Tijuca [foto ao lado], e o precioso relicário — conhecido como “a urna do Brasil”, confeccionado para conter seus restos mortais — foi oferecido pelo povo brasileiro [foto abaixo].
Multidões afluem às igrejas dedicadas a Santa Teresinha em todos os continentes. Mas qual a origem de tão extraordinária glorificação popular? — É a dor suportada heroicamente por amor de Deus, da qual nasce, segundo Plinio Corrêa de Oliveira, “a verdadeira glória”. E aos que buscam sofregamente a popularidade alhures, deixo este outro comentário do Prof. Plinio: “A popularidade é a glória dos demagogos. A glória é a popularidade dos Santos e dos heróis”.
A Virgem de Lisieux desprezou a popularidade comum; foi exaltada às honras da celebridade mundial, é venerada como santa em todas as nações!
Com efeito, desde a mais tenra infância, a pequenina e inteligente Teresa almejou a santidade; romper com o mundo e sofrer por amor de Deus e pela salvação das almas. Com apenas quatro anos afirmara:“Serei religiosa em um claustro”. E, de fato, ao completar 15 anos entrou para o Carmelo.
Em seus manuscritos autobiográficos, intitulados História de uma alma, ela escreveu que desejava ser para Deus tudo ao mesmo tempo:“Ser tua esposa, ó Jesus, ser carmelita, ser, por minha união contigo, a mãe das almas, isto deveria bastar-me… Não é assim… Estes três privilégios, Carmelita, Esposa e Mãe, são, sem dúvida, minha vocação. Entretanto, sinto em mim outras vocações. Sinto-me com a vocação de GUERREIRO, de PADRE, de APÓSTOLO, de DOUTOR, de MÁRTIR. Enfim, sinto a necessidade, o desejo de realizar por ti, Jesus, todas as obras mais heroicas… Sinto em minha alma a coragem de um Cruzado, de um Zuavo pontifício. Quisera morrer sobre um campo de batalha, pela defesa da Igreja. Ó Jesus! Meu amor, minha vida… como aliar estes contrastes? Como realizar os desejos de minha pobre almazinha?. Ah, apesar de minha pequenez, quisera esclarecer as almas como os profetas, os doutores. Tenho a vocação de ser apóstolo [...]”.(2)
Na mencionada autobiografia, ela continua entusiasmadamente descrevendo que sentia-se chamada para grandes vocações — queria tudo, até mesmo derramar seu sangue lutando por Cristo e sua Igreja.
E Deus foi burilando a jovem carmelita, como se lapida a mais preciosa das pedras preciosas, para que essa belíssima alma, de dentro do claustro do convento, alcançasse graças para todas as grandes vocações — para os guerreiros, os padres, os apóstolos, os doutores, os mártires, enfim para que todos seus devotos atingissem o caminho da perfeição de modo acessível.
Em poucas palavras, São Pio X disse tudo sobre ela: “A maior Santa dos tempos modernos”. E o Cardeal Vico afirmou: “A virtude de Teresa impõe-se com incrível majestade: a criança torna-se um herói, a virgem das mãos cheias de flores causa espanto pela sua coragem viril!”(3)
Com sua indomável força de alma, essa santa-cruzado é exemplo de vida, modelo do católico combatente, razão pela qual devemos recorrer à sua proteção. Tenhamos a certeza de que nos atenderá, pois ela mesma manifestou: “O que me impulsiona a ir para o Céu é o pensamento de poder acender no amor de Deus uma multidão de almas que o louvarão eternamente.” Ademais, prometeu: “Vou passar meu Céu fazendo o bem na Terra”. E ainda: “Depois de minha morte, farei cair uma chuva de rosas.”
Então, peçamos com confiança e seremos beneficiados por essa prodigiosa chuva de favores e graças, para nós e nossas famílias, para a Santa Igreja e o Brasil — neste momento tão trágico em que vivemos.
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Notas:
1. Manuscritos Autobiográficos. Carmelo do Imaculado Coração de Maria e Santa Teresinha, Cotia, SP, 2ª. edição, 1960, p. 244.
2. L’Esprit de Ia Bienheureuse Thérese de l’Enfant-Jésus d’apres ses écrits. Office Central de Lisieux, 1924, p. VIII.
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