António
Guterres, aclamado esta quinta-feira como novo Secretário-Geral das
Nações Unidas, comprometeu-se a ser um "construtor de pontes"
e a estar "ao serviço de todos da mesma forma". As portas
do meu gabinete estarão sempre abertas", garantiu.
"É
com gratidão e humildade e com grande sentido de responsabilidade
que me apresento hoje", afirmou o novo Secretário-Geral das
Nações Unidas, António Guterres, na sua primeira declaração após
ser aclamado pela Assembleia-geral da ONU.
Guterres
disse à Assembleia que quando tomou conhecimento da sua recomendação
pelo Conselho de Segurança recebeu a notícia com "humildade e
gratidão", à qual acresce agora um "sentido de
responsabilidade".
"O
verdadeiro vencedor hoje é a credibilidade das Nações Unidas",
disse o ex-primeiro-ministro português, salientando a transparência
do processo de candidatura. "Enquanto Secretário-Geral devo
estar ao serviço de todos da mesma forma", salientou,
acrescentando que a sua única missão "é fazer vigorar a Carta
das Nações Unidas".
Guterres
disse ainda que está "ciente dos desafios que se colocam"
às Nações Unidas e as "limitações do cargo" que vai
ocupar. Pelo que isto deve "inspirar uma abordagem humilde".
"Serei um construtor de pontes", prometeu. "As portas
do meu gabinete estarão sempre abertas", acrescentou.
Guterres
não deixou de salientar que a "promoção da dignidade humana"
deve estar no centro da ação das Nações Unidas. A par desta
prioridade está também a da promoção da igualdade de género.
"Acredito
nas Nações Unidas", disse por a ONU "acredita nos valores
fundamentais".
Guterres
instou ainda a que fosse quebrada a ligação entre terrorismo e
xenofobia e que se promovesse a paz no mundo. "Sem paz a vida é
vazia de sentido" e a paz, a nível mundial, é escassa,
lamentou.
O
discurso terminou uma saudação a Ban Ki-moon e um agradecimento aos
"incansáveis soldados da paz".
Em
conferência de imprensa após a aclamação, António Guterres,
afirmou, em Nova Iorque, que quer ser um "mediador honesto"
na comunidade internacional.
"Farei
o meu melhor nestes dois meses e meio para me preparar, conhecer os
problemas e as divisões, para poder atuar como um mediador honesto,
alguém que tenta reunir as pessoas para perceber quais são as
diferenças e, mais importante, como se podem unir", disse
Guterres aos jornalistas.
Questionado
sobre o conflito na Síria, que é apontado como o seu primeiro
grande desafio, o português disse que sente "uma grande
solidariedade para com o povo sírio". "Fui Alto Comissário
para os Refugiados e vi os sírios abrirem as suas fronteiras, as
portas das suas casas e dos seus corações para milhões de
refugiados que entravam. Ver o povo sírio a sofrer tanto é algo que
absolutamente parte o meu coração", disse.
"O
que posso dizer é que darei o meu melhor para servir a causa da paz
para o povo sírio, mas agora, existe um secretário-geral da ONU a
trabalhar para isso. Testemunho também o facto de que os países
chave vão encontrar-se de novo e tentar avançar", disse,
explicando que "é uma obrigação moral" de todos "parar
o sofrimento do povo sírio".
António
Guterres, que acabara de discursar em inglês, espanhol e francês,
disse estar "profundamente comovido com a unidade e o consenso"
mostrados pela Assembleia Geral e pelo Conselho de Segurança no
processo que levou à sua indicação.
"Espero
que esta unidade e consenso sejam simbólicos de que os organismos da
ONU e a comunidade internacional como um todo são capazes de
enfrentar os desafios de hoje e capazes de tomar atempadamente as
decisões necessárias para fomentar a paz, terminar conflitos e
criar as condições para que os direitos humanos sejam uma realidade
para todos", disse o próximo secretário-geral.
Questionado
sobre outros conflitos, António Guterres reafirmou o seu compromisso
em ser um mediador para atingir soluções e alertou para os riscos
que a falta de ação representa.
Os
193 países membros das Nações Unidas ratificaram hoje em
Assembleia-geral, por aclamação, a escolha de António Guterres
para liderar a organização, feita em 5 de outubro pelo Conselho de
Segurança, o principal órgão decisório da ONU.
António
Guterres, antigo primeiro-ministro de Portugal e ex-alto-comissário
das Nações Unidas para os Refugiados, será, a partir de 1 de
janeiro de 2017, o 9.º secretário-geral da ONU, com um mandato de
cinco anos, sucedendo ao coreano Ban Ki-moon.
Fonte:sapo24
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