Escrevamos
claro. A queda do preço do petróleo colocou a nu a incompetência
do Governo de José Eduardo dos Santos e impossibilitou que este
continuasse a pagar a uma série de políticos, empresários e
relações públicas portugueses (e de outras nacionalidades) para
apresentarem ao mundo uma falsa imagem de prosperidade de Angola.
Todos ainda se lembrarão da reportagem transmitida pela estação de
televisão lisboeta TVI, assinada
pelo jornalista Vítor Bandarra que
exaltava, em termos surreais e espampanantes, o progresso angolano.
Isto passava-se no início de 2014.
Não
admira que já não seja possível fazer esse tipo de reportagens de
marketing. Há três dias, a SIC transmitiu
a reportagem “Angola
um país rico com 20 milhões de pobres“,
retratando o oposto da TVI.
O
governo, fiel a si próprio, reagiu rapidamente. Um dos elementos da
contestação oficial da peça foi a negação das estatísticas
apresentadas. Essa argumentação é ridícula. Quem se der ao
trabalho de as ler, vê que são demolidoras para o governo (e
infelizmente para o povo). Este governo conseguiu transformar um país
rico, num país de gente paupérrima. Conseguiu colocar Angola na
cauda do mundo. Com tanta riqueza, a má-gestão e o saque do governo
de José Eduardo dos Santos são obras de grande envergadura e um
exemplo para qualquer Manual de Economia: “Como empobrecer um país
rico”. Este será o título do estudo do caso Angolano. A guerra
não é desculpa, porque não impediu o enriquecimento ilícito dos
dirigentes e seus familiares, assim como dos seus servidores
nacionais e estrangeiros.
Para
quem tiver paciência aqui vão as estatísticas. As fontes são
os Relatórios
de Desenvolvimento Humano da ONU;
os Dados
sobre Angola do Banco Mundial;
as Estatísticas
sobre Angola do Unicef.
Em
termos de Desenvolvimento Humano, Angola é o 149.º país de um
total de 188 países. Está, por isso, no final da lista. Angola é
um país de desenvolvimento humano baixo, a pior classificação em
quatro níveis: desenvolvimento muito alto; desenvolvimento alto;
desenvolvimento médio e desenvolvimento baixo. O país está na
companhia da Birmânia, Suazilândia, Zimbabwe, entre outros.
A
esperança de vida à nascença é de 52 anos. Angola encontra-se
entre os 10 países piores do mundo, em que as pessoas morrem mais
cedo. Os seus iguais são o Afeganistão, a Somália, o Chade, a
República Centro Africana, entre outros.
A
taxa de mortalidade infantil é de 101 bebés em 1000 nascimentos.
Isto quer dizer que é uma taxa superior a 10 porcento. Angola é,
também, dos 10 países do mundo em que morrem mais bebés durante o
nascimento. As mortes até aos cinco anos são de 167,4 por 1000:
superior a 16 porcento. É a mesma situação desoladora – na cauda
do mundo.
O
abandono escolar, ao nível do ensino primário, é de 68.71
porcento. Este número é catastrófico. Da nova geração de
angolanos, apenas 30 porcento superam o ensino primário, mantendo-se
a larga massa numa situação de quase analfabetismo, pois o abandono
escolar implica também que as crianças se vão esquecendo do que
aprendem. Não pode haver progresso sem educação básica sólida.
Por
um lado, a falta de educação em Angola tem como consequência
gravosa o seu controlo contínuo por uma pequena elite dedicada ao
roubo do erário público e à opressão do povo. Por outro, o país
é dependente dos estrangeiros para o seu crescimento. O falhanço na
educação é terrível para as pessoas concretas, para a
prosperidade do país e, em última análise, para a independência e
orgulho nacionais.
Em
termos de pobreza, as estatísticas apontam para 43.4 porcento da
população com menos de U$ 1,25 por dia. Quer isto dizer que vivem
com menos 38 dólares por mês ou € 35 em moeda europeia. E mesmo
na população trabalhadora 56.4% vive com menos de U$ 2,00. Isto
quer dizer que o trabalho e o emprego, não fazem sair a população
da pobreza, condenando assim uma massa enorme da população à falta
de esperança. Esta é a pior condenação.
Estas
são as estatísticas básicas e oficiais, de organismos
internacionais de que Angola faz parte. Portanto, não se percebe
como os arautos do governo, como o secretário de informação da
embaixada de Angola em Portugal, Estêvão Alberto, se atrevem a
falar em estatísticas. Elas estão aí, e são más.
São
de chorar, mas não adianta chorar.
Temos
enfrentar a verdade e mudar para melhor. Para isso, é fundamental
denunciar e condenar os dirigentes que roubam o povo angolano e os
mantêm na miséria.
É
fundamental denunciar e enfrentar os dirigentes e seus caudilhos que
se mostram insensíveis ao sofrimento dos angolanos. Estes julgam-se
superiores apenas porque têm muito dinheiro, estilos de vida
luxuriantes e exigem que Angola seja vista através das suas
extravagâncias e mentiras.
Fonte:makaangola
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