As
Aldeias de Crianças SOS lançaram hoje, em mais de 60 países, uma
campanha que alerta para o elevado número de crianças que crescem
sozinhas, sem cuidados parentais, um "grave problema" que
precisa de ser combatido.
Dados
da organização indicam que uma em cada dez crianças vive sem os
cuidados de uma mãe ou de um pai: existem dois mil milhões de
crianças em todo o mundo, estimando-se que, destas, 220 milhões
estejam a crescer sozinhas.
Aludindo
à situação em Portugal, a associação refere, em comunicado, que,
em 2015, foram retiradas 8.600 crianças às suas famílias, mais 130
que no ano anterior.
Além
destes casos, "milhões de outras crianças em todo o mundo
estão em risco de perder os cuidados parentais, devido a fatores de
risco como a pobreza (49% dos casos), problemas de saúde de um dos
progenitores e outros fatores", sublinha a organização no
comunicado enviado à agência Lusa.
Para
combater este "grave problema", a organização lançou
hoje, Dia Internacional da Convenção dos Direitos da Criança, a
campanha internacional, que tem como mote "Nenhuma criança deve
crescer sozinha".
"Algumas
crianças são abandonadas pelos pais, outras rejeitadas pelas suas
comunidades e outras ainda negligenciadas pelos Estados. Se os
direitos e necessidades de uma criança não são assegurados, então
a criança está sozinha", alerta.
As
Aldeias de Crianças SOS acreditam que "todas as crianças e
jovens necessitam de um ambiente familiar acolhedor e protetor e de
uma comunidade de apoio que valorize e potencie os seus talentos e
competências, que as respeite enquanto pessoas e que as eduque
visando a sua integração social positiva".
Em
2015, a organização ajudou, nos 134 países onde está presente,
mais de 553.000 crianças. Em Portugal, já cresceram mais de 500
pessoas nas três Aldeias SOS, nos últimos 50 anos.
Atualmente,
estão acolhidas, em Portugal, cerca de 120 crianças, em 17 casas,
entre as quais existem 28 fratrias, e com média de idades de 14
anos.
A
taxa de sucesso escolar das crianças e jovens acolhidas em Portugal
é de 88%, estando 92% a frequentar a escola e 7% em busca de emprego
ou já a trabalhar, segundo dados da associação, que tem como
missão "cuidar, em família, de crianças desprotegidas,
ajudando-as a moldar o seu futuro, desenvolvendo e inserindo-se
positivamente em comunidade".
A
mensagem de alerta e sensibilização da organização é transmitida
através de um vídeo que apela a uma ação conjunta, porque, como
dizia o fundador das Aldeias de Crianças SOS, Hermman Gmeiner,
"todas as crianças são nossas crianças".
"Quando
uma criança ou jovem que está sozinho recebe o cuidado e apoio que
necessita e a que tem direito, ela deixa de estar sozinho, e essa
mudança é visível -- nos seus olhos, sorriso, atividades,
resiliência e no desenvolvimento da sua vida", salientam as
Aldeias SOS.
Lusa
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