segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

DEPOIS DE PERDER A FILHA, MATEMÁTICO CRIA ROBÔ QUE DETECTA INFECÇÕES GRAVES


 
Um pai conseguiu transformar a sua dor em tecnologia para salvar outras pessoas – e criou Laura, o Algoritmo da Vida.
O analista de sistemas brasileiro Jacson Fressato, de 37 anos, criou um robô inteligente que identifica pacientes com estado de infecção generalizada, ou sepsis – que em 2010 causou a morte da sua filha, com apenas 18 dias de vida.
A máquina reconhece sinais de alerta, como alterações na temperatura e nos parâmetros sanguíneos, identifica os quadros de risco e avisa a equipa médica através de monitores em postos de enfermagem.
Usando inteligência artificial, o programa “aprendeu” a identificar sinais da doença, cruzando normas de protocolos internacionais e o histórico clínico de 7.000 pacientes internados no hospital em 2016.
Para criar o robô, Fressato teve que realizar dinheiro: vendeu a casa, o carro, enclausurou-se durante 4 anos e investiu quase 300 mil euros, com ajuda de um investidor.
O sistema, incluindo a instalação e o treino de pessoal, custa cerca de 12 mil euros.
Baptizado de Laura, o robô é uma homenagem à filha de Fressato. Laura morreu em 2010, e Fressatto fez a promessa de fazer alguma coisa para ajudar a evitar outras mortes.
“O pior, não é deixar um filho a dormir no seu túmulo, o pior é pôr uma mãe a dormir à noite” diz o analista, emocionando-se.
“Eu sempre me imaginei com esposa, filhos, casa, o pacote completo. Não pude ter nada disso. Mas, se eu só me lamentasse, estaria perdido”, disse o analista, em entrevista à Folha de S. Paulo.
“Agora, temos um robô, que é igual à sepsis, que é tão invisível como a sepsis, que tem a mesma capacidade que a sepsis – mas que em vez de se deixar surpreender pela sepsis, é ele que surpreende a sepsis, é ele que surpreende os que não estão a ver os riscos que o paciente está a correr”, explica Fressato.
Mais de 600 brasileiros morrem diariamente devido à doença, segundo um levantamento do Instituto Latino-Americano da Sepsis.
“Estudos mostram que, por cada hora sem tratamento, o paciente com sepsis tem mais 8% de probabilidade de morrer”, diz a infectologista Viviane Dias.
O robô está há apenas dois meses no Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba, no Paraná, e neste período já reduziu a um terço os casos de sepsis grave: até setembro deste ano, a média foi de 1,5 casos por mês. Depois de Laura, a taxa caiu para 0,5 casos mensais.
Para todos os efeitos, Laura é o Algoritmo da Vida.

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