sábado, 24 de dezembro de 2016

EXÉRCITO SÍRIO RETOMA CONTROLO TOTAL DE ALEPPO


 
Zouhir Al Shimale / EPA
Bombardeamento em Aleppo, Síria
Bombardeamento em Aleppo, Síria
O regime sírio retomou esta quinta-feira o controlo total de Aleppo, garantindo a sua mais importante vitória face aos rebeldes desde o início da guerra em 2011.
“Graças ao sangue dos nossos mártires e aos sacrifícios das nossas valorosas forças armadas e ainda das forças suplementares e aliados (…) o comando geral das forças armadas anuncia o regresso da segurança a Aleppo após a sua libertação do terrorismo e dos terroristas e a retirada dos que ainda permaneciam”, anunciou um comunicado militar.
“Esta vitória representa uma viragem estratégica (…) na guerra contra o terrorismo (…), sublinha a capacidade do exército sírio e seus aliados em vencer a batalha contra os grupos terroristas e fornece as bases de uma nova fase para expulsar o terrorismo de todo o território da República árabe síria”, indica ainda o texto.
O anúncio surge após a retirada da última coluna de rebeldes e de civis do leste da cidade, ex-bastião rebelde da metrópole e que caiu um mês após uma violenta campanha de bombardeamentos aéreos e terrestres.
O exército sírio e o Hezbollah xiita libanês (aliado do regime de Damasco) “deslocaram-se para a última bolsa controlada pela rebelião, e onde deverão intervir as equipas de desminagem”, informou por sua vez o diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahmane.
Damasco partilha esta vitória com os seus aliados de peso, a Rússia, que intervém militarmente na Síria desde setembro de 2015, e o Irão.
Em contrapartida, a retomada de Aleppo constitui uma derrota para os aliados da oposição, para as monarquias do Golfo, a Turquia e os países ocidentais, que encaravam os rebeldes como uma alternativa ao regime sírio, no poder há meio século.
Ao perder o seu bastião, que se tornou num campo de ruínas devido aos violentos bombardeamentos, a rebelião regista o seu pior revés desde o início da guerra.

Cruz Vermelha confirma fim da evacuação

O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) confirmou esta sexta-feira o fim da operação de retirada de civis e combatentes do leste da cidade síria de Aleppo, de onde saíram 35 mil pessoas, segundo os seus registos.
A operação foi concluída esta noite e entre as pessoas retiradas há 100 feridos e doentes graves, segundo um comunicado do CICV.
Estas pessoas foram retiradas com a ajuda do Comité Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho Sírio (SARC) e levadas para zonas rurais da província de Aleppo.
“A nossa prioridade, além de ajudar os mais vulneráveis, foi garantir que os civis saíam por sua livre vontade”, disse a diretora da delegação do Comité Internacional da Cruz Vermelha, Marianne Gasser.
“Há comunidades cujos bairros foram devastados pela violência e famílias que lutaram durante meses para encontrar segurança, alimentação, assistência médica e um refúgio adequado. Eles pareciam desesperados para sair, embora a situação fosse extremamente dolorosa e confusa”, acrescentou.
Devido às baixas temperaturas, as pessoas começaram a queimar tudo o que encontravam, incluindo mantas e roupas, para se aquecerem enquanto esperavam, acrescentou o comunicado.
O texto refere que a retirada, iniciada na quinta-feira, esteve bloqueada várias vezes devido às negociações entre as diferentes partes no terreno e que esteve ligada a uma operação similar nas localidades de Fua e Kefraya, na província vizinha de Idleb.
Um total de 1.200 pessoas destas localidades, a maioria mulheres, menores e idosos, foram retiradas “temporariamente” em direção a Aleppo, indicou o Comité Internacional da Cruz Vermelha.
“Os civis que, como estes milhares de famílias de Aleppo, Fua e Kefraya, decidiram sair devem poder voltar às suas casas quando quiserem“, considerou Gasser, já que, na sua opinião, muitos vão querer voltar um dia.
O Internacional da Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho Sírio não participam nas negociações entre as partes, mas foi-lhes solicitado que atuassem como intermediários “humanitários neutros” para implementar o acordo de retirada.
ZAP // Lusa

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