A operação de retirada de civis e combatentes da oposição em Alepo foi novamente suspensa, disse à France Presse uma fonte governamental, acusando os rebeldes de violação do acordo.
“A operação de evacuação foi suspensa porque as forças da oposição falharam, ao não respeitarem as condições do acordo”, disse uma fonte do governo à AFP.
Segundo a televisão estatal síria, os combatentes tentaram levar armas e prisioneiros consigo durante a evacuação. Um repórter da agência Reuters também relatou que foram ouvidas quatro explosões junto ao local de partida dos autocarros encarregues de levar as pessoas até Idlib.
Esta quinta-feira, cerca de oito mil pessoas conseguiram deixar a cidade e, de acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos, desse número, três mil são rebeldes e cerca de 360 são feridos e doentes. No entanto, a ONU recorda que cerca de 50 mil pessoas ainda estão encurraladas no leste da cidade síria.
Ontem, Bashar al-Assad publicou um vídeo no Facebook, no qual se congratulava pela vitória das suas tropas e felicitou os sírios pela “libertação” da cidade.
“Com a libertação de Aleppo, a situação mudou não apenas para a Síria, não apenas para a região, mas para todo o mundo”, refere, citado pela France Presse, que adianta que o presidente falava com um sorriso nos lábios.
“O que se passa hoje é História que todos os cidadãos sírios estão a escrever”, acrescentou no vídeo, que parece ter sido filmado com o telemóvel.
Por seu lado, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, acusou Assad de fazer “um massacre” em Aleppo. Em Bruxelas, ao lado do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, o presidente da câmara da cidade síria acusou a comunidade internacional de ignorar os “crimes e assassinatos”.
“Do que estamos à espera é de atos em vez de palavras, porque as crianças de Aleppo gritam e esperam por serem resgatadas. Apelamos a toda a comunidade internacional para as resgatarem”, disse Brita Haj Hassan.
Para esta tarde está marcada uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU para discutir a situação e formas de prolongar o cessar-fogo.
O Presidente francês, François Hollande, anunciou esta sexta-feira que a França vai apresentar uma resolução “humanitária” sobre a Síria no Conselho de Segurança, descartando a possibilidade de veto por parte da Rússia.
A perda de Aleppo, o principal bastião e símbolo da revolta na Síria, marcará o fim da rebelião nesta cidade, cuja a zona oriental os rebeldes conquistaram em 2012. Representa também a mais importante vitória do Governo de Assad desde o início da guerra civil.
Mas são sobretudo os civis as vítimas deste conflito: centenas já morreram e quase 130 mil fugiram da cidade desde o início da ofensiva pró-regime, lançada a 15 de novembro para retomar a totalidade da cidade.
ZAP / Lusa
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