Chama-se Niloofar Rahmani, tem 25 anos, foi a primeira mulher piloto na Força Aérea do Afeganistão, e já foi apelidada de “Top Gun” afegã.
Rahmani nasceu em Kabul, capital do Afeganistão. Aos 8 anos, já sabia que queria ser piloto. “Desde pequena, quando via um pássaro no céu, eu queria pilotar um avião”, conta à AFP.
Aos 19 anos, alistou-se num programa de treino da força aérea afegã, mas escondeu-o dos pais parentes, que acreditam que uma mulher “não deve estar no mundo fora de casa”.
Dois anos depois, tornou-se a primeira mulher piloto de asa fixa na história do Afeganistão, e a primeira mulher piloto do país desde a queda do regime taliban.
Em 2015, Rahmani e outras nove mulheres inspiradoras de todo o mundo foram premiadas com o International Women of Courage Award.
Agora, Niloofar Rahmani é motivo de um intenso debate no Afeganistão sobre insegurança e direitos das mulheres.
Depois de 15 meses nos Estados Unidos em formação, a capitã Rahmani tinha regresso marcado ao país de origem para sábado passado.
Mas a “Top Gun” afegã decidiu não regressar.
Em entrevista ao New York Times, Rahmani revelou ameaças de morte que diz ter recebido, dirigidas quer a si quer à sua família, e contou que se sentiu tratada com desprezo e sexismo na Força Aérea afegã.
Por isso, diz Rahmani, pediu asilo político aos Estados Unidos.
A onda de críticas foi imediata. Um porta voz do ministério da defesa afegão falou em traição, exigindo que a piloto regresse ao país – um Afeganistão fortemente conservador, de onde muitos jovens adultos tem saído.
“O que ela disse nos Estados Unidos foi irresponsável e inesperado. Ela deveria ser um modelo para outras jovens afegãs”, criticou o porta-voz do ministério da Defesa, Mohammad Radmanesh, em declarações à AFP. “Ela traiu seu país. É uma vergonha”.
“Tenho certeza que ela estava a mentir quando disse que estava a ser ameaçada, só para conseguir asilo”, acrescentou Radmanish.
Em 2013, após fortes ameaças, supostamente dos taliban, Rahmani teve que deixar o país durante dois meses. Em entrevista à AFP o ano passado, Rahmani contava que já não podia fazer coisas simples, como andar na rua e ir às compras, e que se sentia como se toda a sua liberdade tivesse desaparecido.
Nas redes sociais, no Afeganistão e um pouco por todo o mundo, Rahmani tem recebido mensagens de apoio.
E há mesmo quem diga a jovem piloto mostrou mais ainda mais coragem no dia em que “contou a verdade” do que quando decidiu que queria voar.
ZAP // Euronews
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