Por causa da quebra do preço do petróleo, o ano em Angola foi marcado pela falta de divisas e pela subida de preços de produtos básicos. Angolanos ouvidos pela DW África esperam agora mudanças económicas e sociais.
Muitos angolanos já não querem falar sobre os acontecimentos de 2016. Angola tem sido assolada por uma crise económica e financeira resultante da queda de preço do petróleo no mercado internacional. Por isso, o ano ficou marcado pela falta de divisas para importar produtos. E os preços de alimentos básicos, como o arroz, continuam altos.
Cidadãos como Domingos Simão só querem pensar agora no ano de 2017. Esperam mudanças e diversificação das receitas do Estado. "Angola, enquanto colónia de Portugal, usava mais o campo. Hoje, Angola já não produz café, algodão, batata. Não produz nada para o consumo interno", lamenta Domingos Simão. "É com os dólares que se compra tudo para comer. E hoje esses dólares não estão a aparecer", acrescenta.
Gaspar Fernandes é outro angolano que pede mudanças. Espera, por exemplo, que os programas nacionais do Governo de Luanda sejam inclusivos. Ou seja, que sejam prestados serviços públicos sem se olhar à filiação partidária.
"Esperamos que isso não volte a acontecer, porque Angola é de todos e todos nós sonhamos e queremos uma Angola melhor", sublinha Gaspar Fernandes. Explica que para que Angola seja melhor é necessário "o esforço de todos" e "inclusão de todos" para que se consiga "uma Angola diferente e melhor" que "marque passos para o desenvolvimento".
Ano de eleições
O país vai a eleições em 2017. A primeira fase do registo eleitoral terminou a 20 de dezembro e a segunda arranca a 5 de janeiro. Desde terça-feira (27.12) realiza-se em todas as capitais provinciais do país aquilo a que o Governo chama de "Campanha Especial de Registo".
O objectivo é cadastrar os cidadãos angolanos residentes no estrangeiro, que estão a passar a quadra festiva em Angola. Benedito Daniel, do Partido de Renovação Social (PRS), diz que o assunto levanta interrogações. "Terão a mesma possibilidade de, em agosto, virem votar em Angola?", pergunta, lembrando que a atual lei omite a eleição dos três deputados no círculo do exterior.
A oposição angolana queixou-se sempre de falta de transparência nas eleições em Angola. O líder parlamentar do PRS espera que as eleições do próximo ano sejam "livres e justas". Mas é preciso "começar a trabalhar agora", frisa.
Lei de 2012
O Parlamento angolano aprovou, este mês, um projeto de resolução que prevê que as eleições gerais marcadas para agosto de 2017 sejam reguladas pela lei que coordenou as de 2012. O documento foi aprovado com os votos favoráveis do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder), da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e com os votos contra das bancadas parlamentares da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE) e do Partido de Renovação Social (PRS).
Em declarações à imprensa, Isaías Samakuva, presidente da UNITA, o maior partido da oposição, justificou o voto favorável do seu partido alegando que a lei de 2017 reúne melhores condições que a proposta do MPLA.
"O MPLA veio com uma proposta muito feia que previa, por exemplo, uma votação antecipada, de dias, de militares, polícias, pessoal da saúde. Nas nossas contas, aqueles que votariam antecipadamente iriam acima de um milhão e quinhentos mil cidadãos", explicou Samakuva.
Manuel Luamba (Luanda) – Deutsche Welle
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